Crítica

The Handmaid’s Tale ainda é a melhor série do ano

No ano passado, chamei The Handmaid’s Tale de a melhor série do ano. Agora, pouco mais…

No ano passado, chamei The Handmaid’s Tale de a melhor série do ano. Agora, pouco mais de um ano depois, ela permanece, sem dúvida, o melhor e mais relevante programa de TV atualmente em produção.

Seu segundo ano conseguiu cumprir a tarefa hercúlea de superar um primeiro ano amarrado, redondo e quase irretocável. Seus personagens evoluíram, sua trama se complicou e a série permanece sendo obrigatória para todos que prezam por TV de alta qualidade.

A temporada retoma os acontecimentos imediatamente após o final da primeira temporada conforme Offred (Elisabeth Moss), grávida, tenta fugir das garras da república teocrática de Gilead e para longe do comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes) e sua esposa, Serena Joy (Yvonne Strahovski).

O bom

Assim como no ano passado, a série é mestre em passar um terror profundo, sufocante e opressivo para quem a assiste. Ver um episódio de The Handmaid’s Tale é como ser trancado de surpresa em um armário. É desconfortável e absolutamente aterrorizante.

Os episódios são viscerais e recheados de críticas à atual onda de conservadorismo que varre o mundo. Entre os 13 episódios desta temporada, o terceiro é um dos mais relevantes e impactantes para o momento, mostrando, de forma nua e crua, o que acontece com a imprensa no mundo de Gilead. O resultado é brutal e fascinante.

Elisabeth Moss continua espetacular como June, vulga Offred, se provando novamente como uma das melhores atrizes da atual geração. Sua performance é perfeita. Yvonna Strahovski, que no ano passado ainda não tinha exatamente se achado como Serena, cresce a olhos vistos e domina parte dos novos episódios conforme sua personagem também progride no arco mais interessante do novo ano.

(Divulgação/Hulu)

Ann Dowd, que chamou a atenção anteriormente por seu papel como Tia Lydia, também ganhou destaque. Sua personagem tem muito mais participação e relevância na segunda temporada e a atriz segura a bronca com tranquilidade e fugindo da caricatura de vilã que sua personagem arriscava cair.

Ainda vale destacar Joseph Fiennes como Waterford. Seu personagem é ainda mais medonho, terrível e assustador nessa temporada especialmente porque ele parece, o tempo todo, uma pessoa comum, razoável e não ameaçadora – até autorizar ou promover algo absurdo como se fosse a coisa mais normal do mundo. Ou seja, Fiennes consegue meter medo e parecer completamente normal, evitando também a armadilha de um personagem caricato.

Tecnicamente, a série continua um primor: a trilha sonora é incrível e muito bem escolhida, a fotografia é sempre de cores frias e os enquadramentos sempre próximos, colados, claustrofóbicos. Além de um trama intenso, é um seriado de aspecto estético cada vez mais interessante.

E, por fim, é claro, temos os temas políticos. Não há dúvida: é uma série política e seus pontos e argumentos são apresentados muito bem. Cerceamento de liberdades, machismo e violência contra a mulher e o diferente são os temas centrais mais que se ampliam para mostrar como o preconceito e o ódio não destroem apenas o odiado, mas o odiador e até mesmo quem está por perto e nada tem com isso.

(Divulgação/Hulu)

O ruim

A série foi criticada por promover graficamente a imagem da tortura de suas personagens. Eu discordo. Acredito que as personagens sofrem, mas eventualmente se empoderam e retribuem, às vezes de forma igualmente gráfica.

Porém, em um ponto as críticas acertam: a série é brutal e a violência é perturbadora, isso com certeza é algo que é importante saber antes de conferir já que seu conteúdo pode chocar ou ser gatilho para membros desavisados da audiência.

O veredito

Direto ao ponto, The Handmaid’s Tale é uma série fundamental e nem mesmo Westworld consegue destroná-la. Se você quer ótimos personagens, ótimo enredo e ainda ver algo que vai te botar pra pensar, você precisa ver este seriado.