ELEIÇÕES 2020

Candidaturas coletivas: eleição terá grupos que pretendem dividir mandato

Pelo menos sete coletivos estão formados em quatro estados e vários outros devem ser organizados nas próximas semanas

Bancada do Livro, no Rio, tem propostas ligadas ao desenvolvimento da cultura e da educação Foto: Divulgação
Bancada do Livro, no Rio, tem propostas ligadas ao desenvolvimento da cultura e da educação Foto: Divulgação

Inspiradas na vitória em 2018 da bancada Ativista, que levou nove pessoas de três diferentes partidos a dividirem um único mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo, as candidaturas coletivas se multiplicam para a disputa das eleições municipais de novembro. Pelo menos sete coletivos estão formados em quatro estados e vários outros devem ser organizados nas próximas semanas, já que o prazo de inscrição de candidaturas para a próxima eleição vai até 26 de setembro.

Para a Câmara de Vereadores do Rio, estão na disputa, por exemplo, a Bancada do Livro (Cidadania) e a Coletivas (Rede). Um novo grupo originado na Bancada Ativista, o Periferia é o Centro (PDT) e a Bancada Sustentável (PV) vão disputar uma vaga de vereador na capital paulista.

Na cidade de Ourinhos (SP), o coletivo Enfrente (PT), formado por mulheres, lançou sua pré-candidatura. Na Bahia e em Pernambuco, a Mandata Trans Coletiva entrará na disputa em Porto Seguro, e a Pretas Juntas na Política em Recife. Ambos pelo PSOL.

O modelo é sempre o mesmo: uma pessoa é escolhida pelo grupo para registrar a candidatura em seu nome (o Tribunal Superior Eleitoral só admite um candidato), e as demais se transformam em co-vereadoras, dividindo o gabinete. Os cargos de assessor parlamentar, em geral, são distribuídos entre o grupo. Cada integrante do coletivo tem uma área de atuação comunitária e, somados, os interesses se transformam na plataforma política.

Estímulo à educação

A Bancada do Livro, no Rio, por exemplo, tem como prioridade fomentar educação e cultura.

— A gente entende que livro, educação e cultura são importantes na transformação da sociedade — diz Bianca Lessa, que coordena a pré-campanha da Bancada do Livro.

A economista Erian Ozorio, que em 2018 integrou o grupo Mulheres na Política, de apoio a candidatas, afirma que lançar seu nome sozinha seria muito difícil, mas no coletivo a ideia ganhou força. Hoje, são sete mulheres, cada uma com área de atuação definida, dispostas a dividir um mandato.

Em São Paulo, o ambientalista Casé Oliveira, do PV, e mais seis pessoas formam a Bancada Sustentável, com pautas que vão de meio ambiente a educação e cultura na periferia.

— A ideia inicial era eleger 32 vereadores, um em cada subprefeitura, mas a maioria quer ser dono de seu mandato. Ocorre que a sociedade é multipartidária e temos muito a fazer. Ainda temos casas sem água encanada — diz Oliveira

Co-deputado na Bancada Ativista, Jesus dos Santos se afastou da Assembleia paulista para lançar um grupo de 13 pessoas pelo PDT.

— Sou porta voz de uma demanda única. Entendemos que existe desigualdade na distribuição da arrecadação e o nosso projeto de cidade é o desenvolvimento social, econômico e de gestão da periferia — explica Santos.

Há ainda, desde 2016, um mandato coletivo em exercício no município de Alto Paraíso de Goiás, onde cinco pessoas se uniram num cargo de vereador.

Na última eleição para Câmaras Municipais, em 2016, foram lançadas 70 candidaturas coletivas ou compartilhadas e 16 mandatos foram conquistados.