Guerra na Síria

Trump diz que derrotou Estado Islâmico na Síria e ordena retirada de tropas

O presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (19) que derrotou a facção terrorista Estado…

O presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (19) que derrotou a facção terrorista Estado Islâmico na Síria, pouco antes de a Casa Branca anunciar a retirada dos cerca de 2.000 soldados americanos que estão no país.

Em mensagem em uma rede social, o republicano escreveu: “Nós derrotamos o ISIS [sigla em inglês para Estado Islâmico, EI] na Síria, minha única razão para estar lá durante a Presidência Trump”.

Cerca de duas horas depois, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, confirmou a retirada, após reiterar que os EUA tinham derrotado a milícia extremista.

“Essas vitórias sobre o ISIS na Síria não significam o fim da coalizão global ou de sua campanha”, afirmou, em comunicado.

“Nós começamos a trazer para casa soldados americanos conforme nós fazemos a transição para a próxima fase da campanha”, disse Sanders.

Ela afirmou ainda que os EUA e seus aliados estão prontos para se unir para defender os interesses americanos sempre que necessário e que vão continuar “a trabalhar juntos para negar aos terroristas do Estado Islâmico terreno, financiamento, apoio e quaisquer meios de se infiltrar em nossas fronteiras”.

Uma autoridade citada pelo jornal The Washington Post diz que a decisão de retirar os soldados foi tomada na terça-feira (18).

A medida, no entanto, enfrentava oposição no Pentágono, com autoridades afirmando que uma movimentação do tipo representaria uma traição aos aliados curdos que combateram ao lado dos EUA na Síria. Eles estariam sob ameaça de uma ofensiva militar da Turquia.

A Turquia considera as forças curdas apoiadas pelos americanos um grupo terrorista, por causa de sua conexão com o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão). Os sírios curdos, que controlam cerca de 30% da Síria, querem criar uma região autônoma no nordeste da Síria, semelhante a uma que existe no Iraque.

As fontes do Pentágono também avaliam que uma saída abrupta dos EUA levantaria questões sobre se os combatentes do EI conseguiriam se fortalecer novamente.

O EI já perdeu cerca de 90% das áreas que ocupava na Síria e no Iraque. Um relatório de uma autoridade do Departamento da Defesa calcula que haveria cerca de 30 mil membros do grupo na Síria e no Iraque.

Os cerca de 2.000 soldados americanos na Síria basicamente assessoravam uma milícia formada por tropas árabes e curdas.

Nos últimos dias, a Turquia acusou os EUA de fracassar em combater as ameaças à segurança na região. Os dois países divergem sobre a estratégia a ser aplicada contra o grupo extremista.

O secretário de Defesa, Jim Mattis, e outras autoridades de segurança vinham tentando dissuadir Trump de uma retirada completa. Eles consideram que significaria uma mudança em política de segurança nacional que poderia levar a uma maior influência da Rússia e do Irã na Síria.

A saída também prejudicaria esforços futuros dos EUA de ganhar confiança de combatentes locais no Afeganistão, Iêmen e Somália, por exemplo.

A retirada das tropas da Síria, porém, era promessa de campanha de Trump. Em abril, o presidente relutou, mas concordou em dar ao Departamento de Defesa mais tempo para concluir a missão no país.

Uma autoridade citada pelo jornal The New York Times diz que uma possibilidade é uma retirada em etapas, embora Trump prefira a saída completa dos soldados e o mais rápido possível.

Outro oficial do Departamento de Defesa ouvido pelo Times sugere, porém, que o anúncio faria parte de uma estratégia do presidente de desviar atenção de uma série de problemas que ganharam força nos últimos dias, como a investigação sobre a interferência russa nas eleições de 2016.