Crítica

Perdidos no Espaço: mesmo nome, outra série

Na última sexta-feira 13, dia de azar, estreou a nova versão de Perdidos no Espaço,…

Na última sexta-feira 13, dia de azar, estreou a nova versão de Perdidos no Espaço, para a Netflix. Inspirado no seriado original de 1965, fora a nostalgia, o programa não tinha grandes desafios para se tornar algo melhor. Porém, num mundo pós-Jornada nas Estrelas, Battlestar Galactica e The Expanse, o remake ainda não tem o impacto para se colocar entre as grandes séries de ficção-científica.

Isso não quer dizer que ela é ruim. Com uma direção de arte impecável, boas atuações, uma fotografia de dar gosto e um enredo de sobrevivência, Perdidos no Espaço supera, com facilidade, todas as expectativas colocadas sobre ela. Muitas são as mudanças em relação ao seriado de 65 – e em relação ao pavoroso filme de 1998 – e todas elas, sem exceção, são para melhor.

O resultado pode não ser tão profundo quanto o esperado, mas é uma aventura e tanto, para lá de envolvente, com episódios que sempre te deixam querendo ver o próximo.

O bom

Como dito anteriormente, esta série é, em geral, Perdidos no Espaço apenas no nome. A saga da família Robinson foi aprofundada e melhorada em todos os aspectos possíveis, inclusive com escolhas desafiadoras, como optar por não deixar o elenco principal em completo isolamento.

O foco da série é em aventura, assim como a original, mas também em sobrevivência: em todos os episódios os Robinson são severamente ameaçados e parte da diversão está na catarse de acompanhar seu sofrimento e vê-los superar os obstáculos.

John e as meninas

Mas a série certamente é mais sombria: A viagem é incentivada sim por uma ida à primeira colônia humana no espaço, especificamente em Alfa Centauri. Porém, enquanto na série original eles vão sozinhos em nome da ciência, aqui eles fazem parte de um grupo de seletos que conseguiu passar em testes para sair do planeta: a Terra foi atingida por um meteoro e, aos poucos, está se tornando inabitável.

A família Robinson não é mais a família de propaganda de margarina de 1965. Nesta nova encarnação, Maureen (Molly Parker) é a cabeça da família além de pós-doutora em engenharia aeroespacial e John (Toby Stephens) é um oficial do Exército americano; Don West é um mecânico e gambireiro e a doutora Smith é uma farsante. Quem mantém personalidades parecidas são as crianças Penny, Judy e Will, que continuam sendo extremamente ligados e inteligentes.

Tudo isso contribui para dar mais profundidade à trama, além de ser combustível para vários conflitos e intrigas do seriado. Mas a maior mudança está no robô. B9, ou a ‘lata de sardinha enferrujada’, como lhe chamava o antigo dr. Smith, aqui é uma criatura alienígena super poderosa e misteriosa.

Muito da primeira temporada gira ao redor dele, o que é excelente. É de longe a melhor mudança. Este robô é assustador e instigante, perigoso e amável.  Toda a trama mistura estes personagens e reconta parte de suas histórias em flashbacks conforme eles tentam sobreviver a um misterioso planeta.

Doutora Smith fazendo a cabeça do Will

Todo episódio traz consigo uma aventura, uma ameaça e um cliffhanger, além de avançar a trama um tiquinho. É uma receita bem feita e de sucesso que te deixa sempre querendo saber mais e torcendo para que os Robinson consigam sair dessa.

O ruim

Embora a série consiga ser excelente nos seus melhores momentos, em outras ela consegue ser chata. Há momentos em que o seriado parece se enrolar, o que contrasta com seus momentos de aventura e descoberta.

Outra questão é que a série não consegue se elevar ao padrão da concorrência. Séries como The Expanse e Battlestar Galactica são influências óbvias, mas também são muito melhores. O seriado tem dificuldades de se elevar, principalmente no padrão intelectual, das outras séries, se encaixando mais como uma série de aventura no espaço do que uma série de ficção-científica.

O veredito

Perdidos no Espaço é muito melhor do que o esperado. Ela cresce e melhora em relação ao seriado original em todos os fronts. Seus personagens são muito bons e envolventes e o robô é um show à parte.

Infelizmente, o seriado parece ainda não ter se encontrado e fica abaixo do seu potencial, além de ser prontamente chato em alguns momentos. Ficamos na expectativa de que a segunda temporada traga aventuras maiores e melhores para os Robinson.