CICLISMO

Com histórico de superação e paixão pela bicicleta, Carlos Alberto Soares representará Goiás nos Jogos Olímpicos

Aos 26 anos, Carlos Alberto Soares terá a responsabilidade de representar Goiás e o Brasil…

Foto: Divulgação/CBC

Aos 26 anos, Carlos Alberto Soares terá a responsabilidade de representar Goiás e o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Nascido em Anápolis, mas criado em Alexânia, o goiano foi convocado para as provas de paraciclismo. Carlos Alberto será o representante na categoria C1, com o maior grau de limitação e irá correr em 4 provas na competição.

Em seu primeiro ciclo olímpico, Carlos Alberto destaca estar vivendo um sonho como atleta e também como pessoa, já que o esporte o proporcionou grandes vitórias em sua vida. “Por a gente ter uma deficiência, as vezes as pessoas não acreditam muito na gente e hoje sou o maior orgulho da minha família. Depois que fui convocado, tinha dia que eu ficava parado e a lagrima descia do meu olho. Sempre fui sonhador, agora com o ciclismo, eu tenho condições de ter coisas melhores”, disse o atleta.

Se chegar aos jogos olímpicos é a realização de um sonho, para isso, Carlos Alberto teve de superar inúmeras barreiras. Ainda criança, o atleta foi diagnosticado com paralisia infantil e teve os movimentos limitados. “Foi do dia para a noite e foi agravando. De início as pernas iam desligando, comecei a atrofiar. No início minha mãe achou que poderia ser alguma brincadeira. Mas depois comecei a fazer o tratamento e falaram que eu poderia estar de cadeira de rodas até os 18 anos”.

Para contradizer os médicos, o jovem encontrou na bicicleta uma forma de melhor locomoção e também de terapia. “Comecei no futebol, jogava no gol, gostava de estar no meio do pessoal e para ir, eu andava de bicicleta e com isso conseguia ter mais força, sentia mais confiança, porque não caia tanto”, contou o paraciclista, que ainda ressaltou que os exercícios ajudaram no fortalecimento dos membros inferiores.

Se hoje Carlos Alberto é atleta olímpico em estradas e no velódromo, o início foi no Mountain Bike, como um hobby. “Comecei no Mountain Bike, com uns amigos. No começo, eu queria apenas completar as provas, depois já queria ficar na frente de um. Com o tempo fui me adaptando na bicicleta. Já estava andando bem e conseguindo pódio na classe turismo, conseguindo andar de igual para igual com todos”, relembrou.

As provas paralímpicas começaram em 2017 para o goiano, que logo de cara fez bons resultados. “O técnico da seleção veio falar comigo e disse que não tinha Mountain Bike no paraciclismo. Ele falou que iria ter uma competição em Goiânia. Cheguei lá e me falaram que eu iria correr na C1. Fui com uma bicicleta emprestada, me dei bem, fiz 1º no contra-relógio e na prova de estrada fiquei em 2º”, comentou.

Com as primeiras vitórias, os voos de Carlos Alberto começaram a serem traçados a uma distância maior. A primeira viagem para fora do estado foi ao Rio de Janeiro, com ajuda dos amigos, que fizeram uma vaquinha para ele poder viajar e competir e o goiano venceu as duas provas da categoria. O triunfo rendeu uma bolsa e também a vaga na seleção brasileira.

Em 2019, o Brasil ficou pequeno para o jovem de Alexânia, que ganhou asas e foi brilhar fora do país. Na Copa do Mundo, Carlos Alberto fez dois terceiros lugares na prova de estrada e nos Jogos Parapan-americanos, de Lima, o goiano terminou na 6ª colocação, na mesma prova.

Em Tóquio, Carlos Alberto irá competir em duas provas no velódromo e duas na estrada, a contra o relógio e a de resistência, está última, o goiano terá de superar adversários de outras classes, já que nos Jogos Paralímpicos, nesta prova competem atletas das categorias C1, C2 e C3 juntos por apenas 3 medalhas. De acordo com ele, as chances de medalhas no Japão são poucas, porém participar da competição é o auge para os atletas.

“É um sonho estar indo para as Olímpiadas, eu nem sei descrever o que estou sentindo. Eu tenho uma gratidão imensa por tudo, ir para os jogos é o ápice para o atleta. Sou realista, sei que as chances de medalhas são poucas, mas é uma alegria imensa, sem palavras para descrever isso”.