RUTH E RAQUEL

Veja curiosidades de ‘Mulheres de Areia’, que chega ao Globoplay

Ruth e Raquel estão de volta. Mulheres de Areia estreia no Globoplay nesta segunda-feira (29).…

Veja curiosidades de 'Mulheres de Areia', que chega ao Globoplay
Veja curiosidades de 'Mulheres de Areia', que chega ao Globoplay (Foto: divulgação/Globo)

Ruth e Raquel estão de volta. Mulheres de Areia estreia no Globoplay nesta segunda-feira (29). A trama, escrita por Ivani Ribeiro, foi originalmente exibida entre fevereiro e setembro de 1993 na Rede Globo e tem a história central baseada na rivalidade entre gêmeas, interpretadas por Glória Pires. A trama contou com 201 capítulos e tinha direção de Wolf Maya.

Mulheres de Areia trata-se de um remake de uma obra homônima da autora, exibida na TV Tupi, em 1973. Nesta primeira versão, Ruth e Raquel foram vividas por Eva Wilma, que também foi bastante elogiada pela autuação. Porém, para a nova roupagem, Ivani decidiu adicionar elementos de outra obra: O Espantalho, transmitida em 1977 pela Rede Record.

A novela, um sucesso na época, contou com grandes nomes da dramaturgia brasileira: Vivianne Pasmanter, Guilherme Fontes, Marcos Frota, Laura Cardoso, Sebastião Vasconcelos, Paulo Goulart e Susana Vieira. A história era exibida no horário das 18 horas e chegava a registrar 50 pontos de audiência. A Globo cogitou passá-la para o horário das 19 horas, já que a novela exibida naquele tempo – O Mapa da Mina – não alcançava índices satisfatórios.

Apesar de tal dualidade ser clichê, Ivani insistiu em personalidades marcantes e contrastante para cada gêmea. Ruth era doce, meiga, calma e tinha bom coração. Já Raquel era má, agressiva e extremamente egoísta, capaz de tudo para conseguir o que quer. Em vários momentos, a atuação impecável de Glória colocava em xeque a percepção do público em distinguir uma da outra.

A figuração foi um trabalho à parte. Raquel era vestida com traços de perua emergente. Ela era extravagante com as cores – principalmente com vermelho – e usava muitas joias chamativas. Ruth usava muito longuetes de viscose com estampas de florzinhas, que faziam alusão à moda praiana. O cabelo de Glória também tinha um diferença: a gêmea boa utilizava uma mecha após partir o cabelo no meio. Já Raquel usava as madeixas como forma de sedução e sempre a usava para o lado, de uma forma que a mecha não aparecesse.

“Eram esses detalhes que, quando necessários, eram transformados para que a Ruth fosse confundida com a Raquel ou que a Raquel se passasse pela Ruth sem que ninguém desconfiasse”, afirmou Glória Pires ao Memória Globo.

História

A trama se inicia com o retorno da gêmea boa para Pontal D’Ajuda após passar um bom tempo dando aula na fazenda. Ruth volta a morar com Isaura (Laura Cardoso) e Floriano (Sebastião Vasconcelos). A personalidade boa de Ruth fez com que ela trabalhasse desde cedo e ajudasse os pais, enquanto Raquel ostentava preguiça e o desejo incansável de conseguir o que quer sem medir as consequências.

Por não aceitar o romance com Marcos (Guilherme Fontes), Virgílio Assunção (Raul Cortez) paga Raquel para afastar a irmã do amado. Mas, gananciosa, a gêmea má seduz o mocinho e passa a viver com ele apenas com interesse em toda a fortuna do rapaz. Mesmo casada, Raquel continua com os encontros às escondidas com Wanderlei (Paulo Betti).

A história ganha uma nova reviravolta quando as duas sofrem um acidente de barco. Raquel é dada como morta e Ruth assume o lugar da irmã para evitar que Marcos sofra. Porém, a malvada consegue se salvar e volta disposta a vingar da irmã, a acusando de usurpação. A cena do embate entre as duas, no final da produção, foi aguardada por muitos espectadores.

A força da trama ainda ganha impulso com o apego que Isaura tem com a filha malvada. Defensora mor, a personagem de Laura Cardoso – que sempre encobriu as armações de Raquel -, conta a verdade: que a irmã armou para separá-la de Marcos. Com essa revelação, Ruth e Marcos terminam a trama juntos. A essa altura, a gêmea má já estava morta após se envolver em um acidente de carro.

Personagens marcantes

Não dá para falar de Mulheres de Areia e não falar de Tonho da Lua. O personagem de Marcos Frota ganhou muita popularidade e teve grande importância para alguns desfechos da trama. Foi ele, por exemplo, quem descobriu a traição de Ruth antes de se casar com Marcos e que também achou a gêmea má vivendo em um cabana após ser dada como morta.

Marcos Frota deu um show de interpretação como Tonho da Lua (Foto: Divulgação/TV Globo)

Tonho não ganhava credibilidade por ter deficiência mental. Apesar disso, ele tem um incrível talento para fazer bustos de mulheres na areia e que acaba se tornando atrativos para o turismo local.

O pai de Marcos, Virgílio Assunção, também ganha destaque. Raul Cortez trouxe características únicas para o patriarca da família Assunção. Ele era contra o casamento do primogênito com Ruth, a qual se refere-se como marisqueira. Vê a empáfia acabar quando Raquel entra para a família e bater de frente com ele.

Raul Cortez deu vida a Virgílio Assunção (Foto: Divulgação/Globo)

A rebelde Malu (Viviane Pasmanter) também deu o que falar. Ela sempre foi contra a tirania do pai e acreditava que ele era culpado pela morte do noivo. Porém, ela encontrou em Alaor (Humberto Martins) a chance de viver um novo amor. Uma das cenas icônicas desse casal é quando, após a celebração do matrimônio, ela revela que não estava grávida e deixa o pai perplexo já que o casamento ocorreu justamente pelo fato de ela estar gestante.

Malu (Viviane Pasmanter) e Marcos (Guilherme Fontes) (Foto: divulgação/Globo)

O Marujo, que foi vivido por Ricardo Blat, também ganhava destaque sempre que aparecia em cena. Ele perdeu o braço após ser atacado por um tubarão. Com isso, ele se tornou um pescador amargo, descrente, rancoroso e revoltado. Ele era obcecado pela ideia de, um dia, matar o tubarão que o atacou.

Julieta Sampaio era uma das mais importantes personagens do núcleo cômico da trama. Nicette Bruno deu alegria aos espectadores como a fútil perua que tentava imitar Clarita (Susana Vieira) em tudo. Ela também era mãe de Andrea (Karina Perez), noiva que Marcos abandonou para viver o seu grande amor com Ruth. Ah, ela odiava o nome e queria que todos a chamassem de Juu.

Andrea foi outra personagem polêmica. Ela sempre criticou a mãe por não ter paciência com as criancices. Ela passou a infernizar Marcos após ser preterida por ele. A mal-amada também se envolve com Wanderlei (Paulo Betti) para tentar desestabilizar o primogênito da família Assunção.

Mais curiosidades

Como já adiantado no texto, a primeira versão de Mulheres de Areia foi ao ar pela primeira vez na extinta TV Tupi. Eva Wilma se rendeu aos papéis de Ruth e Raquel e Gianfrancesco Guarnieri interpretou Tonho da Lua. Ivani juntou Mulheres e O Espantalho – que contava a batalha de um prefeito para impedir que os moradores tomassem banho em um lugar poluído e que sofre com um surto de hepatite. Na história protagonizada por Glória Pires, o prefeito Breno é vivido por Daniel Dantas.

Mulheres de Areia era para ter ido ao ar em junho de 1992 após a exibição de Felicidade. Porém, Glória Pires ficou grávida e Ivani queria muito que as gêmeas fossem interpretadas por ela. A atriz recusou o convite e Malu Mader, Cláudia Abreu e Carolina Ferraz passaram a ser cotadas para substituí-la, mas Glória voltou atrás após ler a sinopse da novela. Para isso, a Globo adiantou Despedida de Solteiro e, posteriormente, a trama de Ivani Ribeiro foi ao ar.

Ainda bem que Gloria repensou. À época, a atriz ganhou diversos prêmios importantes pela interpretação das gêmeas.

Tonho da Lua foi um papel muito disputado na trama. Tanto que três atores fizeram testes para o papel. Além de Marcos Frota – que ficou com o papel – Eduardo Moscovis e Irving São Paulo também estavam na tentativa para interpretar Da Lua. Porém, eles ganharam outros papéis: Tito e Zé Luís, respectivamente.

Serafim Gonzalez participou das duas versões da novela: na primeira, ele viveu Alemão e na segunda foi o Garnizé. Ele foi responsável pelas esculturas de areia nas duas novelas.

Mônica Carvalho foi o destaque da abertura de novela ao som de Sexy Iemanjá, de Pepeu Gomes. Logo depois, ela ganhou notoriedade como atriz. Glória Pires tinha uma dublê: Graziela Di Laurentis, que a ajudava no momento em que as gêmeas se contracenavam. Ela é a mesma que aparece na abertura de Anjo Mau, outra novela protagonizada por Glória Pires, em 1997.

A trama foi ao ar 20 anos após a exibição da original. Eva Wilma chegou a ser cotada para participar do remake, mas não pode aceitar por estar em Pedra Sobre Pedra. Wilma também foi muito elogiada pela sua interpretação na primeira versão. Tanto que Regina Duarte que venceu o Troféu Imprensa em 1974 por Carinhoso cedeu o prêmio à colega pelo reconhecimento do trabalho.

Essa foi a penúltima novela de Ivani. Antes de morrer, ela escreveu o remake de A Viagem, em 1994. Apesar disso, ela deixou outras duas sinopses: Quem é Você?, que foi exibida em 1996, e A Selvagem, que foi renomeada como O Cravo e a Rosa e foi escrita por Walcyr Carrasco, em 2001.