COLUNA DO JOÃO BOSCO BITTENCOURT

Alagamentos são resultado de décadas sem investimentos em drenagem

Gestão da Prefeitura de Goiânia corre contra o tempo, priorizando obras que deveriam ter sido feitas há muito tempo

Goiânia começou 2024 em meio a chuvas torrenciais, com volumes de água muito fora do normal. Alagamentos em vários pontos da cidade parecem colocar em xeque as obras de drenagem urbana na Capital, que são uma das áreas prioritárias da atual gestão do prefeito Rogério Cruz. O processo de planejamento e execução dos empreendimentos está em andamento, porém, são projetos que necessitam tempo e não ficam prontos a curto prazo.

Os atuais contratempos com as enxurradas, mesmo em meio a um investimento recorde de R$ 200 milhões em drenagem, mostram que houve falta de ação nas gestões passadas, já que esse tipo de problema não é novo na Capital. Aliás, há décadas Goiânia já sofre com alagamentos durante os primeiros meses do ano, que são naturalmente os mais chuvosos. A situação é ainda pior este ano devido ao fenômeno El Niño, que causou uma onda extrema de calor em 2023 e, agora, traz chuvas torrenciais para boa parte do País.

Segundo o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), em algumas regiões de Goiânia chegou a chover 100 mm apenas nos dois primeiros dias do ano. Este volume é quase metade do esperado para todo o mês de janeiro. Além disso, a intensidade da chuva também é fator que impacta negativamente o sistema de drenagem. No domingo (7), em apenas duas horas, choveu mais de 50 mm, causando a sobrecarga de um sistema que, historicamente, necessita de expansão.

A gestão do prefeito Rogério iniciou, há quase um ano, a elaboração do Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia (PPDU-GYN), que está sendo preparado por técnicos renomados da Universidade Federal de Goiás (UFG). Tal ação, contudo, leva tempo e ficará pronta apenas no final de 2024. Vale lembrar que o atual plano de drenagem é de 2005 e só contempla 60% da Capital. Ou seja, um novo planejamento já era necessário há pelo menos uma década, mas não foi feito. Assim como a maior parte das obras de drenagem que estão sendo realizadas na atual administração.