Música

Gloria Groove: “se você é visto ou tido como uma voz (para um grupo), porte-se como tal”

Neste sábado (22), Gloria Groove desembarca em Goiânia para mais um show. Como cantora, esta…

Neste sábado (22), Gloria Groove desembarca em Goiânia para mais um show. Como cantora, esta deve ser a terceira vez dela por aqui, mais uma vez na boate Roxy. “Minha leitura do público de Goiânia é que são pessoas muito simpáticas. Eles têm uma coisa diferente”, disse ela, em entrevista ao Mais Goiás. “A galera tá vestida para capa de revista e todo mundo vem para o show de verdade, com respeito e apreciação”, completa.

A drag queen trará uma apresentação totalmente repaginada à capital, diferente das anteriores. “Tá um show de festival”, garante Gloria. “Terá novas coreografias, novos breaks e um repertório reinventado. Além de eu levar um ballet pela primeira vez”, explica.

Gloria Groove ganhou notoriedade em meados de 2016 com a faixa Dona. Ela se diferencia das demais drags do mercado fonográfico brasileiro por ter um repertório que bebe mais na fonte da urban music (RnB, Hip Hop e Rap) que no EDM.

Apesar de já ser um fenômeno da nova safra de artistas pop da música brasileira, ela ainda não se vê como uma grande estrela. “Sabe a ficha? Ainda não caiu pra mim. E eu nem quero que caia”, brinca. Gloria Groove afirma que só tomou consciência do alcance de suas canções no Carnaval deste ano, quando o público cantou em massa um de seus hits mais recentes, Bumbum de Ouro. “Eu comecei a atingir um público maior e aconteceram coisas que eu sempre esperava, mas não imaginava quando aconteceriam”, conta, exemplificando com a sua estreia de seu clipe no Multishow.

Representatividade

Grande visibilidade atrai representatividade (e responsabilidade). As primeiras letras de Gloria Groove – do disco O Proceder – têm um cunho mais político e deixam claro o posicionamento da cantora no mercado e na sociedade.

“Eu sinto que falar sobre narrativas que são marginalizadas te faz ter uma responsabilidade enorme”, diz ela, que é uma porta-voz da comunidade LGBTQ. “De dois anos para cá, a nossa comunidade percebeu que não precisa de um representante hétero. Temos os nossos. E eu mesma me encaixo nesse papel”, completou.

“Dar a cara a tapa faz parte da minha história. Eu não sou um ‘bicha’ empoderada e afeminada só em cima do palco. Eu também sou uma ‘bicha’ afeminada e empoderada na fila do banco”, afirma a cantora. “E dar a cara a tapa neste momento é essencial. Mostra que você tem empatia”, completa.

Quando perguntada por este repórter se artistas deveriam se posicionar em momentos políticos como o que o Brasil passa – às vésperas das eleições, com ataques de todos os lados -, Gloria Groove foi direta: “dá para assimilar essa preferência (por não querer se posicionar), mas a gente deve sempre ter um medidor. Já que você é visto e tido (como uma voz para um grupo), porte-se como tal”.

(Foto: Divulgação)

“Eu sou uma poc do pop”

Muita coisa mudou de O Proceder pra cá. No ano passado, ela lanço Bumbum de Ouro, seu maior single até então, com uma pegada mais pop e chiclete, alimentando aquela parcela do mercado fonográfico voltada para hits de Carnaval. Deu certo. A faixa foi uma das mais tocadas do feriadão deste ano, mas se distancia dos primeiros trabalhos da cantora.

Ela afirma que sua música sempre foi pop, “porque eu acho que pop é qualquer coisa que a gente coloca como popular”. Porém, afirma que o Hip Hop e o Rap (ou mesmo o Trap) jamais sairão de seu repertório. “É meu elemento surpresa”, frisa. “Mas eu sou uma poc do pop”, brinca.

O Proceder tinha um cunho político e social muito forte. Meu papo reto. A primeira coisa que você tem que saber sobre mim”, explica a drag queen. Isso, segundo ela, criou uma raiz imutável, aliadas às músicas que costuma ouvir: um pouquinho de SZA, um outro ‘cadinho’ de Frank Ocean, muito Soul, muito Groove (talvez este trocadilho tenha sido proposital).

Apaga a Luz, mas escancara os contrastes

Este lado mais Soul deverá estar muito claro no novo single da cantora, Apaga a Luz, cuja estreia está prevista para a próxima sexta-feira (28). Ela conta que a faixa saiu em uma época em que seus ouvidos estavam focados em RnB, Hip Hop dos anos 2000 e Soul da década de 1990. “Este é um projeto do qual tenho muito orgulho. Ouço todos os dias. É o meu xodó”, gaba-se.

Groove contou ao Mais Goiás que a canção é romântica e possibilitou à cantora soltar ainda mais a sua voz. E contou que o videoclipe colocará em cheque relacionamentos que só acontecem no escuro e no sigilo.

No vídeo, Gloria aparecerá montada e desmontada de drag, interpretando uma garçonete. O ator Taiguara Nazareth será seu par romântico, um homossexual heteronormativo e “masculino”, que não assume o relacionamento por seu companheiro ser um homossexual afeminado.

“É sobre decepção e superação”, afirma. A cantora diz ainda que, com o videoclipe de Apaga a Luzquer falar sobre a masculinidade e a virilidade impostas ao homem negro. O trabalho final só sairá nas primeiras semanas de outubro.

Serviço

Gloria Groove em Goiânia

Quando: Sábado (22/09), a partir das 22h

Onde: Boate Roxy (Rua 87, 536 Setor Sul)

Quanto: R$ 40