Entrevista

Pato Fu dá vida à Alice no País das Maravilhas

Desde quarta-feira (1) está rolando o festival Sesi Bonecos do Mundo, com grupos de teatros…

Desde quarta-feira (1) está rolando o festival Sesi Bonecos do Mundo, com grupos de teatros de bonecos do mundo todo, incluindo atrações internacionais vindas da Hungria e da Itália. Na noite de sábado (4), quem se apresenta é uma atração muito brasileira: os mineiros do Pato Fu sobem ao palco junto com a companhia de bonecos também de Minas, Giramundo. Juntos, eles encenam Alice Live, uma reinterpretação musical de Alice no País das Maravilhas com Fernanda Takai como Alice e o convidado especial e mutante Arnaldo Baptista como o Chapeleiro Louco.

 

A produção musical do espetáculo é de John Ulhoa, do Pato Fu, e as letras são todas baseadas no romance dde Lewis Carroll. Elaborado, o espetáculo possui 65 bonecos, 21 pessoas no palco e 20 canções originais. Vale lembrar que a entrada é franca, mas é necessário retirar os ingressos na bilheteria do teatro Sesi. Nós conversamos com o John para saber um pouco mais da apresentação:

 

Gostaria de saber da origem do espetáculo, pelo que sei, a banda e a Giramundo já são chegadas desde sempre, mas daí para o espetáculo, como foi esse processo?

O Giramundo e o Pato Fu sempre andaram próximos. Eles participaram de shows no início de nossa carreira, e mais recentemente do Música de Brinquedo Ao Vivo – colocando seus monstrinhos pra substituir as crianças que cantaram no disco de estúdio. Nessa mesma época me convidaram pra fazer a trilha do espetáculo As Aventuras de Alice no País das Maravilhas. Nessa trilha eu envolvi outros membros do Pato Fu, como o Lulu Camargo (tecladista) e a Fernanda, que compôs algumas músicas e – o mais importante – fez a voz da Alice. Mas até aí era uma trilha pra ser tocada em playback nos espetáculos. E foi o que fizeram durante um bom tempo, mas agora resolvemos encarar a aventura de executá-la ao vivo.
Existe uma imensa quantidade de desafios técnicos e de logística pra esse espetáculo. A quantidade de pessoas, de equipamento, de camadas (atores, bonecos, música, video, cenografia, iluminação) que tem que ser sincronizadas. Cada especialidade dessa tinha que conseguir trabalhar sozinha, se construir a partir de referências das outras áreas, pra depois juntarmos tudo em ensaios gerais. Leva bastante tempo, e continua levando, é um espetáculo em constante evolução.

 

Quando a peça fez sua estreia original? Vocês pensam em fazer um DVD dela ao vivo assim como fizeram com o Música?

A estréia oficial foi em março de 2016, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Antes disso tivemos alguns ensaios abertos. Sim, um DVD está nos planos, assim como outras idéias mirabolantes!

 

E a parceria com o Arnaldo, como rolou?

Eu havia produzido seu disco Let It Bed, somos amigos… E achei que o Chapeleiro Maluco é o personagem perfeito pra ele e fiz o convite – que foi aceito na hora. Foi divertido gravar, a interpretação dele é muito genuína e ímpar.

 

O Música de Brinquedo já foi uma aventura – e muito boa – no mundo da música infantil. Qual é a principal diferença e dificuldade em fazer música para crianças? E o que é mais divertido nisso? Como foi trabalhar os covers, por exemplo?

O Música de Brinquedo é diferente de tudo que já fizemos, é difícil tecnicamente, mas ao mesmo tempo não precisa ser perfeito – pela própria limitação dos instrumentos. Então, depois que a gente pegou o jeito, ficou ainda mais gostoso fazer esse show. Os covers facilitam o entendimento do público e dão um caminho pros arranjos, mas é difícil escolhê-los. Recebemos um monte de sugestões de novas músicas pra gravar, mas é incrível como a maioria tem pequenos “defeitos” que impedem essas canções de serem boas pro Música de Brinquedo. Já o Alice é música adulta, instrumentos normais, tem mais compromisso com uma certa perfeição técnica.

 

Ainda neste ponto, do Música de Brinquedo para algo como Alice Live, que envolve toda uma adaptação de um material já existente e amado, quais são os novos desafios que entram nessa fórmula?

Bom, Alice foi composta primeiramente como trilha sonora, só depois que pensamos em formas de executá-la ao vivo. Deixamos o espetáculo amadurecer por si só, depois entramos com a banda. Isso foi bom pra não sobrepor muitos problemas técnicos de uma vez só. Conceitualmente, o desafio é fazer com que essa trilha tenha alguma relevância, pois é uma história já muitas vezes contada, de várias formas diferentes. Não repetir o que já foi feito, buscar originalidade, e ao mesmo tempo respeitar o texto e referências passadas, esse é o desafio.

 

Sobre Alice no País das Maravilhas: qual é a graça? Por que vocês acham que é uma história ainda tão presente e o que ela significa pra vocês?

A graça é que é uma história muito bem escrita, com centenas de referências inteligentes e malucas, e que faz uma ponte entre o universo infantil e adulto. Coisas que trafegam nesses dois mundos são as melhores. Você ouve a história de um jeito quando criança e de outro quando cresce – e então você nunca a abandona.

 

E por fim, uma pergunta obrigatória: quando podemos esperar pra ouvir disco novo de vocês? Já estão fazendo algo nesse sentido?

Ainda estamos em tunê do Não Pare Pra Pensar, lançado em fins de 2014 então ainda vamos trabalhar esse disco um bocado. É engraçado, pra gente ainda parece um lançamento fresquinho, o tempo tá passando realmente rápido demais. Mas sim, temos novos projetos em vista. Segredo de estado, por enquanto!

 

Serviço:

Pato Fu e Giramundo em “Alice Live”
Data: Sábado, 4 de junho
Quando: 20 horas
Local: Praça Cívica
Classificação: 10 anos
Duração: 75 minutos
Quanto: Entrada gratuita