COREIA DO SUL

Prefeito de Seul, acusado de assédio sexual, é encontrado morto

O prefeito de Seul, Park Won-soon, que era tido como um dos principais candidatos às…

Park Won-soon, prefeito de Seul, na Coreia do Sul: encontrado morto (Foto: Divulgação)
Park Won-soon, prefeito de Seul, na Coreia do Sul: encontrado morto (Foto: Divulgação)

O prefeito de Seul, Park Won-soon, que era tido como um dos principais candidatos às eleições presidenciais de 2022, foi encontrado morto nesta quinta-feira, segundo informou a agência de notícias Yonhap. A polícia sul-coreana fazia buscas para encontrar o político, de 64 anos, depois de ser alertada pela filha de Park, que havia pedido ajuda às autoridades depois que ele sumiu de casa.

Segundo a filha, Park Da-hee, o pai desapareceu após deixar à família uma mensagem “em tom de testamento”. À prefeitura, ele disse que estava doente e cancelou sua agenda para o dia. O desaparecimento foi notificado após o político não retornar para casa, cinco horas após sair. Sua morte ocorreu um dia após uma secretária da prefeitura fazer acusações de assédio sexual contra Park, cujo cargo é considerado o segundo mais poderoso do país.

Segundo a Yonhap, os policiais encontraram o corpo do prefeito no Monte Bugak, na região norte de Seul, perto de onde tinha sido detectado o sinal de celular de Park pela última vez. De acordo com os agentes, não havia nenhum sinal de violência no local onde o corpo do político foi achado. A corporação informou que vai investigar a causa da morte.

Numa  busca maciça por Park, foram utilizados 580 policiais e agentes médicos, além de drones e cães farejadores. As autoridades, no entanto, se recusaram a comentar mais sobre o caso e não forneceram nenhuma indicação do que poderia estar por trás da morte ou sua causa.

Segundo duas TVs de Seul, a secretária que fez as acusações disse que vinha sofrendo assédio sexual por parte do prefeito desde 2017.  As informações foram atribuídas a fontes policiais que não quiseram se identificar. Antes de se tornar prefeito, Park era um dos mais proeminentes advogados de direitos humanos no país e fundou o principal grupo de diretos civis sul-coreano. Como avogado, ele participou da primeira condenação por assédio sexual na Coreia do Sul.

Nos últimos anos, o movimento #MeToo ganhou força na Coreia do Sul, à medida que mais mulheres denunciaram políticos e outras pessoas famosas por assédio. Em abril, o prefeito da segunda maior cidade da Coreia do Sul, Busan, Oh Keo-don, renunciou após ser acusado de agredir sexualmente uma funcionária pública.

Park era prefeito de Seul, uma cidade com cerca de 10 milhões de habitantes, desde 2011, e era considerado o segundo político mais poderoso do país, atrás apenas do presidente Moon Jae-in, do mesmo Partido Democrata, de centro-esquerda. Seu nome era amplamente cotado para substituir Moon após as eleições presidenciais de 2022.

Antes de ingressar na vida política, Park atuava como advogado defensor dos direitos civis. Ganhou diversos casos relevantes, inclusive a primeira condenação por assédio sexual da História sul-coreana. Ele também fez campanha em defesa dos diretos das escravas sexuais sul-coreanas que eram forçadas a trabalhar em bordéis para o Exército japonês durante a Segunda Guerra Mundial.

Proeminente voz contra a desigualdade,  foi um dos principais antagonistas da ex-presidente Park Geun-hye, que sofreu impeachment em 2017 após ser acusada de corrupção, apoiando os protestos que tomaram Seul. Apesar do mesmo sobrenome, não há relação entre os dois.