Arte

Rafucko apresenta a loja Monstruário 2016

No dia 6 de abril, o artista e humorista Rafucko postou no seu Facebook um…

No dia 6 de abril, o artista e humorista Rafucko postou no seu Facebook um vídeo da sua lojinha de “anti-souvenirs” das Olimpíadas do Rio 2016. É uma série de objetos de lembrancinhas, mas com tons funestos sobre a Cidade Maravilhosa, como um Caveirão de pelúcia – o carro blindado do BOPE -, cartões postais com negros sendo revistados (também em versão de chinelos) e uma foto da Vila Autódromo, comunidade removida à força para as obras dos jogos, um carrinho de brinquedo fuzilado pela polícia do Rio e assim por diante.

O vídeo agora tem 531 mil visualizações, 6.300 curtiadas e 9.429 compartilhamentos com 931 comentários na postagem original. Todos os itens da obra estão à venda no Centro Cultural Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro, até o dia 21 de maio. Nós entramos em contato com o artista para saber mais sobre a obra que você confere abaixo.

Você esperava essa reação das pessoas?

Não sei de que reação você está falando! rs. Poderia explicar melhor? Mas já posso adiantar que não espero nenhuma reação com meus trabalhos. Ou melhor, espero todas. Acho ótimo que haja quem discorda e muitas vezes isso gera um bom debate, então estou satisfeito até agora.

O que você pôde avaliar dos comentários que viu e ouviu até agora?
Percebo que o tema da violência policial ainda é um tabu, mesmo sendo tão corriqueiro aqui no Rio de Janeiro. Mas no geral, acho que muita gente tem concordado com a abordagem.

Qual o seu objetivo com o Monstruário? Você acha que ele pode ajudar a evitar mais monstruários no futuro?
Me questiono diariamente sobre o poder transformador da arte. Adoraria dizer que minha obra ajuda a mudar a realidade, mas acho que é mais difícil que isso. A violência no Rio de Janeiro é legitimada pelo Estado e apoiada por grandes parcelas da população. Meu objetivo ao fazer o souvenir é criar a lembrança do que realmente acontece aqui por trás dos Jogos Olímpicos (violência policial, remoções forçadas, etc.)

E por fim, está tudo realmente à venda né? Como faço pra adquirir? Posso comprar pra entrega?
Está à venda, mas apenas presencialmente. A obra é, na verdade, uma performance. O souvenir é a linguagem que escolhi para representar minha ideia. E ele só faz sentido quando comprado por alguém e exposto na sala de casa, dado como presente. É a partir da venda que a obra acontece. É importante dizer que não estou lucrando com as vendas, elas apenas pagam os custos de produção.