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Alckmin diz que Lula não deve vetar tributação de compras internacionais até US$ 50

Vice-presidente também falou em redução de imposto para eletrodomésticos da linha branca em troca de desconto no Rio Grande do Sul

Alckmin diz que Lula não deve vetar tributação de compras internacionais até US$ 50
Alckmin diz que Lula não deve vetar tributação de compras internacionais até US$ 50 (Foto: Cadu Gomes - VPR)

BRASÍLIA (FOLHAPRESS) – O vice-presidente Geraldo Alckmin disse nesta sexta-feira (31) que o presidente Lula (PT) não deve vetar a taxa para compras internacionais de até US$ 50 em sites estrangeiros, como Shein, Shopee e Aliexpress, com alíquota de 20%.

A medida consta em projeto de lei que cria o programa automotivo Mover (Mobilidade Verde e Inovação), e deve ser votada na próxima terça-feira (4), no Senado.

Alckmin falou ainda que o governo está negociando com o setor de eletrodomésticos redução de imposto em troca de desconto em produtos da linha branca para o Rio Grande do Sul.

As declarações foram feitas em entrevistas à BandNews TV, nesta sexta-feira.

Ao comentar sobre o programa Mover, Alckmin criticou os “jabutis” — termo utilizado para dispositivo sem relação com o texto inicial.

O principal é o da “taxação das blusinhas”, como foi apelidado o imposto sobre importados de até US$ 50, até então isentos de tributos federais.

“Não ouvi do presidente ter falado se veta ou não. Mas meu entendimento é que ele não vetará. Foi aprovado praticamente por unanimidade. Foi um acordo inteligente”, disse.

O varejo nacional defendia uma tributação superior, com o apoio tanto do ministro Fernando Haddad (Fazenda) quanto de Alckmin, que também é ministro da Indústria, Comércio e Serviços. O presidente Lula, por sua vez, era contrário à medida e buscou freá-la na Câmara, sem sucesso.

Prevaleceu o acordo negociado entre Lula e Lira de instituir a tributação, mas com um porcentual menor, de 20%. “Acho que atende parcialmente a indústria”, afirmou.

O vice-presidente defendeu ainda a retirada de outro polêmico jabuti do projeto do Mover no Senado, uma emenda que exige conteúdo local na exploração de petróleo. O trecho contou com o apoio da liderança do governo e do PT na Câmara, mas enfrenta resistência do setor, que fala em fuga de investidores.

Alckmin evitou falar diretamente sobre o mérito da emenda, mas defendeu que ela seja analisada separadamente, o que uma ala do governo já busca fazer no Congresso.

Redução de impostos

O vice-presidente também falou sobre o desconto para eletrodomésticos a famílias no Rio Grande do Sul, e mencionou uma contrapartida tributária, o que não havia sido mencionado ainda.

“Conversamos com Eletros [Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos] e estamos estudando. A gente reduz um pouco a carga tributária e eles dão desconto. Vai ter dois benefícios. Não é muito diferente do que a Miriam Belchior falou, mas vamos aguardar, porque não fechamos ainda esses números”, disse ele.

A secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, afirmou nesta semana que está em estudo a possibilidade de desconto de 15% para os itens.

Inicialmente, antes de lançar o auxílio reconstrução de R$ 5.100, o governo cogitou comprar itens e doar para a população, mas abandonou a ideia pela logística. Então, por determinação de Lula, o governo conversa com o setor para ver possibilidade de baratear itens da chamada linha branca, que são fogões, tanquinhos, geladeiras etc.

O próprio presidente anunciou essa possibilidade durante reunião de anúncio de novas medidas para a população do Rio Grande do Sul, atingida pelas enchentes.