ELEIÇÕES

Datafolha: campanha de Lula comemora crescimento em evangélicos

O desempenho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre evangélicos na pesquisa Datafolha divulgada…

Datafolha: campanha de Lula comemora crescimento em evangélicos (Foto: Montagem - Divulgação)
Datafolha: campanha de Lula comemora crescimento em evangélicos (Foto: Montagem - Divulgação)

O desempenho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre evangélicos na pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira animou a campanha petista, enquanto a equipe do presidente Jair Bolsonaro minimizou o resultado, mas quer reforçar o foco na região Sudeste nessa reta final do primeiro turno.

Lula segue atrás de Bolsonaro entre os evangélicos, mas agora marca 32% dos votos — na semana anterior, tinha 28%. O crescimento de quatro pontos percentuais está dentro do limite da margem de erro. Bolsonaro tem 49% e, há uma semana, tinha 51% das intenções de voto.

Na leitura de petistas, a pesquisa demonstra os primeiros resultados de um realinhamento de estratégia voltada aos evangélicos. Estrategistas apostam que a ascendência de Lula sobre esses eleitores na reta final da campanha não poderá ser estancada, a menos que haja uma bala de prata da campanha adversária.

Outra avaliação petista é que a corrida ao Palácio do Planalto começou com uma disputa desproporcional no campo evangélico: enquanto pastores defendiam Bolsonaro dentro das igrejas, os petistas, inicialmente, resistiam a fazer ações específicas voltadas a este público por entender que o debate religioso não deveria pautar a campanha.

A ação mais efetiva voltada ao setor aconteceu em 8 de setembro, em um ato de Lula e Geraldo Alckmin com evangélicos em São Gonçalo, no Rio. O evento reuniu diversas lideranças que apoiam o ex-presidente e, na leitura de evangélicos petistas, foi um divisor de águas entre as ações que vinham sendo feitas até então. Esses petistas acreditam ainda que a adesão de Marina Silva (Rede-SP), que é evangélica, à campanha, também reforça o simbolismo.

Neste final de semana, o PT vai intensificar panfletagem voltada especificamente a este eleitorado. Mas orientação do partido é de que nenhuma ação ocorra próximo a templos e igrejas, e seja concentrado em locais com grande concentração de pessoas.

— Entendemos que é importante manter atividades massivas de rua, mantendo a visibilidade da presença física da militância para conquista política e discussão de valores com esse público — afirma o pastor Luiz Sabanay, à frente do comitê nacional evangélico do PT.

De modo geral, a pesquisa Datafolha aponta para um cenário de estabilidade. O levantamento mostra que o ex-presidente Lula tem 45% das intenções de voto no primeiro turno da eleição presidencial, seguido por Bolsonaro, com 33%. Ciro Gomes (PDT) tem 8% e Simone Tebet (MDB) tem 5%.

Bolsonaro minimiza

Em relação à pesquisa anterior do Datafolha, de 9 de setembro, Lula se manteve igual. Já Bolsonaro oscilou de 34% para 33% — a diferença entre eles é de 12 pontos.

Do lado governista, integrantes da campanha de Bolsonaro mais uma vez adotaram um tom de minimizar os dados do Datafolha, alegando que há uma divergência não só com as suas pesquisas internas, mas também com levantamentos de outros institutos, como Ipec e Quaest. As sondagens internas não podem ser divulgadas porque não têm registro no Tribunal Superior Eleitoral e não seguem os mesmos critérios de institutos tradicionais.

Aliados de Bolsonaro afirmam que as pesquisas da campanha mostram um desempenho melhor do presidente no Sudeste. Por isso, a equipe de Bolsonaro deve reforçar o foco nessa região, que reúne os maiores colégios eleitorais do país.

No Sudeste, o Datafolha apontou uma oscilação positiva de Lula (de 41% para 43%) e negativa para Bolsonaro (de 36% para 34%). Entretanto, a vantagem do petista em Minas Gerais caiu sete pontos, passando de 17 para 10. Minas tem o segundo maior eleitorado do país, atrás apenas de São Paulo. O presidente viaja para o estado na próxima semana.

A rejeição de Bolsonaro também está sendo minimizada por auxiliares de Bolsonaro. No novo Datafolha, a taxa de rejeição oscilou para cima, passando de 51% para 53%.

Simone e Ciro

Aliados de Ciro Gomes dizem reservadamente que veem poucas chances de virada do pedetista para que ele esteja no segundo turno da disputa. Há, no entanto, dois elementos em que a campanha se apega na esperança de que o presidenciável decole na disputa, a duas semanas do primeiro turno. Eles acreditam que os próximos debates podem favorecer Ciro.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, afirma ainda que as eleições brasileiras são tradicionalmente marcadas por surpresas.

— Apesar de toda campanha do voto inútil, nos mantemos firmes e vamos lutar até o último minuto. O Brasil é a terra das surpresas e teremos dois debates ainda — diz Lupi, que completa: — O jogo só acaba quando termina.

Nesta última semana, Ciro foi alvo de ofensivas petistas para virar o voto do eleitor pedetista em favor de Lula, afim de que as eleições não se estendam para além do primeiro turno. Com o ex-presidente se mantendo numericamente no mesmo patamar que o Datafolha da semana passada, com 45%, e o ex-ministro subindo um ponto, os esforços do PT ainda não deram resultado.

Para a campanha de Simone Tebet (MDB), a consolidação da candidata no patamar de 5% na pesquisa Datafolha indica que ela está construindo sua base eleitoral, se tornando mais conhecida e obtendo melhores resultados na pesquisa espontânea. A expectativa para essa reta final é de manter esse patamar e explorar os próximos debates.

Na avaliação dos estrategistas da emedebista, os números da pesquisa indicam que a pressão do PT pelo voto útil não surtiu efeito e que a eleição caminha para ocorrer em dois turnos. Tebet e a vice, Mara Gabrilli (PSBD), se posicionaram, ao longo dessa última semana, contra essa estratégia de voto útil, reforçando que o eleitor não pode ficar acuado pela polarização entre Lula e Bolsonaro já no primeiro turno.