FINISH HIM!

TBT Mais Goiás: Mortal Kombat kompleta 28 anos com nostalgia e legado no mercado

“Finish him!”. Quem teve acesso a videogames na década de 1990 conhece bem esta frase.…

Mortal Kombat completa 28 anos com nostalgia e referência. Fatality
Cena de Mortal Kombat com Scorpion e Sub-Zero

“Finish him!”. Quem teve acesso a videogames na década de 1990 conhece bem esta frase. É a marca registrada de Mortal Kombat, uma das mais tradicionais franquias de jogos de luta do mercado, cujo lançamento completa 28 anos nesta quinta-feira (8). Mesmo depois de muito tempo, jogos ainda têm fãs apaixonados e garantem muita nostalgia.

A ideia de Mortal Kombat é simples: personagens lutam até a morte usando armas, poderes mágicos ou os próprios punhos. Até aí, nada excepcional. O que difere esta franquia das concorrentes é o que vem depois.

Quando o jogador vence dois rounds e ganha a luta, aparece “finish him” na tela (“acabe com ele – ou ela”, em tradução livre) e tem a oportunidade de fazer um Fatality, movimento especial com o objetivo de liquidar de vez o oponente, arrancando cabeças, fazendo-o queimar até a morte, partindo-o ao meio e por aí vai.

As possibilidades variam de acordo com os golpes especiais de cada personagem. Mas, independente do que acontecia após o “finish him”, era a parte mais legal do jogo. Se não isso, certamente a mais memorável. Afinal, foram estes movimentos com muito sangue e tripas na tela que impulsionaram a criação da Classificação Indicativa em jogos nos EUA.

Como represália (ou deboche mesmo), a partir do segundo jogo da franquia, foram incluídas finalizações que eram um tipo de piada às críticas sobre a violência do jogo: Babality (que transforma o oponente em um bebê); Friendship (alguma animação boba e amigável); e Animality (o jogador se transforma em animal para aniquilar o inimigo).

Depois da repercussão da piadinha, mais para frente, foi acrescentado o Brutality na franquia. Esta, porém, já era uma finalização mais violenta.

Sub Zero Fatality Mortal Kombat

Personagem Sub-Zero faz Fatality em um dos jogos de Mortal Kombat (Foto: Reprodução/Arcade)

Quem tem medo de ‘Fatality’?

Mortal Kombat não era lá um jogo muito apropriado para crianças. Mas Leonardo César, empreendedor de 29 anos, joga desde os cinco anos de idade. “Meu primeiro contato com a franquia foi no MK 3 de Super Nintendo. Meu pai sempre jogava comigo depois do trabalho, mas eu já ficava vidrado vendo os adultos jogarem os títulos anteriores nos fliperamas”, diz.

Mesmo sendo apenas uma criança na época, ele se lembra com detalhes do que mais gostava no jogo: “diversidade de lutadores, golpes, magias e, claro, a falta de pudor do jogo”, sublinha.

Rossana Dias, analista social, hoje tem 33 anos. Quando jogava, tinha por volta de 13 anos e se lembra de outros detalhes da franquia. “Naquela época, meados da década de 1990, lembro-me de que os gráficos eram muito superiores aos do concorrente direto, Street Fighter“, salienta.

De fato, Rossana está certa. Mortal Kombat usou uma técnica inusitada para a época em jogos de luta. Usou atores para dar vida aos personagens. Eles executavam os movimentos (inclusive dos fatalities) e o resultado era digitalizado e animado.

Mulheres perigosas

A analista social também relembra que a franquia sempre dispôs de uma certa variedade de personagens femininas. “Os jogos sempre foram mais voltados para o público masculino. Na época, Mortal Kombat tinha mulheres fortes o suficiente para enfrentar os homens”, relembra. Segundo ela, as lutas eram de igual para igual.

“Naquele tempo não existia a palavra ‘empoderamento’, mas para mim era uma grande sacada do jogo”, comenta. “Eu me lembro bem de Sonya Blade, Kitana, Mileena, Sindel, Sheeva,.. personagens que eu sempre escolhia e achava o máximo porque eram personagens femininos que eu usava para ganhar”.

A participação feminina em Mortal Kombat é uma preocupação até hoje. No primeiro jogo da franquia, Sonya Blade entrou nos 45 do segundo tempo justamente pela questão de representatividade. Deu certo. Hoje é uma das mais queridas pelos fãs e ficou de fora dos títulos poucas vezes.

A franquia também foi bastante criticada pela hipersexualização das personagens, já que as mulheres sempre usavam roupas curtíssimas para lutar. O problema foi corrigido no último jogo da franquia. Em Mortal Kombat 11, todas as lutadoras estão devidamente cobertas.

Jade, Kitana, Mileena, Sindel, Sonya Blade de Mortal Kombat

Da esq. para a dir.: Jade, Kitana, Mileena, Sindel e Sonya Blade (Foto: Redes Sociais)

Nostalgia pagou as contas

Mortal Kombat apanhou um pouco para retomar um lugar de respeito no mercado de games. Se, na década de 1990 e início de 2000, MK foi referência, nos anos seguintes, quando os consoles entraram na era 3D, ficou para trás.

Os títulos, apesar de aprofundarem a história da franquia, trouxe gameplays ruins e personagens sem carisma. Tanto que poucos ainda são lembrados por quem joga.

Demorou um pouco e, só em 2011, a franquia voltou a ser aplaudida. Mortal Kombat lançou um título que “recomeçava” a história dos três primeiros jogos, trazendo de volta personagens, cenários e finalizações clássicos, além do estilo de luta em 2D.

Aí, a nostalgia falou alto. E isso se manteve nos títulos seguintes, Mortal Kombat X e, o mais recente, Mortal Kombat 11.

Hoje, Rossana não joga mais. Leonardo, por outro lado, acompanhou o desenvolvimento da franquia e resume o que muitos fãs sentiram ao jogar o game: “É ótimo ver um jogo da minha infância sempre repaginado, com gráficos atuais; lançando novos conteúdos, mas mantendo a estética brutal que conquistou os fãs”.

Independente de qualquer mancha na história do jogo, ele ainda é tido como referência para o gênero. Estima-se que, ao todo, tenham sido vendidas 35 milhões de cópias do jogo – as piratas não contam, tá?

Somente o último título, Mortal Kombat 11, vendeu 8 milhões de cópias em apenas um ano, segundo um dos criadores da franquia, Ed Boon.

O fã-clube de Mortal Kombat

Se você acha que fã de diva pop pode ser persistente, você não conhece os de Mortal Kombat. A cada lançamento da franquia, os desenvolvedores recebem uma penca de comentários pedindo este ou aquele personagem, cenários, estilos de luta…

Ed Boon aprendeu a lidar com eles com bom humor. Mas sempre está de olho no que eles pedem.

Tanto que, nesta quinta-feira (8), foram anunciados dois personagens muito queridos e muito pedidos pelo público como forma de conteúdo extra: Mileena (cuja estreia foi feita no segundo Mortal Kombat) e Rain (que debutou um título depois).

Os dois se juntam a Rambo, convidado para entrar na franquia. Isso, aliás, já foi feito antes: Alien, Predador, Kratos do God Of War, Freddie Krueger, Coringa e Spawn já deram as caras em MK.

Mileena, Rain e Rambo entram para Mortal Kombat 11

(Foto: Divulgação)

Para Leonardo Cesar, que conversou com o Mais Goiás entre uma partida e outra de MK11, é importante ouvir quem ainda consome o produto, mas também há muito o que se observar na franquia. “Espero que invistam em gráficos ainda melhores, uma tela de seleção de personagens equilibrada e um gameplay mais acessível, sem que estrague a competitividade”.

Falou, tá falado.