Crítica

Legion: super-heróis com cérebro

Desde o início, Legion parecia uma má ideia. Seria uma adaptação para a TV sobre…

Desde o início, Legion parecia uma má ideia. Seria uma adaptação para a TV sobre o personagem David Haller/Legião, um dos mutantes mais poderosos da história dos X-men.

Porém, o Legião foi vilão a maior parte de sua trajetória e sempre esteve soterrado sob toneladas de páginas de continuidade, linhas temporais e outros problemas típicos das HQs dos mutantes.

É com grande surpresa que posso lhes dizer que Legion é uma das melhores estreias do ano e que emplaca acerto atrás de acerto. Se você ficou decepcionado com Punho de Ferro, venha dar uma olhada nessa adaptação que não se deixou levar pelo conteúdo original e brilhou.

Sem mais delongas, a série conta a história de David Haller (Dan Stevens), um homem que passou a vida tomando remédios psiquiátricos pesados para esquizofrenia e que se vê internado em um hospital mental.

Tudo muda quando ele conhece a jovem Sydney Barret (sim, Syd Barret, tudo nesse seriado é viajado) e descobre que ela possui habilidades especiais. Logo depois ele acaba resgatado por uma sociedade secreta que lhe informa que ele não possui uma doença mental e sim poderes psíquicos poderosíssimos.

O primeiro elogio é técnico: a fotografia, cenografia, trilha sonora e montagem de Legion são incríveis. O seriado é verdadeiramente lisérgico, cheio de cortes e takes estranhos, cores vivas e um visual de faux-retrô que lembra os anos 1960.

Tudo isto confere uma pegada e visual únicos ao seriado que o diferenciam de tudo na TV agora e, especialmente, de todos os filmes dos X-men e de outros super-heróis.

Dan Stevens e Aubrey Plaza (Divulgação)

A série merece elogios também pelo roteiro. A trama dos primeiros oito episódios é boa e labiríntica e consegue casar uma tonelada de conteúdo original com pontos chave das HQs do personagem.

Um destes momentos é quando o antagonista principal é revelado e você pensa “Mas é claro!”, conseguindo fazer um excelente casamento entre novidade e o que já foi estabelecido pelos quadrinhos.

Outro ponto forte é que o seriado não recua de ser estranho nem cabeça. São pouquíssimas cenas de ação. Se fosse para comparar com outro filme de super-herói, diria que Legion se aproxima muito de Doutor Estranho, mas com um orçamento bem menor.

O plano astral está aqui, assim como poderes, habilidades e acontecimentos peculiares, mas não temos nada de mágica. A série também não enrola nem se afasta do poder de Legião, um dos maiores mutantes das HQs, e na verdade usa isso como um dos guias da série: como seria ser uma bomba atômica sem controle.

O seriado passa no teste F tendo diversas mulheres em papéis de destaque. A maior surpresa de todas elas, também em performance, está em Aubrey Plaza.

Ela vive Lenny, uma personagem que ganha muita, muita importância ao longo dos oito episódios e segura toda a bronca. Enfim, é difícil falar de Legion sem dar spoilers (é um desses seriados que cada episódio traz um tchan-tchan).

O que podemos recomendar é: assista e veja a Netflix e a CW finalmente terem um concorrente à altura no campo de super-heróis.