NOTA

Contra discurso de Bolsonaro, Federação Goiana de Municípios apoia Caiado

A Federação Goiana de Municípios (FGM) emitiu uma nota pública de apoio ao governador Ronaldo…

Contra discurso de Bolsonaro, Federação Goiana de Municípios apoia Caiado
Contra discurso de Bolsonaro, Federação Goiana de Municípios apoia Caiado

A Federação Goiana de Municípios (FGM) emitiu uma nota pública de apoio ao governador Ronaldo Caiado (DEM) e contra o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), realizado na noite de terça-feira (24). “Os prefeitos dos municípios goianos reafirmam sua confiança na liderança do Governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado, e de seu Secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino Júnior, em relação ao enfrentamento da pandemia do coronavírus”, diz parte do texto.

Bolsonaro, entre outras coisas, pediu pelo retorno da população às ruas, com abertura de escolas e comércios, e voltou a atacar imprensa, pela criação do chamou de “histeria” em relação ao vírus, e gestores por discurso de “terra arrasada” – o que repercutiu entre governadores (gestor de São Paulo, João Doria anunciou, segundo a GloboNews, que os 27 governadores irão se reunir para tratar da gravidade da situação do país e as reações do presidente Jair Bolsonaro). Segundo o presidente, o coronavírus é um gripezinha e ele, como atleta, mal seria afetado.

Nota da FGM

Ainda sobre a nota da FGM, a mesma informa que “em todo o mundo temos presenciado os efeitos nefastos deste vírus, como o número alarmante de pessoas que perderam suas vidas, economia em crise, recomendações da Organização Mundial da Saúde – OMS para que as pessoas fiquem em casa e fronteiras entre países sendo fechadas. Neste sentido as medidas adotadas em Goiás não só foram rápidas, mas também assertivas”.

Segundo o texto, a preocupação em não gerar pânico e com a economia também é compartilhada pelos prefeitos goianos, mas o momento é de pensar nas vidas. “nesta seara, as ações do Governo do Estado de Goiás têm feito isso e também trazido tranquilidade a população, mostrando que serão adotadas as medidas necessárias para essa pandemia seja controlada”.

Por fim, o texto afirma que Goiás enfrenta a pandemia conforme a evidência científica e que sacrifícios ainda deverão ser feitos. “os prefeitos e prefeitas continuarão seguindo as orientações técnicas do Governo do Estado e de sua Secretaria de Saúde, recomendam ainda: Fiquem em casa”.

Caiado

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), fez um pronunciamento na manhã desta quarta-feira e rebateu as colocações feitas pelo presidente. O goiano disse que se tiver de tomar alguma medida junto ao governo federal, buscará o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. O governador rechaçou Bolsonaro pelo fato de não ter consideração com aliados.

“Como médico e governador não posso concordar com um presidente não tem consideração com seus aliados”, destacou o governador de Goiás. O Chefe do Executivo goiano disse que foi aliado de “primeira hora”, mas que não pode admitir tal situação.

O governador exclamou, ainda, que as colocações do presidente causam a ele indignação. Para ele, Jair minimizou o problema utilizando termos como “um resfriadinho, uma gripezinha”, para se referir ao vírus que causou pandemia, reconhecida pela grande maioria dos países do globo. Ronaldo Caiado declarou que as afirmações “causam indignação e que tem ‘orgulho de ser médico’”.

Ele também informou que falará, agora, com Bolsonaro por comunicados oficiais. O governador declarou que esta foi uma decisão pessoal dele e nem mesmo chegou a conversar com os familiares mais próximos sobre o assunto. No mesmo discurso, Caiado relatou que não atenderá o Governo Federal no que se refere ao combate do coronavírus e que em Goiás seguirá as recomendações feitas pela Organização Mundial da Saúde.

Outras entidades

Também nesta quarta-feira, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) emitiu uma nota contrária ao discurso do presidente Bolsonaro. “[Em] Mais uma demonstração pública de sua descompostura e inépcia, o presidente atacou a imprensa e orientou o povo brasileiro a não seguir as recomendações das autoridades sanitárias do Brasil e do mundo, em relação à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Distinguindo-se dos principais líderes políticos do mundo, Bolsonaro agiu como um genocida, ao deixar evidente seu desprezo pela vida do povo brasileiro, em especial, da população idosa.”

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), filiada à Associação Médica Brasileira (AMB), em nota, se disse preocupada com o pronunciamento oficial do presidente, “ao ser contra o fechamento de escolas e ao se referir a essa nova doença infecciosa como ‘um resfriadinho’”. Segundo a SBI, a “ pandemia é grave, pois até hoje já foram registrados mais de 420 mil casos confirmados no mundo e quase 19 mil óbitos, sendo 46 no Brasil”.

“Concordamos que devemos ter enorme preocupação com o impacto socioeconômico desta pandemia e a preocupação com os empregos e sustento das famílias. Entretanto, do ponto de vista científico-epidemiológico, o distanciamento social é fundamental para conter a disseminação do novo coronavírus, quando ele atinge a fase de transmissão comunitária. Essa medida deve ser associada ao isolamento respiratório dos pacientes que apresentam a doença, ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI) pelos profissionais de saúde e à higienização

frequente das mãos por toda a população. As medidas de maior ou menor restrição social vão depender da evolução da epidemia no Brasil e, nas próximas semanas, poderemos ter diferentes medidas para regiões que apresentem fases distantes da sua disseminação”, apontou a SBI.

Reafirmou

Nesta quarta-feira (25), pela manhã, Bolsonaro voltou a reforçar seu discuro pelo Twitter. “38 milhões de autônomos já foram atingidos. Se as empresas não produzirem não pagarão salários. Se a economia colapsar os servidores também não receberão. Devemos abrir o comércio e tudo fazer para preservar a saúde dos idosos e portadores de comorbidades.”

Inclusive, na rede social, a hashtag #BolsonaroTemRazao estava com mais de 400 mil tuites. Nem todas de apoio.