Guerra

Rússia enfatiza ‘confiança’ em êxito na Ucrânia um dia após motim mercenário

Maior crise militar da era Vladimir Putin, inciada em 1999, foi encerrada neste sábado

Guerra da Ucrânia só acaba quando Rússia vencer, diz Putin russo afirma que tem 617 mil militares no conflito
(Foto: Reprodução)

Na primeira entrevista transmitida na televisão após o fim do motim mercenário que ameaçou o governo russo, o presidente Vladimir Putin reiterou a confiança na vitória de seu país na Guerra da Ucrânia, em curso desde fevereiro de 2022. A declaração, exibida neste domingo (25), foi gravada antes da maior turbulência militar na Rússia desde a década de 1990, iniciada na sexta e que terminou neste sábado (24).

“Nos sentimos confiantes e, claro, estamos em posição de implementar todos os planos e tarefas que temos pela frente”, diz Putin. “Isto também se aplica à Defesa do país, à operação militar especial [Guerra da Ucrânia] e à economia como um todo.”

Os comentários foram transmitidos pelo canal estatal Rossiya, sem quaisquer referências à crise com mercenários, que entraram em confronto com forças federais e ocuparam prédios administrativos no sul da Rússia. O motim foi encerrado após negociações entre o governo russo e Ievguêni Prigojin, líder do Grupo Wagner, intermediadas pelo ditador da Belarus, Aleksandr Lukachenko.

O jornalista Pavel Zarubin, que conduziu a entrevista, se limitou a dizer que a gravação foi feita após uma reunião com lideranças militares, numa aparente referência a um evento ocorrido na quarta-feira (21). Em briefing diário divulgado neste domingo, o Ministério da Defesa russo também não mencionou as ações do Grupo Wagner ocorridas na véspera.

Na entrevista, Putin disse que dedica a maior parte do tempo com o conflito no Leste Europeu. “Todo dia começa e termina com isso”, afirmou. A crise entre as tropas mercenárias e o governo escalou após Prigojin acusar o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, de enganar a população sobre a guerra no país vizinho. O líder mercenário disse que que não havia motivo para o conflito, já que Kiev e a Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA, não iriam lançar um ataque contra a Rússia.

Pouco depois, Prigojin acusou as forças de Choigu de atacarem um acampamento do Grupo Wagner no sul da Rússia, o que iniciou o motim.

Como parte do acordo que encerrou a ação, o o governo russo se comprometeu a arquivar os processos criminais contra Prigojin. Já os combatentes do Wagner que participaram das ações não serão processados, segundo o Kremlin. Soldados mercenários que não se uniram ao motim assinarão contratos e serão incorporados ao Ministério da Defesa russo.