CIÊNCIA

Alimentação saudável é mais positiva para o coração do que outras mudanças no estilo de vida, revela estudo

Quando o assunto é diminuir os riscos de ataques cardíacos e derrames, várias são as…

Alimentação saudável é mais positiva para o coração do que outras mudanças no estilo de vida, revela estudo (Foto: Reprodução/ Instagram)
Alimentação saudável é mais positiva para o coração do que outras mudanças no estilo de vida, revela estudo (Foto: Reprodução/ Instagram)

Quando o assunto é diminuir os riscos de ataques cardíacos e derrames, várias são as mudanças no estilo de vida indicadas por profissionais de saúde. Um novo estudo, feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco, sugere que adotar uma dieta saudável para o coração pode trazer mais efeitos positivos para a saúde cardíaca de hipertensos em estágio inicial da doença do que outras mudanças no estilo de vida.

O trabalho, apresentado em um evento da Sociedade Americana do Coração sobre descobertas científicas acerta da hipertensão, aponta que uma alimentação focada na redução da hipertensão, chamada de dieta DASH, seria mais eficaz para reduzir os eventos cardiovasculares ao longo de um período de 10 anos do que mudanças como perda de peso e atividade física para adultos jovens e de meia-idade com hipertensão estágio 1.

Segundo a Sociedade Americana do Coração, nesse estágio, o paciente apresenta número sistólico (superior) de 130-139 mmHg (milímetros de mercúrio) ou um número diastólico (inferior) de 80-89 mmHg, ou seja, a pressão seria “13 por 8 mmHg”. Pessoas com hipertensão estágio 1 geralmente são tratadas com mudanças no estilo de vida em vez de medicamentos.

A pressão máxima ou sistólica corresponde à contração do coração, enquanto a pressão do movimento de diástole indica o relaxamento do coração.

“Nossos resultados fornecem fortes evidências de que modificações de comportamento saudável em larga escala podem prevenir futuras doenças cardíacas, complicações relacionadas e custos excessivos de saúde”, disse a co-pesquisadora Kendra D. Sims, estudante de pós-doutorado na Universidade da Califórnia, em um comunicado.

Os pesquisadores usaram dados de estudos publicados anteriormente e evidências de meta-análises sobre os efeitos de redução da pressão arterial de mudanças no estilo de vida para simular doenças cardíacas e eventos de acidente vascular cerebral, taxas de mortalidade e custos de saúde de 2018 a 2027 para pessoas de 35 a 64 anos com estágio 1 não tratado de pressão alta. Essas mudanças no estilo de vida incluíram mudanças na dieta, atividade física, cessação do tabagismo, perda de peso sustentada e redução do consumo de álcool.

Eles descobriram que fazer mudanças no estilo de vida que resultaram na redução da pressão arterial para menos de 130 mmHg sistólica ou 90 mmHg diastólica poderia ter benefícios econômicos e de saúde substanciais. O modelo estimou que as mudanças no estilo de vida evitariam 2.900 mortes e 26 mil eventos cardiovasculares, como derrames ou ataques cardíacos, durante o período simulado. O estudo também previu que essas mudanças poderiam economizar US$ 1,6 bilhão em custos de saúde associados.

Adotar a dieta DASH teria o maior benefício, prevenindo cerca de 15 mil eventos cardiovasculares entre homens americanos e 11mil entre mulheres americanas. Ela foi desenvolvida para ajudar a controlar os níveis de pressão arterial e enfatiza o consumo de frutas, verduras, carnes magras, nozes, sementes e grãos e limita o consumo de carne vermelha, sódio, açúcar e bebidas açucaradas.

“Infelizmente, a disponibilidade e acessibilidade de fontes de alimentos saudáveis ​​não permitem que as pessoas sigam facilmente a dieta DASH”, disse Sims. “Os médicos devem considerar se seus pacientes vivem em desertos alimentares ou lugares com acessibilidade limitada. O aconselhamento de saúde deve incluir a abordagem desses desafios específicos ao controle da pressão arterial”.

Os resultados do estudo são preliminares e seu conteúdo ainda será revisado por pares.

Hipertensão no Brasil

Dados da Associação Brasileira de Cardiologia (SBC) apontam que cerca de 30% dos brasileiros são hipertensos. Os parâmetros da SBC apontam que no país considera-se hipertenso o paciente que tem uma elevação sustentada dos níveis de pressão arterial, acima de 140/90 mmHg, popularmente conhecida como “14 por 9”. A classificação é diferente da Associação Americana do Coração, que considera a hipertensão a partir de “13 por 8”.

Por ser uma condição que normalmente não apresenta sintomas, a hipertensão costuma evoluir com alterações estruturais e funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. Ela é o principal fator de risco modificável para doenças cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio (IAM) e o acidente vascular cerebral (AVC), doença renal crônica e morte prematura. Associa-se também a fatores de risco metabólicos para as doenças dos sistemas cardiocirculatório e renal, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes.

Sua identificação e tratamento precoces, reduzem a mortalidade por causas cardiovasculares. Estudos apontam que a hipertensão pode estar relacionada a 80% dos casos de AVC e 60% dos casos de IAM. Hipertensos, assim como pessoas com cardiopatias ou com outras doenças crônicas têm possibilidade de maiores complicações pela Covid-19, alerta a SBC.