Viúva pede R$ 5 milhões a empresa de cruzeiros que deixou corpo do marido em freezer de bebidas
Robert Jones morreu de ataque cardíaco em 2022 quando viajava a bordo do Celebrity Equinox, em Porto Rico
Em agosto passado, Marilyn Jones e seu marido, Robert, partiram de Fort Lauderdale, na Flórida, em um cruzeiro de oito dias pelo Caribe a bordo do Celebrity Equinox. O casal, da cidade de Bonifay, tinha apenas dois dias de viagem quando o homem, de 79 anos, morreu de ataque cardíaco.
A Celebrity Cruises apresentou a Marilyn duas opções, de acordo com um processo federal que ela moveu contra a companhia de cruzeiros esta semana: desembarcar com o corpo de seu marido em San Juan, em Porto Rico, ou concordar em mantê-lo armazenado no necrotério do navio até que o retorno a Flórida seis dias depois.
Ela optou por permanecer no navio. Mas quando um agente funerário e um assistente do xerife do condado de Broward subiram a bordo em Fort Lauderdale para retirar o corpo de Robert, eles descobriram que ele havia sido transferido do necrotério para um refrigerador em um andar diferente, de acordo com o processo, que foi aberto nesta quarta-feira no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Sul da Flórida.
Tendo sido armazenado em uma temperatura insuficiente, o corpo havia “se decomposto horrivelmente”, disse o processo, impedindo que sua família tivesse um caixão aberto em seu velório e funeral.
Por seu trauma, Marilyn, que foi casada com seu marido por 55 anos, e sua família estão buscando um julgamento com júri e pelo menos US$ 1 milhão em danos (cerca de R$ 5 milhões). Em comunicado, a Celebrity Cruises se recusou a comentar, citando “a sensibilidade dos fatos alegados e por respeito à família”.
O processo, que foi relatado pelo Miami New Times, diz que membros da tripulação do navio disseram a Marilyn que se ela saísse do navio em San Juan teria que ficar em Porto Rico com o corpo do marido e tomar providências por conta própria para levá-lo de volta à Flórida.
Com a certeza de que o Equinox estava equipado para transportar com segurança o corpo de seu marido de volta a Fort Lauderdale, Marilyn, que tinha 78 anos na época e repentinamente estava viajando sozinha, deu permissão à tripulação para armazenar o corpo de Robert no necrotério do navio e concordou em permanecer a bordo pelo resto do cruzeiro, segundo o processo.
— Ela teve uma escolha muito difícil — disse Thomas Carey, advogado que representa Marilyn, suas duas filhas e três netos, que também são autores do processo, em entrevista na sexta-feira. — Ela selecionou logicamente o necrotério do navio — disse ele, depois que ela teve certeza de que havia uma instalação apropriada.
— Em algum momento desconhecido alguém descobriu que a refrigeração não estava funcionando — acrescentou o advogado.
Quando o agente funerário e o assistente do xerife descobriram que o corpo de Robert não estava no necrotério, mas havia sido transferido para um refrigerador de bebidas, ficou “imediatamente claro” que estava em estágios avançados de decomposição. O corpo, segundo o processo, havia se expandido com gás e “sua pele ficou verde”.
O refrigerador era destinado a coisas como refrigerante, disse Carey, e não era frio o suficiente para armazenar um corpo humano.
Como todos os navios de cruzeiro, o Celebrity Equinox, registrado em Malta e com capacidade para transportar até 2.852 pessoas, é obrigado a ter um necrotério porque as mortes a bordo não são incomuns, disse Hendrik Keijer, especialista em operações marítimas que serviu por 10 anos como capitão dos navios de cruzeiro da Holland America Line.
— Para algumas pessoas, infelizmente, são as últimas férias — disse Keijer. — É por isso que os necrotérios estão a bordo — acrescentou.
Se Marilyn soubesse que o navio não tinha um necrotério funcionando, ela teria escolhido retirar o corpo de seu marido do navio em Porto Rico, conforme consta no processo. A forma como a Celebrity Cruises lidou com o assunto foi “imprudente e descuidada”, afirmam os advogados.
Marilyn e sua família estão “arrasados” e vão lutar para se recuperar, segundo Carey.
— Pelo resto da vida ela vai ter que pensar sobre isso — finalizou o advogado.