Alerta

Cápsula de césio 137 desaparece na Austrália e autoridades alertam população

Substância é a mesma que causou mortes em Goiânia em 1987

O desaparecimento no deserto australiano de uma cápsula de césio 137 (mesmo material que causou o acidente radioativo de Goiânia, em 1987) fez as autoridades locais emitirem um alerta, nesta sexta-feira, para a população não se aproximar do objeto, caso o encontre. O material é radioativo e pode causar queimaduras, além de outros problemas de saúde que podem levar a morte.

A cápsula foi descrita como um cilindro prateado, com 6mm de diâmetro e 8mm de altura. O material foi perdido durante o transporte entre uma mina na cidade de Newman e a capital do estado da Austrália Ocidental, Perth. Trata-se de um trajeto de 1.400 quilômetros.

— Nossa preocupação é que alguém pegue, sem saber o que é. Eles podem achar que é uma coisa interessante e guardar, no quarto, no carro, ou dar para alguém — o médico Andrew Robertson, Diretor de Saúde e Presidente do Conselho de Radiologia do estado.

Segundo o médico, a radição emitida em apenas uma hora pelo artefato é equivalente a fazer 10 exames de raio-x. Uma imagem de como a cápsula deve se parecer foi divulgada pelo Departamento de Incêndios e Serviços de Emergência (DFES, na sigla em inglês). 

Segundo o DFES, as áreas de onde o carregamento que levava o césio saiu e onde ele deveria ter chegado são alvos de buscas. Investigações estão sendo feitas para determinar o exato trajeto feito pelo caminhão e suas paradas.

— O DFES foi notificado pela polícia estadual em 25 de janeiro e agora está coordenando a busca. O início e o fim da jornada de transporte, o local da mina ao norte de Newman e o depósito de transporte nos subúrbios do nordeste de Perth, estavão entre os locais investigados ​​ontem e hoje. Também estamos vasculhando estradas e outras áreas na zona de busca. — disse o chefe do DFES, David Gill.

Césio causou mortes em Goiânia

O material é o mesmo que causou 4 mortes no estado brasileiro de Goiás, em 1987. O césio 137 estava em um equipamento hospitalar de radioterapia, que estava abandonado no prédio em ruínas do Instituto Radiológico de Goiânia.

O equipamento acabou sendo vendido em um ferro velho, e o dono do local, Devair Ferreira, ao abrir a peça para retirar o chumbo, se deparou com 19,26 gramas de um pó de brilho azul. Sem saber que se tratava de césio 137, ele explorou o material com os olhos e as mãos se contaminando.

Ele levou o pó para casa e o restante de sua família acabou também contaminado com a radiação e o problema se alastrou pela região. Ao todo, 112.800 pessoas foram monitoradas pelas autoridades brasileiras. Dessas, 14 foram internadas em estado grave no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. Quatro morreram e oito desenvolveram a Síndrome Aguda da Radiação. No total, 28 desenvolveram Síndrome Cutânea da Radiação, que se tratam de lesões na pele em função da contaminação.