Crítica

GLOW: segunda temporada traz o nocaute que faltava

No ano passado, a Netflix entregou uma primeira temporada medíocre de GLOW. A série tinha o…

No ano passado, a Netflix entregou uma primeira temporada medíocre de GLOW. A série tinha o seu charme e muito potencial além de um elenco estelar e de basear em fatos reais fascinantes por si só. Tudo foi desperdiçado ou mal aproveitado em uma trama truncada, esburacada e muito, muito lenta. Seus dois fatores centrais – a luta livre e a comédia – estavam praticamente ausentes.

Felizmente, este não é o caso da segunda temporada. GLOW retornou digna de maratona com 10 novos episódios que tem toda a ligeireza que faltou à temporada anterior e que deixa muito do melodrama de lado em prol de uma história mais contida, redonda e direta. O elenco continua de primeira e com um roteiro mais focado a série consegue cumprir sem problemas aquilo que propõe.

A série retoma pouco depois de onde parou: Ruth (Alison Brie) e suas colegas de luta livre continuam empregadas graças a uma pequena rede de TV local. Sam Sylvia (Marc Maron) o instável diretor precisa lidar com a responsabilidade de ter um sucesso nas mãos e uma filha adolescente, e Debbie (Betty Gilpin) precisa lidar com seu divórcio irremediável e seus próprios sentimentos de fracasso e inadequação.

A segunda temporada não tenta se desdobrar demais entre suas várias personagens. Algumas possuem micro arcos, outras não tem arco algum e ficam confortavelmente na posição de personagens de apoio.

A parte suculenta está toda em Sam, Ruth, Debbie e, dessa vez, ainda mais no produtor inepto Bash (Chris Lowell) que precisa crescer e lidar com problemas reais. Como na temporada passada, o tema principal acaba sendo o amadurecimento e os repetidos fracassos e rasteiras da vida, mas GLOW dessa vez consegue ser uma série até otimista e muito acessível, ao contrário de sua temporada anterior que era um tanto pra baixo.

Brie, Maron e Gilpin roubam a cena novamente, se destacando com facilidade como os melhores atores em cena e capazes de dar mais dimensões aos seus personagens relativamente simples. Sheila the She-Wolf (Gayle Rankin) e Cherry Bang (Sydelle Noel) não têm uma participação tão relevante quanto no ano passado, mas continuam cumprindo seu papel.

Mas nem tudo é só comédia: sem cair no exagero ou perder o tom, a série também aproveita para tocar em temas sensíveis, especialmente no machismo. Os “testes do sofá” e abusos sexuais cometidos por produtores são abordados embora não se desenvolva muito além disso e os primeiros fantasmas da epidemia da AIDS e a homofobia galopante do final dos anos 1980 começam a mostrar suas caras feias, claramente dando indícios de um foco maior na terceira temporada.

E se na primeira temporada faltavam lutas, este não é o caso aqui. Quase todos os episódios apresentam pelo menos um confronto, todos eles divertidos. O maior de todos, porém, guardado para o season finale, supera os demais e é ainda melhor do que o embate final da primeira temporada. É quase impossível não sair dessa temporada de GLOW não querendo assistir luta livre.