Proibidão acessível

“Quero estar na casa de todo mundo”, diz Valesca Popozuda com lançamento de ‘Meu Ex’

“Fiz besteira mais uma vez / Tava de bobeira em casa / Beijei a boca…

“Fiz besteira mais uma vez / Tava de bobeira em casa / Beijei a boca do meu ex”. Assim começa Meu Ex, nova música de trabalho da funkeira Valesca Popozuda (escrita por Ludmilla!) e uma das apostas para o Carnaval 2019. Esta, que é a versão light da faixa, ganhou clipe nesta sexta-feira (18).

“A mensagem do clipe é mostrar que a conquista acontece quando a mulher quer”, disse Valesca em entrevista ao Mais Goiás. Na produção, a funkeira interage com vários ex-namorados, mas não beija nenhum. “Quando a gente fala que beijou um ex, as pessoas sempre imaginam que ele veio atrás, mas nem sempre é assim. Às vezes é a mulher que está afim e não quer ficar ‘por aí’, quer algo já conhecido. E tem sempre aquele que você ficaria de novo”, explicou.

Este repórter, então, perguntou se ela realmente teria coragem de ficar com algum ex-namorado. “Tem aqueles que dão mais conta do recado do que o atual”, brincou Valesca.

Funk proibidão

Falando nisso, é sobre isso que a canção fala – pelo menos a versão explícita -, não sobre ‘beijar’. É um funk proibidão e, a julgar pelos comentários no vídeo da versão light da canção, são destes versos que o público gosta mais. “Eu gosto de cantar músicas assim. Eu vim da Gaiola [das Popozudas], então não seria diferente”, analisou ela.

Valesca desligou-se da Gaiola em 2012, mas deixou um legado musical. Late Que Eu Tô PassandoQuero Te DarBebida Que PiscaMy Pussy é o Poder ainda são bastante cantadas em baladas. E mostram que o proibidão não é uma onda passageira, e sim algo que sempre existiu no mercado fonográfico, às margens do mainstream.

“Hoje está mais fácil trabalhar com o proibidão. Voltou com tudo. Não sei se antes as pessoas tinham vergonha, mas hoje todos escutam e preferem as versões picantes”, afirmou Popozuda. “Quantas MCs hoje não cantam o que eu já cantava?”, analisou ela, que foi uma das precursoras de um movimento que exalta a liberdade sexual da mulher e o direito de ela falar sobre isso sem julgamentos machistas.

“Quando soltei a versão explícita de Meu Ex, não imaginava que os fãs iriam ao delírio como foram. E, com a versão light, conquistei mais fãs. Eu quero estar na casa de todo mundo, na casa de quem curte e quem não curte o proibidão”, disse.

E isso faz Valesca Popozuda sentir saudades da época da Gaiola? “Sempre vou ter saudade. Foi lá que eu comecei e aprendi muito”, disse.

Mudança de estilo

“A Valesca nunca saiu do proibidão, mas é que o nosso funk estava com outro direcionamento, mais para o pop”, frisou. “Eu vou conforme o andamento das coisas. Se o o funk tá no light ou no pop, eu vou dançar conforme a música. Eu gravo o que gosto e me realizo”.

A cantora se refere a meados de 2013, quando o nome de Anitta começou a despontar nos charts com Show das Poderosas. A faixa foi o primeiro megahit da cantora, que misturou funk e pop nas próximas músicas de trabalho que lançou. Logo depois, vieram Lexa, Ludmilla e demais nomes que hoje tomam o cenário fonográfico do Brasil com o mesmo tipo de som.

Foi nesta época que Valesca apostou todas as fichas em Beijinho no Ombro, até então o maior trabalho solo da funkeira. A faixa teve sucesso nacional e internacional, virou questão de prova – consagrando a artista como “pensadora contemporânea” – e popularizou o substantivo “recalque”.

De lá para cá, os singles seguiram o mesmo caminho. O funk, entrando no mainstream mais higienizado, misturou suas batidas secas com os sintetizadores e os instrumentos de corda do pop. E Valesca o acompanhou. Lançou Eu Sou a Diva Que Você Quer CopiarSou Dessas Tá Pra Nascer Homem Que Vai Mandar em Mim.

Apesar de nenhum outro single ter estourado como Beijinho, não há preocupação ou pressão para repetir o sucesso. Aliás, para ela, “não é uma questão de pressão”. “Todo mundo quer um Beijinho no Ombro e até muito mais”, sublinhou Valesca. “Graças a Deus, todas as músicas que lanço, consigo dar continuidade. A gente sempre está à procura [de um grande hit] e, às vezes, do nada esse presente vem”, afirmou.

“E se vier, ‘nóis’ tá como? Agradecendo demais”, completou Popozuda, aos risos.

O que Valesca Popozuda fará em seguida?

Não é de praxe que funkeiros lancem um álbum completo, apenas singles e vídeos. Com Popozuda não é diferente. Para ela, a ambição é outra: um DVD. “É um sonho que eu tenho e quero realizar mais pra frente”, frisou ela ao Mais Goiás. Entretanto, por ser uma artista independente, há alguns entrave$.

“Eu sou a minha própria investidora. Tudo sai do meu dinheiro”, contou. “Sempre tenho o retorno do que lanço, então o que eu vou lançar deve ser muito bem estudado”, afirmou.

Até o dia 02 de fevereiro, Valesca Popozuda lançará um EP de músicas inéditas: Valesca de Volta Pra Gaiola. “Serão quatro ou cinco músicas, bem picantes e divertidas. Vamos derrubar vários forninhos”, adiantou ela. “Todas terão um linguajar diferente do que se tem ouvido no funk”, garantiu.

E quem sabe uma dessas não vira a nova Beijinho no Ombro?

(Foto: Divulgação)