CRÍTICA

Lançado com o PS5, remake de Demon’s Souls é tudo que promete

Tive acesso ao PlayStation 3 em 2010. Mesmo ano em que comprei o jogo Demon’s…

Lançado com PS5, remake de Demon's Souls é tudo que promete
Lançado com PS5, remake de Demon's Souls é tudo que promete

Tive acesso ao PlayStation 3 em 2010. Mesmo ano em que comprei o jogo Demon’s Souls, exclusivo do console desenvolvido pela From Software, em 2009. De cara, a dificuldade do game me assustou. Estava acostumado com “hack ‘n slashes”, como os antigos God of War, não uma RPG de fantasia medieval com pitadas de terror e extremamente punitivo a cada passo errado.

Ali não tem aquela história de se cercar de inimigos e sair “matando”. É preciso estratégia, conhecer o mapa, os adversários e o próprio personagem – como todo bom RPG, diversas classes estão disponíveis, como cavaleiros, magos, clérigos e mais.

Estas classes, na verdade, não são definitivas. É possível distribuir como bem quiser os pontos de atributos, enquanto passa de nível. Assim, um cavaleiro pode ser tornar um mago em algumas dezenas de níveis. Mas por que falar de um jogo de mais de 11 anos? Simples, ele teve um remake (não é remaster) lançado exclusivamente (e deliciosamente) para PlayStation 5 junto com o console da Sony, neste mês. E que obra prima.

Dark Souls, clássico da From Software, é conhecido como sucessor espiritual de Demon’s Souls.

Lançamento e história

No Brasil, o console da Sony foi lançado em 19 de novembro, assim como o game. Tive acesso ao PS5 na sexta (20) e ao jogo,w no sábado (21), então não deu para jogar muito. Contudo, apesar dos anos sem praticar, eu ainda tinha lembranças de algumas armadilhas e inimigos, o que foi suficiente para garantir uma progressão digna nas cerca de 5h30 que joguei em quase três dias.

Mas vamos à história. Eu poderia simplesmente soltar a sinopse, porém deixo aqui minhas experiências: no princípio, os homens conseguiam manipular as almas para realizar grandes feitos (magias e milagres), mas isto despertou um ser ancião, que liberou um névoa sobre o mundo, que trouxe consigo uma horda de demônios que devoravam as almas da população. Divindades conhecidas como “monumentais” conseguiram selar esse demônio ancestral e conter a névoa.

Contudo – e sempre tem um contudo – um rei buscando mais prosperidade para o próprio reino, Boletaria, voltou a manipular as almas. O resultado foi o novo despertar do ancião. É onde somos jogados. Só existe um “monumental”, que depende da sua ajuda para selar, ou não, a criatura, e acabar, mais uma vez, com a névoa que não para de se expandir – lenta, mas constantemente.

Dito, isso, muitos adentram a névoa que envolve o reino de Boletaria. Quando um demônio devora uma alma humana, a dele próprio se modifica e quem conseguir possui-la terá acesso a grandes poderes.

Já os que perderam as almas ficam loucos. Os heróis, escolhidos pelo “monumental”, se tornam etéreos quando morrem uma vez e fantasmas negros, loucos, se morrem na primeira forma fantasmagórica – o que não vale para o jogador, que vai morrer muitas e muitas vezes.

Jogabilidade

O jogo é online. Disponível para até seis pessoas. Quando se está na forma fantasmagórica é possível ir ao mundo de outros jogadores para ajudá-los ou invadi-los como fantasma negro e tentar matá-los.

É possível ter até três aliados e dois invasores – estes últimos não são atacados pelos inimigos, o que torna a já difícil jornada ainda mais desafiadora. Quando você morre uma vez, você perde as suas almas, mas pode recuperá-las no local do óbito. Na segunda morte consecutiva, elas somem para sempre e você precisará coletar novamente para passar de nível e melhorar os atributos que ainda não tinha avançado.

O game conta com um tutorial, que já é bem difícil e tem um boss (chefe de área) que poucos matam. Perdendo ali, você para um local chamados Nexus, um porto seguro onde outros personagens não-jogáveis se reúnem, como vendedores, magos, clérigos e até armazenadores – detalhe, você tem limite de equipamentos para carregar, então tem que ficar guardando no armazém do Nexus.

Do Nexus, você pode se deslocar para cinco mapas: Palácio de Boletaria (quatro chefes); Túnel de Stonefang (três chefes); Torre de Latria (três chefes); Condado das Tempestades (três chefes); e Vale da Perdição (três chefes). São longos e para os novatos, a conclusão do jogo deve levar cerca de 60 horas (já experientes talvez não gastem 20h).

Ah, também é preciso dizer que o sistema de tendências (do protagonista e do mundo está mais bem explicado). Este pode deixar a aventura mais ou menos desafiadora, além de liberar ou não aventuras, personagens e locais extras. Outra coisa: o loading é muito, mas muito rápido.

Equipamentos

Cada personagem é único, bem como suas armas e armaduras. O cavaleiro aguenta “pancada”, mas é lento. A cada “rolagem”, uma vida para se levantar. Os ladinos tem ataques fortes por trás.

Porém, o jogo que já é difícil pode ficar ainda mais complicado. Basta jogar de clérigo. A categoria, acredito, é a pior do game. Por outro lado, o mago é o modo “fácil”. As magias são muito poderosas, rápidas e recuperáveis. Portanto, se a aventura estiver muito difícil, tente as feitiçarias.

Há, ainda, aneis, itens consumíveis e minérios variados para melhorar armas e escudos. Nessa nova edição, foram implementadas mais armaduras e armas, o que foi um ponto bastante positivo. Já localizaram, também, uma porta que só abre no “New Game+”, ou seja, depois de terminar o jogo uma vez.

Ressalta-se que o jogo ficou bem fiel ao que era. Mas foi completamente refeito do zero em gráficos. A criação de personagens, agora, é ótima – em quase todos os jogos da From Software, essa parte é terrível. Os personagens agora mexem a boca quando falam, o gráfico está realmente muito bonito.

Mas nem tudo são flores. Um sexto mapa ficou de fora do Demon’s Souls de PS3 e muitos fãs esperavam que este fosse incluído na nova versão. Não foi. A BluePoint – mesma responsável pelo lindo remake de Shadow of the Colossus – preferiu não alterar nada tão grandioso na experiência original – a From Software não se envolveu no projeto, que é da Sony.

Trilha sonora e efeitos

Os efeitos estão lindos. E controle do PS5 é uma verdadeira obra-prima de se ter em mãos. Apesar de o jogo não explorar tanto os recursos e manter os mesmos comandos, dá para sentir algumas interações maiores graças ao joystick Dual Sense.

A música também ganhou ares de orquestra, como vimos em outros títulos da From Software, como o já clássico Bloodborne, de PS4. Já ouvi toda a trilha e só posso dizer que é quase memorável – o saudosismo me fez não curtir tanto a alteração no tema de um dos meus chefes favoritos de toda a saga “Souls” – como são conhecidos os games Demon’s Souls, Dark Souls 1, 2 e 3. Mas aqui o problema sou eu, admito.

Inclusive, eu ainda não vi todos os chefes, mas gostei dos que vi. Alguns tem movimentações novas e o nível de detalhes está ótimo também.

É preciso dizer, sobretudo, que este é o primeiro jogo do PS5. Posteriormente, o gráfico pode até ficar datado, visto que o começo de uma geração não é tão distante do fim da anterior. Ainda assim, a jogabilidade é nostálgica, o game bem executado (a câmera – AINDA BEM – melhorou) e a dificuldade está lá – o excesso de cautela vai continuar para muitos, que não querem morrer aos montes.

Para quem não jogou, não quero dar spoiler, mas tenho que dizer: QUE ALEGRIA VER O SACANA DO PATCHES, O HIENA, mexendo a boca enquanto fala e todo “malandrão”. O game Demon’s Souls, claro, tem legendas e dublagem em português.

Então, preparado para entrar em Boletaria e caçar alguns demônios?

Trailer da versão de PS3, de 2009:

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