Continental

Denúncias de racismo crescem 50% em competições da Conmebol neste ano

Um levantamento do Observatório do Racismo aponta que 18 casos de denúncia de racismo ocorreram em partidas de competições continentais até agora em 2023

Ação da Conmebol contra racismo
Casos de racismo já superam os números de todo o ano passado. Foto: Divulgação - Conmebol

Libertadores e Sul-Americana, que entram nesta terça-feira (22) em suas fases decisivas, tiveram crescimento nas denúncias de racismo: o número de casos analisados é 50% em relação ao ano anterior.

Um levantamento do Observatório do Racismo aponta que 18 casos de denúncia de racismo ocorreram em partidas de competições continentais até agora em 2023. Em todo o ano de 2022 foram 12 casos.

Os últimos dois anos também tiveram uma explosão de casos: entre 2014 e 2021, foram registrados 39 casos, enquanto só em 2022 e 2023, o número chega a 30, deixando clara uma curva acentuada de crescimento.

“Temos um crescimento de denúncias de racismo em competições sul-americanas principalmente ligadas a jogadores brasileiros. Isso se dá pelo debate que fazemos no Brasil. Se olharmos para o futebol brasileiro, as denúncias também aumentaram. Principalmente pela conscientização que temos aqui. Temos discutido muito o racismo na sociedade e essa conscientização se reflete no futebol. Temos jogadores e torcedores denunciando, todos mais atentos e entendendo que o racismo não é só insulto, xingamento. O torcedor brasileiro é mais atento”, afirma Marcelo Carvalho, diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.

PENAS BRANDAS, QUANDO APLICADAS

Um dos fatores apontados como motivos para o crescimento nos casos é a impunidade: segundo os números do Observatório do Racismo, em 51 denúncias feitas entre 2014 e 2022, apenas 15 casos foram julgados e punidos. Em 2023, dos 18 casos, apenas oito foram julgados, com envolvidos punidos.

“Toda vez que temos um caso de racismo num estádio de futebol com torcedores identificados mas sem punição, a mensagem que a gente percebe é que os racistas que vão para o estádio sabem que nada vai acontecer. A mudança que temos hoje é o torcedor brasileiro identificando isso e fazendo com que os racistas sejam presos quando o crime acontece no Brasil. Isso muda o comportamento e vemos mais denúncias. Mas, se não se pune o infrator, as pessoas acham que podem fazer o que quiserem. A impunidade é um dos motivos para os casos aumentarem”, diz Carvalho .

MAPA DO RACISMO

Entre 2014 e 2022, Brasil e Argentina são os países com mais denúncias, com 15 cada. Em seguida vem o Uruguai, com sete, e o Paraguai, com seis.

No Brasil, estão presentes no estudo sete denúncias em São Paulo, três no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, e uma na Bahia e em Minas Gerais.

Entre os times punidos, os argentinos Independiente e Boca Juniors são os que mais aparecem no trabalho, junto com os paraguaios do Olimpia, todos com duas punições.

O QUE PENSA A CONMEBOL

A Conmebol afirma que está preocupada com atos racistas e diz que toda manifestação neste tom, ou em qualquer forma de violência, é considerada totalmente inaceitável.

Em 2022, a entidade ampliou as penas aplicáveis em casos julgados de racismo nos estádios. A multa aos clubes aumentou e foi estabelecida a possibilidade de partidas serem realizadas com portões fechadas.

Recentemente, a Conmebol ainda firmou parceria com o Observatório do Racismo para realização de campanhas de conscientização, educação, consultoria e apoio na luta antirracista.