INVESTIGAÇÃO

Bolsonaro depõe hoje à Polícia Federal sobre joias sauditas

Os objetos foram trazidos por sua comitiva de governo e confiscados pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, no ano passado

Senador goiano pede a TCU que cobre de Bolsonaro inventário com presentes recebidos durante gestão
Senador goiano pede a TCU que cobre de Bolsonaro inventário com presentes recebidos durante gestão (Fotos: Reprodução)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai depor hoje à Polícia Federal, após ter sido intimado, para explicar o caso das joias recebidas da Arábia Saudita.

Os objetos foram trazidos por sua comitiva de governo e confiscados pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, no ano passado. Outras joias sob posse do ex-presidente também são alvo de apuração. Veja abaixo os principais pontos do depoimento.

O depoimento de Bolsonaro à PF está agendado para as 14h30 e vai ser presencial. O local não foi divulgado, principalmente por questões de segurança.

Há expectativa de que outros personagens da história sejam ouvidos no mesmo dia e horário, como o militar Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, Marcelo Câmara, assessor que trabalha na segurança de Bolsonaro, e o ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes.

O ex-ministro Bento Albuquerque foi o primeiro a tentar liberar as joias após o confisco, alegando se tratar de um presente para a primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Mauro Cid emitiu um ofício com o brasão da República para pedir a liberação das joias apreendidas em Guarulhos, escalando ele mesmo para a empreitada. No documento, obtido pela GloboNews, Cid dizia que o estojo que continha os itens estaria no “acervo privado” de Bolsonaro.

Após envio do ofício e aconselhado por amigos, ele teria optado por repassar a missão de recuperar as joias a seu auxiliar, o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, que foi então pessoalmente a Guarulhos no dia seguinte. Segundo o Estadão, Cid vai implicar Bolsonaro nessa tentativa de reaver as joias.

Julio Cesar Vieira Gomes, então chefe da Receita, teria sido procurado por Bolsonaro e tentado forçar a liberação dos objetos. Ele teria inclusive participado da elaboração do ofício emitido por Mauro Cid em 28 de dezembro, orientando o ajudante de ordens sobre como redigir o texto endereçado a ele mesmo no intuito de liberar as joias apreendidas.

O que a Polícia Federal quer saber?

Os delegados deverão questionar Bolsonaro sobre a origem dos objetos, sobre quem teria entregado as joias e sobre o destino final —se era para acervo pessoal do ex-presidente ou para o acervo da Presidência. A PF já ouviu o ex-ministro Bento Albuquerque por videoconferência em março.

Onde estão as joias?

Um conjunto de joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, que seria para Michelle, foi retido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP), ainda no ano passado. Após decisão do TCU (Tribunal de Contas da União), ele foi enviado para uma agência da Caixa Econômica Federal. Outros pacotes de joias estão sob posse de Bolsonaro. O TCU obrigou o presidente a devolver os presentes. Ontem, foi a vez de um terceiro lote ir para a guarda da Caixa.

Por que foram devolvidas?

Porque as joias foram dadas a Bolsonaro como representante do governo brasileiro e, por isso, deveriam fazer parte do acervo público da Presidência, não de seu acervo pessoal.

Bolsonaro já disse que “nada foi escondido” nesse caso. Sua defesa foi procurada, mas não respondeu aos contatos da reportagem.