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Braço direito de Pazuello diz à CPI que teria comprado Pfizer ‘se pudesse’

Apontado como homem de confiança do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o empresário Airton Antonio…

Airton Cascavel é apontado como alguém que atuou na pasta federal sem qualquer vínculo formal
Airton Cascavel é apontado como alguém que atuou na pasta federal sem qualquer vínculo formal (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Apontado como homem de confiança do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o empresário Airton Antonio Soligo disse nesta quinta-feira (5), em depoimento na CPI da Covid, que teria comprado vacinas contra Covid-19 da Pfizer e Janssen com antecedência se tivesse poder.

Conhecido como Airton Cascavel, o empresário é apontado em investigações do colegiado como alguém que atuou na pasta federal por vários meses sem qualquer tipo de vínculo formal. Interlocutores baseados nos estados e municípios chegaram a se referir a Cascavel como “ministro de fato” durante a gestão Pazuello.

“Não fui omisso, fiz minha parte. Quando falam da vacina, eu chego a dizer o seguinte: se eu tivesse poder de decisão que as pessoas muitas dizem, eu teria comprado, mesmo não podendo comprar como a lei dizia [na época], eu teria comprado a Pfizer, a Janssen, e estaria aqui hoje respondendo porque teria comprado”, disse.

A demora para a compra de vacinas pelo governo federal é um dos principais pontos de investigação da CPI da Covid. Durante o ano passado, o Ministério da Saúde deixou de responder dezenas de e-mails da Pfizer que tratavam sobre a negociação.

Cascavel é amigo pessoal do ex-ministro da Saúde e, apesar de não ocupar cargo algum na estrutura da pasta, participou de reuniões e agendas oficiais. Tais fatos foram revelados pela imprensa no ano passado e, em reação a críticas, Pazuello decidiu nomeá-lo assessor especial, cargo que ocupou de junho de 2020 a março de 2021.

No depoimento, Cascavel disse que a politização sobre as vacinas atrapalhou o enfrentamento da pandemia. “O grande problema foi a politização, se politizou essa questão [da vacina], a questão do Butantan. Não falavam da importância da Fiocruz. E ali era interlocução política”, disse.