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Em tom de campanha na ONU, Bolsonaro cita agenda ideológica e ataca Lula

O presidente Jair Bolsonaro criticou, nesta terça-feira, o candidato do PT a presidente, Luiz Inácio…

Lula pede ao TSE que proíba Bolsonaro de usar fala na ONU em campanha
Lula pede ao TSE que proíba Bolsonaro de usar fala na ONU em campanha (Foto: Reprodução)

O presidente Jair Bolsonaro criticou, nesta terça-feira, o candidato do PT a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Sem citar o nome do petista, seu principal adversário nas eleições, Bolsonaro ressaltou escândalos de corrupção na Petrobras e afirmou que “o responsável por isso foi condenado em três instâncias”. Ainda na sua fala, ele defendeu seu governo e citou a agenda ideológica.

— No meu governo, extirpamos a corrupção sistêmica que existia no país. Somente entre o período de 2003 e 2015, onde a esquerda presidiu o Brasil, o endividamento da Petrobras por má gestão, loteamento político em e desvios chegou a casa dos US$ 170 bilhões de dólares. O responsável por isso foi condenado em três instâncias por unanimidade.

A fala de Bolsonaro foi repleta de referências à política interna do Brasil, com diversos temas que o presidente tem explorado em seus discurso eleitorais.

Bolsonaro, por exemplo, lembrou as comemorações do Bicentenário da Independência — na ocasião, ele foi acusado pelos seus adversários de ter utilizado a data com propósitos eleitorais.

— Neste 7 de setembro, o Brasil completou 200 anos de história como nação independente. Milhões de brasileiros foram às ruas, convocados pelo seu presidente, trajando as cores da nossa bandeira. Foi a maior demonstração cívica da história do nosso país, um povo que acredita em Deus, Pátria, família e liberdade.

Bolsonaro utilizou a tribuna da ONU para se defender de acusações que tem sofrido durante a campanha, como por sua política durante a pandemia de Covid-19 e sua relação com mulheres.

Em relação à pandemia, Bolsonaro afirmou que seu governo “não poupou esforços para salvar vidas e preservar empregos”. Entretanto, o presidente diversas vezes minimizou a gravidade da Covid-19, além de ter descumprido e desestimulado as principais recomendações de especialistas para conter o vírus.

Já sobre as mulheres, público em que enfrenta rejeição, o presidente disse que seu governo tem dado “prioridade” à “proteção das mulheres”.

Em outro momento, exaltou a primeira-dama Michelle Bolsonaro, sua principal cabo eleitoral entre as mulheres.

—Trabalhamos no Brasil para que tenhamos mulheres fortes e independentes, para que possam chegar aonde elas quiserem. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, trouxe novo significado ao trabalho de voluntariado desde 2019, com especial atenção aos portadores de deficiências e doenças raras.

Apesar da crítica a Lula, Bolsonaro retirou do discurso uma outra referência ao ex-presidente e a sua sucessora, Dilma Rousseff, também do PT. Ao falar sobre a chegada de refugiados venezuelanos ao Brasil, a previsão era que o presidente citasse que o governo do país vizinho teve “apoio de dois ex-presidentes de esquerda do Brasil”. Entretanto, ele não leu esse trecho do texto.

Exposição internacional

Bolsonaro chegou em Nova York na segunda-feira, vindo direto de Londres, onde acompanhou o funeral da rainha Elizabeth II. O núcleo da campanha do presidente tem a expectativa de que os dois compromissos internacionais deem uma projeção positiva a Bolsonaro, na reta final da campanha eleitoral.

Entretanto, o presidente foi criticado por utilizar a viagem ao Reino Unido em função de sua tentativa de reeleição. Na segunda-feira, o ministro Benedito Gonçalves, corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proibiu a campanha de usar imagens de um discurso proferido da sacada da residência oficial do embaixador em Londres.

Em Nova York, imagens contra o brasileiro foram projetadas na sede da ONU ao longo da madrugada desta terça.

Essa é a terceira vez que Bolsonaro discursa presencialmente na ONU. Ele também abriu a Assembleia-Geral em 2019 e 2021. Em 2020, a reunião ocorreu por videoconferência, devido à pandemia de Covid-19.