Crise

Bolívia: Renúncia de Morales deixa vácuo no país e incertezas sobre sucessão

Todos os sucessores previstos na Constituição boliviana também renunciaram junto com Morales; segunda vice-presidente do Senado reivindica o cargo

Saída de Evo Morales provoca crise política na Bolívia (Foto: Reprodução)
Saída de Evo Morales provoca crise política na Bolívia (Foto: Reprodução)

A renúncia do presidente da Bolívia, Evo Morales, feita neste domingo (10), deixou um vácuo na política do país e um limbo na sucessão presidencial. Esta sensação de incerteza e vazio se deu após os apoiadores de Morales, que ocupavam os cargos previstos para assumir a presidência, também deixarem o mandato. 

A Constituição boliviana prevê  que, na ausência do presidente, a linha de sucessão do cargo começa com o vice-presidente, depois passa para o presidente do Senado, seguido do vice-presidente do Senado, e, por último, o presidente da Câmara dos Deputados. Entretanto, todos eles renunciaram junto com Morales.

O ex-presidente também havia perdido o apoio das Forças Armadas antes de anunciar a sua saída. Em reação ao contexto político, a segunda vice-presidente do Senado boliviano, a opositora Jeanine Añez, manifestou interesse em ocupar o cargo de Chefe do Executivo para convocar novas eleições.

Evo Morales, que estava no poder desde 2006, renunciou ao cargo no mesmo dia em que havia comunicado novas eleições presidenciais e pedido que se reduzisse a tensão dos manifestantes, após três semanas de enfrentamentos violentos que causaram três mortes e deixaram mais de 300 feridos nas principais cidades do país.

O pronunciamento foi feito em um discurso exibido na TV, às 18h, diretamente da cidade de Cochabamba. Morales decidiu pelo comunicado após pressão das Forças Armadas e protestos intensos nas grandes cidades.

Conselho da OEA

Devido às incertezas na cadeia de sucessão boliviana, o governo da Colômbia solicitou uma reunião em caráter de urgência com o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA). O país vizinho pretende que a organização estabeleça imediatamente novas eleições presidenciais e as monitore para se certificar de uma votação limpa e transparente.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), concorda que há necessidade de uma reunião com a OEA, mas preferiu apenas endossá-la. O Planalto, neste primeiro momento,  escolheu aguardar o posicionamento do Tribunal Constitucional da Bolívia sobre a situação em que o país se encontra.

*Com informações dos portais Valor Econômico e Carta Capital
**Thaynara da Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Hugo Oliveira