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TBT Mais Goiás: A revolução e o legado de Mad Max: Estrada da Fúria

Há cinco anos, o quarto filme do universo Mad Max voltou às telas do cinema…

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Max e Imperatriz Furiosa; personagem de Charlize Theron tomou o protagonismo do longa e vai ganhar filme próprio (Foto: Divulgação)

Há cinco anos, o quarto filme do universo Mad Max voltou às telas do cinema três décadas depois da trilogia original. Desde então, Mad Max: Estrada da Fúria tornou-se um marco para a sétima arte, revolucionou o gênero de ação e conquistou fãs pelo mundo inteiro.

A produção foi um sucesso de público e de crítica: arrecadou mais de US$ 378 milhões nas bilheteria mundiais, possui 97% de aprovação no site Rotten Tomatoes e uma pontuação de 90 em 100 no Metacritic.

Mad Max: Estrada da Fúria ainda foi destaque nas premiações, caso raro para filmes de ação. O longa recebeu sete indicações no Bafta (Academia Britânica de Cinema e Televisão) e foi considerado o melhor filme de 2015 pela Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci).

No Oscar, recebeu 10 nomeações e levou seis estatuetas: Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som, Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Penteados, Melhor Figurino e Melhor Edição.

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Mad Max: Estrada da Fúria ainda foi destaque nas premiações do mundo todo. Na foto, o vilão Immortan Joe (Foto: divulgação)

O que explica o fenômeno Mad Max? O filme entrou na onda dos remakes/continuações que assola Hollywood, conta com personagens caracterizados de maneira nada convencional para o público moderno e estreou sob os olhares suspeitos dos fãs de cinema que acompanharam todos os problemas de produção do longa.

Contudo, basta assistir os primeiros minutos de Estrada da Fúria para se ter certeza da grandiosidade da obra. A loucura e a tensão são constantes durante o filme, que, por causa de todas as outras qualidades como roteiro e fotografia, conquista até mesmo quem não é fã do gênero.

Mad Max: Estrada da Fúria é um faroeste pós-apocalíptico em um universo distópico e perturbador. Repleto de personagens vingativos, deformados e justiceiros que, em um ambiente infértil, lutam pela vida de maneira quase primitiva.

O roteiro apresenta a já usada crítica à questão ecológica e a destruição de recursos essenciais à vida, principalmente a água. O que poderia facilmente soar como mais do mesmo (O Dia Depois de Amanhã, Avatar, O Livro de Eli), é usado pontualmente sem deixar o espetáculo de lado.

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Mad Max: Estrada da Fúria é um faroeste pós-apocalíptico que trata questões ecológicas mas diverte acima de tudo (Foto: Divulgação)

Outro ponto a favor da obra – e um dos principais – são os efeitos. O diretor, George Miller, afirma que fez pouco uso de computação gráfica, preferindo optar por efeitos práticos e explosões reais. “Algumas cenas de perseguição levaram meses para serem filmadas”, disse Miller durante o lançamento do filme.

Cenas de perseguição – essas que são verdadeiras batalhas sobre rodas – têm uma riqueza estética de encher os olhos. Os visuais desérticos apresentados são retumbantes, das tempestades de areia até as planícies pantanosas.

Dificilmente vemos uma violência gráfica neste Mad Max, que não sejam explosões. Inicialmente é estranho notar a ausência de sangue e mortes com forte apelo visual em uma produção como essa. Mas isso em nada prejudica a construção do filme, pelo contrário.

A impressão que fica é que George Miller preferiu destacar todos os outros aspectos importantes, em um longa autoral com tons de surrealismo.

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Cenas de perseguição são verdadeiras batalhas sobre rodas em Mad Max: Estrada da Fúria (Foto: Divulgação)

Personagens como o tirano vilão Immortan Joe e o apaixonante “war boy” Nux, já se tornaram marcantes no cinema. Sem esquecer, claro, do The Doof Warrior, integrante do exército de Immortan, responsável por tocar uma guitarra que cospe fogo durante as cenas de ação.

Mad Furiosa

O que ninguém esperava ao chegar na sala de cinema para assistir Mad Max: Estrada da Fúria é que o filme seria de certa forma, feminista.

Imperatriz Furiosa tomou completamente o protagonismo de Max na busca por uma vida melhor para si e para as outras mulheres com as quais convivia. Durante toda a projeção, cenas de sororidade são constantes.

Aqui não temos a donzela frágil em perigo que precisa ser salva pelo homem (na verdade em diversos momentos acontece ao contrário). Furiosa representa a mulher que o cinema por muitas vezes ignora ou distorce, principalmente no gênero de ação.

Em determinada cena, as mulheres que eram usadas por Immortan Joe apenas como forma de reprodução, escrevem na parede “We are not things” (“Não somos objetos”). A frase pode ser destinada tanto para o vilão quanto para a indústria.

Outra sequência de grande simbolismo em Mad Max, é quando as mulheres usam um alicate para quebrar os “cintos de castidade” que eram obrigadas a usar, uma referência à libertação sexual feminina.

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As cenas de ação e perseguição em Mad Max possuem trilha sonora própria, com uma guitarrista e caixas de som (Foto: Divulgação)

E acreditem, um grupo americano de ativistas pelos direitos dos homens (sim, existe) moveu um boicote ao filme alegando que os homens “estão sendo enganados ao serem atraídos para os cinemas pelas sequências de ação, mas, ao chegarem lá, se depararem com uma propaganda feminista”.

A estrada continua

Pelo visto o protesto do grupo foi um tiro pela culatra. George Miller confirmou recentemente que a produção do próximo Mad Max já foi iniciada, e o filme será focado exclusivamente em Furiosa.

Infelizmente, Charlize Theron não estará de volta no papel, pois a película será voltada para a juventude da personagem. Anya Taylor-Joy (A Bruxa) e Jodie Comer (Killing Eve) são os principais nomes sondados para viver a heroína.

Com a crise criativa do gênero de ação, onde filmes das antigas franquias 007 e Missão Impossível ainda são os mais relevantes, Mad Max pode ter retornado com a tarefa de trazer originalidade e qualidade em meio a tantos Velozes e Furiosos e Transformers.

Por fim, Mad Max: Estrada da Fúria lembra o público que blockbusters não precisam ser apenas diversão, mas podem ser visionários e marcantes. É a perfeita junção do poder feminino, libertação, questões ambientais, religião e rock em meio a uma tempestade de areia.