Oscar

Spike Lee vai boicotar o Oscar

A campanha contra a invisibilidade negra no Oscar ganha força com o anúncio via Instagram…

A campanha contra a invisibilidade negra no Oscar ganha força com o anúncio via Instagram de que o diretor Spike Lee não vai comparecer ao evento. O cineasta de Faça a Coisa Certa (1989), Febre da Selva (1991) e Malcolm X (1992) é uma das vozes mais ativas contra a desigualdade racial nos EUA e engrossou o coro do #OscarSoWhite, que critica o fato de não haver nenhum indicado negro em nenhuma categoria da premiação por dois anos consecutivos. A atriz e esposa de Will Smith, Jada Pinkett Smith se juntou a ele e também anunciou via Twitter que não vai ao evento.

O diretor postou: “Eu gostaria de agradecer à presidente Cheryl Boone Isaacs e ao corpo de membros da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas por me concederem o Oscar Honorário no último novembro. Eu tenho muito apreço. No entanto, minha esposa, Sra. Tonya Lewis Lee e eu não iremos comparecer à cerimônia em fevereiro. Não podemos apoiar e não queremos desrespeitar nossos amigos, o apresentador Chris Rock e o produtor Reggie Hudlin, presidente Isaacs e a Academia. Mas, como é possível que pelo segundo ano consecutivo de todos os 20 competidores na categoria de ator/atriz são brancos? E não vamos esquecer das ramificações. 40 atores em 2 anos e nenhum negro. Nós não sabemos atuar? Que p#rra é essa!! Não é coincidência que eu estou escrevendo enquanto celebramos o aniversário de Dr. Martin Luther King Jr. Ele disse que ‘Vai chegar um tempo em que teremos que tomar uma posição que não seja segura, política ou popularmente, mas devemos ter consciência porque será o certo’. Por  anos demais, quando o Oscar é anunciado meu telefone toca sem parar com a imprensa perguntando o que eu acho da falta de indicados afro-americanos e este ano não foi diferente. Pra variar (talvez) eu gostaria que a mídia perguntasse a todos os indicados brancos e os chefes de seus estúdios como eles se sentem sobre outra premiação inteiramente branca. (…)”

Já Jada Pinkett Smith escreveu: “No Oscar… pessoas de cor são sempre bem-vindas para entregar prêmios… ate entreter, mas raramente somos reconhecidos pelas nossas conquistas artísticas. Será que as pessoas de cor deveriam se refrear de participar? As pessoas só nos tratam da maneira que deixamos. Com muito respeito em meio a uma profunda decepção, J”.

Entre todas as premiações deste ano, isto só aconteceu nos Oscar, notoriamente mais conservadores do que o Globo de Ouro e demais cerimônias. A principal crítica vem da Academia ter ignorado completamente Michael B. Jordan (Creed – Nascido para Lutar), Will Smith (Um Homem Entre Gigantes) e Samuel L. Jackson (Os Oito Odiados) e principalmente toda a produção responsável por Straight Out of Compton, documentário sobre as origens de NWA (o filme recebeu uma indicação a uma das poucas pessoas brancas em toda a equipe).

A última grande vitória negra do Oscar veio em 2014 durante a premiação dos filmes de 2013. O drama de época 12 Anos de Escravidão rendeu o Oscar de melhor diretor para Steve McQueen, melhor ator para Chiwetel Ejiofor e melhor atriz para Lupita Nyong’o, todos os três negros. O filme também venceu nas categorias melhor filme e melhor ator coadjuvante para Michel Fassbender.