AMÉRICA LATINA

Milhares de manifestantes vão às ruas no 1º aniversário dos protestos no Chile

Grupos de manifestantes começaram a se reunir na Praça Itália, na região central de Santiago,…

Foto tirada em Santiago no dia 12 de novembro de 2019. (Foto: Bruno Kaiuca/Zimel Press/Folhapress)

Grupos de manifestantes começaram a se reunir na Praça Itália, na região central de Santiago, na manhã deste domingo, para comemorar o primeiro aniversário do início da revolta social no Chile em demanda de uma maior igualdade social. A expectativa é grande, pois ocorre uma semana antes da realização de um plebiscito constitucional histórico, para mudar a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que não consagra direitos sociais como os à educação, à saúde e à previdência.

A maioria da população defende uma comemoração pacífica e sem excessos, segundo várias pesquisas, mas em diversos setores teme-se que se repitam as imagens do dia 18 de outubro de 2019, quando após um apelo à realização de evasões no pagamento do metrô por alunos do ensino secundário, o dia terminou numa noite de fúria, com uma dúzia de estações metroviárias queimadas, edifícios atacados, pilhagem de lojas e violentos confrontos com a polícia.

A Praça Itália, epicentro das manifestações ao longo deste ano, amanheceu guardada por carabineros (a polícia militar chilena) e carros blindados. Grupos de manifestantes chegaram cedo, agitando bandeiras, pulando e gritando slogans a favor de uma mobilização social para a realização de profundas reformas sociais.

A manifestação pacífica deste domingo hoje foi convocada por vários grupos sociais, incluindo a associação Colégio de Professores, que luta por reformas na educação do país. O governo do presidente Sebastián Piñera, fortemente questionado desde o início da crise, a mais importante em 30 anos de democracia, também convocou uma manifestação pacífica e respeitando as medidas sanitárias impostas em decorrência da pandemia de Covid-19, que no Chile já infectou mais de 490 mil pessoas e causou 13.588 mortes.

A Polícia anunciou que enviará cerca de 40 mil funcionários durante o dia para garantir a segurança do perímetro. Além disso, ao manter o estado de emergência, os militares também poderão ser acionados para tomar as ruas. O toque de recolher começa às 23 horas (horário local).

Na ponte Pío Nono, que atravessa o Rio Mapocho e dá acesso à Praça Itália, o Partido Comunista fez uma homenagem às vítimas dos protestos sociais. Há duas semanas, neste local, um adolescente de 16 anos foi empurrado no rio pelo carabineiro Sebastián Zamora, que está em prisão preventiva sob a acusação de homicídio frustrado.

Um ano atrás, o ato de 18 de outubro deu lugar a contínuos protestos de massa e confrontos com as forças de segurança, que resultaram em milhares de feridos e trinta mortos, e obrigaram a um acordo político para convocar um plebiscito para mudar a Constituição herdada dos militares.

A opção “aprovo” ou “rejeito” um novo texto constitucional é a primeira da consulta. O plebiscito também perguntará se o eleitor prefere que a nova Carta seja escrita por uma “convenção constituinte” de 155 integrantes a serem eleitos exclusivamente para isso, em abril de 2021, ou por uma “convenção mista”, formada em parte pelo atual Congresso.

Após ser adiado em abril devido à pandemia, o plebiscito finalmente acontecerá no dia 25 de outubro.