ENTREVISTA

Alcides critica Vilmar e diz que disputaria prefeitura de Aparecida se eleição fosse hoje

Deputado federal destacou que se eleições fossem hoje, seria candidato, mas decisão ficará para o ano que vem

Professor Alcides em entrevista ao Mais Goiás (Foto: Divulgação/Assessoria)

Em uma entrevista ao Mais Goiás nesta sexta-feira (28), recheada de questionamentos ao atual prefeito Vilmar Mariano (Patriota), o deputado federal professor Alcides Ribeiro (PL) revela que se as eleições fossem hoje, estaria como candidato a prefeito do município. Como serão realizadas em 2024, a decisão será tomada apenas em janeiro. 

Até lá, não vê motivos para entregar os cargos que tem na gestão do prefeito Vilmar Mariano, mesmo indicando que conversa com partidos da oposição, em mais um indicativo que tem construído sua pré-candidatura, mesmo que reiteradamente afirme que a decisão será tomada apenas no ano que vem.

Em uma das críticas, Alcides responsabiliza o próprio Vilmar Mariano pelo clima intenso que Aparecida vive eleitoralmente. “Eu acho que o gestor da cidade antecipou as eleições e com isso, está tendo um grande rebuliço na cidade. Em vez dele se preocupar em fazer gestão, ele está se preocupando em fazer política.”, salienta.

Mesmo colocando a decisão para a candidatura apenas para o ano que vem, mostra desejo com o projeto. “Se a eleição fosse hoje eu seria candidato, mas como ela é só em 2024 eu vou definir só em 2024. Não há como administrar e fazer política ao mesmo tempo”, reforça.

Leia a entrevista na íntegra com o deputado federal Professor Alcides Ribeiro:

Domingos Ketelbey: Exatamente um ano antes, o assunto das eleições de 2024 pauta o cenário político de Aparecida. Por que?

Eu acho que o gestor da cidade antecipou as eleições e com isso, está tendo um grande rebuliço na cidade. Em vez dele se preocupar em fazer gestão, ele está se preocupando em fazer política. Esse é o problema que está acontecendo. Se ele tivesse fazendo gestão no município, essas coisas não aconteceriam e não estaria essa ebulição que está na cidade.

Acha então que o prefeito é responsável por esse clima?

Exatamente. O prefeito deixou de gerir a cidade e está fazendo política. Eu sempre falo que política se fala em ano de política. Você pode fazer um trabalho político sem falar em política antes do momento. No momento certo, se fala em política. Ele acabou antecipando o período e está trazendo um transtorno muito grande com todos os 200 políticos da cidade.

E como está sua relação com o prefeito Vilmar Mariano?

Está normal. Eu só deixei de frequentar o gabinete dele porque tenho recebido muitas críticas do gabinete e isso me deixa muito magoado porque eu tenho procurado fazer tudo pela cidade e continuo administrando e trazendo os recursos que a cidade precisa. 

O que vocês haviam combinado com relação as eleições 2024?

Existe uma combinação mas não quero frisar aqui para não ter que ficar alfinetando ninguém. Ele sabe muito bem qual a combinação que existia na presença de oito vereadores. Não quero tratar sobre esse assunto porque não é hora. Eu realmente vou fazer política só em 2024.

E existe movimentação de pré-candidatura? O senhor vai se candidatar em 2024?

Isso é algo que eu já reafirmei diversas vezes que só vamos definir isso em janeiro do ano que vem. Mesmo que hoje estou preocupado em trabalhar para os municípios que me elegeram. Se eu ficar fazendo política municipal em Aparecida, consequentemente, eu não vou trabalhar para outros municípios. Eu tenho uma gama de eleitores fora de Aparecida. Recebi mais de 50 votos fora de Aparecida e tenho que dar assistência para municipio. Semana passada fizemos uma turnê por 12 municípios. Essa próxima semana, vou fazer por outros municípios. É o que estamos fazendo. Trabalhando e levando recursos para as cidades.

Mas o presidente do PL em Goiás, Wilder Morais quer candidaturas nas principais cidades, especialmente Goiânia e Aparecida…

Sim, isso é notório. O PL sabe disso. Toda a comunidade sabe disso e o presidente Bolsonaro não esconde isso em nenhum momento. Ele quer fazer mais prefeitos nas capitais e nas grandes cidades e nas pequenas cidades. Não tem nada a ver uma coisa com a outra.

Se o PL tiver candidato em Aparecida de Goiânia…

Estarei junto com o PL. 

Como candidato?

Pode ser como candidato, pode não ser. Isso é algo que só vamos definir em 2024.

Prefeito Vilmar Mariano disse que se insistisse na candidatura, o senhor mesmo iria devolver os cargos. Vai fazer isso?

A combinação que eu tenho foi com o prefeito que estava. Os dois cargos que eu indiquei lá foi uma combinação pelo trabalho que fiz pelo prefeito Gustavo Mendanha. Os cargos são deles. Se ele achar que deve embora hoje ou amanhã, isso é um problema dele e não meu.

Então não vai instruir suas indicações a entregarem os cargos?

Não instruí, porque o acerto foi feito lá atrás pelo trabalho que nós já realizamos. Eu não vou instruir ninguém a tirar.

O trabalho continuará sendo feito normalmente?

Eu vou procurar fazendo meu trabalho normalmente, em Goiânia, Aparecida, outras cidades. Em janeiro do ano que vem decido se serei candidato ou não.

Por que tantas pré-candidaturas em Aparecida?

A pré-candidatura é natural. Todas as cidades têm suas pré-candidaturas. Goiânia também tem uma dúzia de pré-candidatos. Aparecida não seria diferente. Aqui temos o Ademir Menezes, o André Fortaleza, o Glaustin da Fokus, o Cortez, o delegado Waldir. Todos são pré-candidatos. Ser pré-candidato é uma coisa, ser candidato é outra. 

Como está seu relacionamento com o governador Ronaldo Caiado?

Excelente.

Há chances de caminhar com ele nas principais cidades que o senhor tem base?

Todas as cidades que eu sou representante, eu tenho respaldo do governador. Existe um critério de representação e prestígio político em cada cidade. Se eu sou representante em Aparecida, eu represento o governador. Quem é mais votado na cidade é o representante.

Tem falado com ele regularmente?

Estive com ele na segunda-feira. Não fui hoje na recepção do vice-presidente junto com ele porque tinha agendas importantes e não poderia cancelá-las. Avisei que não poderia ir. 

E falam nessas conversas sobre eleições do ano que vem?

Ele vai definir só em 2024. Nós já conversamos. Conversas boas. Ele também conversa com o Ademir, com o próprio Vilmar que é da base, com o Glaustin e o delegado Waldir… Mas definição é só janeiro de 2024.

Acredita que pode haver uma mudança no clima e todos esses nomes citados possam caminhar juntas nas eleições em 2024?

Em política não existe nada impossível. Política é arte de conversar e falar. A gente vai conversando e falando. Quem sabe em 2024 eu sou o candidato que preencha os olhos do governador? Se for e ele me convidar, eu posso aceitar. 

Qual a nota que o senhor dá para a administração de Aparecida?

Continuo dando nota 5.

Porquê?

Porque a administração está ruim. O prefeito deixou de gerir a cidade e está fazendo política. Ele tem que gerir a cidade. A cidade está cheia de mato. O pessoal parou de reclamar um pouco porque os matos estão murchando. Com muito sol, acabou secando. Ruas esburacadas, sem iluminação. A gestão não tem foco. Isso eu disse para ele. Não to dizendo para você, eu disse para ele. Ele não gosta de ouvir as pessoas que querem o bem dele. Ele prefere estar cheio de puxa-saco, dizendo para ele que tá tudo bem, tá tudo bom, tá tudo isso e aquilo. Eu não tenho a filosofia de puxar-saco.

O que seriam esses puxa-sacos? 

Exatamente por isso. Mostrei uma pesquisa a ele em que a situação estava ruim e ele disse que a pesquisa era mentirosa. Outras pessoas fazem pesquisas enganadoras e dizem que ele tá assim [indicando boa gestão]. Ele acha melhor ouvir essas pessoas. Não trabalhos com mentiras. Quem me rodeia sabe o jeito que eu sou. Sou enfático, positivo e extremamente coerente. É o que o prefeito não é. 

O Vilmar diz que com o empréstimo liberado, Aparecida irá tornar um grande canteiro de obras. Isso pode reverter a condição eleitoral do prefeito?

Isso é um sonho que não vai se tornar realidade. Empréstimos internacionais demoram em média 6 a 7 meses para serem liberados. Daqui seis meses, chegamos em janeiro. Tem muita chuva… Depois vem abril, as chuvas vão embora em abril, até ele licitar, se o dinheiro chegar, até licitar é impossível ele fazer qualquer tipo de obra. Vem período eleitoral e não faz licitação. Isso é sonho que não vai se tornar realidade.  Eu disse para ele em outubro do ano passado, eu propus a ele 500 milhões no BRB e também 500 milhões pela Caixa Econômica Federal. Fui nos dois locais, arrumei o recurso e ele falou que preferiria esperar esse. 

O senhor esteve recentemente com o novo presidente do PSDB em Aparecida. Como foi essa conversa?

O PSDB não anda com o Vilmarzinho. Como ele é da oposição, fui lá saber qual é a ideia e o que eles estão pensando. Uma coisa deixou claro, que poderiam apoiar qualquer um, menos o Vilmar Mariano.

Essa construção de conversar com outros partidos acontece?

Acontece, já conversei com todos os partidos. Com o próprio prefeito, com Glaustin da Fokus, Ademir Menezes, André Fortaleza, Felipe Cortez e Delegado Waldir. Tenho relacionamento com todos os pré-candidatos que são citados na pesquisas.

O senhor diz que vai tomar a decisão só ano que vem, mas o deputado se anima com a possibilidade de se candidatar a prefeito de Aparecida?

Tudo é possível. Depende dos critérios, do momento, de quais os apoios que viram. Tudo isso é conversado. 

Hoje o senhor tá animado?

Se a eleição fosse hoje eu seria candidato, mas como ela é só em 2024 eu vou definir só em 2024. Não há como administrar e fazer política ao mesmo tempo. Administrar é uma coisa, fazer política é outra. Por isso que em ano político as Prefeituras e os Governos não rendem. Eles deixam de gerir para fazer política.