Futebol

No Brasil, VAR terá menos câmeras do que as usadas na Copa do Mundo

A Copa do Mundo não deixou dúvidas: o uso da tecnologia no futebol chegou para…

Mas esse não parece ser um problema. Para o coordenador do árbitro de vídeo da CBF, Sérgio Corrêa, o número de câmeras é mais do que suficiente para a atuação do VAR.

– Se tivermos o número base, que é 7, já resolve muito nosso problema. O VAR tem que ser usado para evitar erros históricos, um gol de mão, impedimento, um toque que não houve. Não é para lances interpretativos – ressaltou.

O objetivo não é acabar com o erro no futebol, mas com as grandes injustiças. Espera-se um índice de 96 a 97% de acertos com o árbitro de vídeo, o que representa um aumento de 6 a 7% da média atual, segundo a CBF.

Ao contrário da Copa, em que uma central comandava o árbitro de vídeo por fibras óticas, a cabine do VAR será instalada em cabines dentro de cada estádio. Devem ser quatro profissionais trabalhando na sala: o árbitro de vídeo, um assistente, um operador e um supervisor. Caso o número de câmeras seja maior do que 12, serão adicionados à equipe mais um árbitro e um operador.

Com dez módulos de treinamento, a CBF habilitou 39 árbitros, incluindo os que foram para a Copa do Mundo: Sandro Meira Ricci, os assistentes Marcelo Van Gasse e Emerson Augusto de Carvalho e Wilton Pereira de Sampaio, que foi para a Rússia apenas para trabalhar com o VAR. Wilton é considerado o árbitro de vídeo número 1 do quadro da CBF.

Ao todo, serão 14 jogos com o VAR, das quartas até a decisão, com um custo total estimado em R$ 1 milhão (cerca de R$ 70 mil por partida). As câmeras usadas pertencem a uma estrutura já usada pela Rede Globo, que vai ceder as imagens à Broadcasting, empresa responsável pela operação do VAR.

Antes do início do Brasileirão, a CBF propôs aos clubes um pacote com árbitro de vídeo nos 190 jogos do segundo turno, a um custo estimado de R$ 50 mil por partida (R$ 3,8 milhões no total). Em votação, os clubes, que teriam que bancar a tecnologia, negaram a proposta. Desta vez, o investimento será da CBF.

Uma preocupação da comissão de arbitragem é o quanto as pessoas sabem sobre o VAR. A tecnologia é usada em situações específicas, e a falta de informação pode tornar a decisão da arbitragem polêmica. Os torcedores receberão panfletos durante os jogos. Dias antes das partidas, os times da Copa do Brasil terão reuniões técnicas para tirar dúvidas e explicar o que o VAR pode ou não fazer, e quando pode agir.

– O árbitro tem que trocar o chip quando vai para a função de VAR, e o jogador também. Ele está acostumado a forçar simulações, o agarra-agarra, e isso vai deixar de ser necessário. Vamos mostrar quatro ou cinco vídeos com exemplos claros – destacou Corrêa.

Os estádios que podem receber os jogos das quartas de final estão sendo vistoriados pela comissão de arbitragem da CBF, que verificará a posição das câmeras, da cabine do VAR e a estrutura disponível em cada um dos palcos das quartas de final. O último a ser fiscalizado será justamente o Maracanã, que recebe o duelo entre Flamengo e Grêmio.

Esta não é a primeira vez que o VAR é utilizado em uma partida no Brasil. A CBF coordenou testes na final do Campeonato Pernambucano, entre Sport e Salgueiro, e a Federação Gaúcha também o fez no Gre-Nal do Campeonato Gaúcho. No ano passado, Flamengo e Independiente decidiram a Sul-Americana sob os olhares do árbitro de vídeo no Maracanã.

A experiência coordenada pela CBF em Pernambuco foi avaliada positivamente. O árbitro responsável pela tecnologia nas duas partidas da decisão foi Péricles Bassols, velho conhecido do torcedor carioca. O VAR entrou em ação nos dois jogos, marcando um pênalti na ida e anulando um gol na volta.

A adoção do VAR é bem vista pela maioria dos clubes da Copa do Brasil. Presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello lamentou a ausência da tecnologia no Brasileirão, em que o clube “teria uma campanha bem melhor”. Já Romildo Bolzan, presidente do Grêmio, foi enfático:

– Não há coisa mais chata do que passar uma semana discutindo um erro de arbitragem.

AS DIFERENÇAS DO VAR

Copa do Mundo

33: Número de câmeras instaladas pela FIfa em cada estádio da Copa.

Central do VAR: A cabine ficava na central de transmissões.

Fibra ótica: VAR e juiz se comunicaram por um sistema de fibras óticas.

Geração: As imagens eram produzidas e gerenciadas pela Fifa.

Copa do Brasil

7 a 19: O número de câmeras deve variar entre os diferentes estádios.

Cabines no estádio: O VAR terá uma cabine em cada um dos palcos.

Comunicação direta: A presença no mesmo estádio facilita a comunicação.

Emissora: A Rede Globo, que transmite os jogos, cederá as imagens.