ESPERANÇA

Primeira vacina contra a malária dá alívio ao oeste do Quênia

Os três filhos de Lucy Akinyi eram infectados com malária com tanta frequência que precisavam…

OMS recomenda uso de segunda vacina contra a malária em crianças No Brasil, a maioria dos casos se concentra na região amazônica
Foto: Secom - Aparecida

Os três filhos de Lucy Akinyi eram infectados com malária com tanta frequência que precisavam ir ao hospital várias vezes por mês. Assim, quando sugeriram que ela participasse de um programa piloto de vacina contra a malária, não hesitou em aceitar.

No oeste do Quênia, onde a malária é endêmica, mais de 100 mil crianças foram inoculadas com esta nova vacina.

Na África Subsaariana, a malária mata anualmente 260 mil crianças com menos de cinco anos de idade.

Este plano de vacinação inovador começou em 2019 no Quênia, Gana e Maláui para testar um composto que levou 30 anos para ser desenvolvido.

Em outubro de 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou o uso generalizado desta vacina para crianças em outras áreas de risco.

Para Akinyi e sua família, que vivem na comunidade rural de Siaya, perto do lago Vitória, a vacina fez maravilhas.

A mulher tinha que se certificar de que seus filhos dormiam sob mosquiteiros e, apesar de seus esforços, as crianças continuavam sendo picadas quando brincavam fora de casa.

“Tínhamos muita malária. Às vezes tínhamos que ir ao hospital três vezes por mês”, explica.

Desde que foram vacinados, nenhum de seus filhos adoeceu, o que mudou suas vidas.

Sua cunhada, Millicent Akoth Oyoya, também vacinou seus filhos depois de ver os resultados em seus sobrinhos.

Os centros de saúde no oeste do Quênia, onde os serviços pediátricos ficavam frequentemente sobrecarregados por casos de malária, já começam a ver os resultados desse projeto.

A chegada de pacientes com malária diminuiu e também a gravidade dos sintomas dos doentes.

“Desde que começamos a administrar a vacina em setembro de 2019, vimos uma redução nos casos de malária”, diz Elsa Swerua, enfermeira-chefe de um centro de saúde em Akala, Siaya.

Esta doença pode afetar uma pessoa várias vezes em um ano e com esta vacina as famílias reduzem as suas deslocações aos centros de saúde, o que representa uma poupança significativa para as famílias.

“Antes da vacina (…) gastávamos muito dinheiro em remédios, indo ao hospital”, conta Akinyi.

O médico Simon Kariuki, pesquisador do Instituto de Pesquisa Médica do Quênia e um dos principais especialistas em malária, afirma que a vacina “fez o jogo virar”.

“Mostramos que esta vacina é segura e que pode ser administrada às crianças africanas, que são aquelas que mais sofrem de malária”, acrescentou.