CORONAVAC

Entusiasta da 1ª vacina contra Covid do Brasil, Doria celebra prêmio Nobel para pesquisadores

"A ciência venceu. O Nobel de Medicina celebra a vida. E condena o negacionismo", escreveu

Entusiasta da 1ª vacina contra Covid do Brasil, Doria celebra prêmio Nobel para pesquisadores
Entusiasta da 1ª vacina contra Covid do Brasil, Doria celebra prêmio Nobel para pesquisadores (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)

O ex-governador de São Paulo, João Doria, celebrou o prêmio Nobel de Medicina entregue à bioquímica húngara Katalin Karikó e ao médico norte-americano Drew Weissman, nesta segunda (2), por descobertas que levaram ao desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19. O ex-gestor estava à frente daquele Estado quando houve a parceria do Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac para a produção da CoronaVac, primeiro imunizante do País contra o vírus.

“A ciência venceu. Prêmio Nobel de Medicina vai para dupla de cientistas Katalin Kariko e Drew Weissmann, por suas pesquisas que garantiram a eficiência das vacinas contra a COVID-19. O Nobel de Medicina celebra a vida. E condena o negacionismo”, escreveu no Twitter/X.

Doria teve estranhamentos com o governo federal do então presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as discussões sobre a vacina. Ao fim de 2020, ele anunciou que iniciaria a vacinação com a CoronaVac em janeiro de 2021. À época, o Executivo do País tentou comprar imunizantes produzidos pela Pfizer/BioNTech para antecipar a imunização para dezembro daquele ano, o que não foi possível.

Ainda em junho Doria tinha anunciado a parceria com a Sinovac. “Os estudos indicam que ela estará disponível no primeiro semestre de 2021, ou seja, até junho do próximo ano. E com essa vacina nós poderemos imunizar milhões de brasileiros”, previu à época. Já em julho, ele mudou a expectativa para janeiro. “Nós já poderemos iniciar a produção da vacina em dezembro e imediatamente na sequência iniciar a vacinação, com o SUS, de milhões de brasileiros, não apenas em São Paulo como também em outros estados”, afirmou.

O contrato para o recebimento de quase 50 milhões de doses ocorreu em setembro e o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que compraria os imunizantes, quando a vacina fosse aprovada, para distribuição no País. Um dia depois, Bolsonaro afirmou, via Facebook, que o Brasil não compraria a “vacina de China”. A reação de Doria foi pedir “grandeza” do ex-presidente e afirmou que “não é ideologia, não é política, não é processo eleitoral que salva, é a vacina”.

Em meados de dezembro Pazuello voltou a dizer que o governo compraria a Coronavac, se houvesse demanda. “O Butantan, quando concluir o seu trabalho e tiver sua vacina registrada, nós avaliaremos a demanda e, se houver demanda e houver preço, nós vamos comprar. […] Volto a colocar para o senhor [Doria] que o registro é obrigatório e, havendo demanda, havendo preço, todas as vacinas, todas as produções serão alvo de nossa compra”, disse o então ministro.

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) entrou em cena e, em 11 de dezembro de 2020, escreveu no Twitter/X que “toda e qualquer vacina registrada, produzida ou importada será requisitada, centralizada e distribuída aos Estados pelo Ministério da Saúde. Pazuello me informou isso aqui em Goiânia, hoje. Nenhum estado vai fazer politicagem e escolher quem vai viver ou morrer de Covid”.

O governo de São Paulo aplicou a primeira dose da CoronaVac em um domingo, 17 de janeiro de 2021, logo após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso emergencial da vacina contra. A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, moradora de Itaquera, na Zona Leste da capital paulista, foi a escolhida.

Nobel

A bioquímica húngara Katalin Karikó e o médico norte-americano Drew Weissman foram agraciados com o prêmio Nobel de Medicina, nesta segunda. “Através das suas descobertas inovadoras, que mudaram fundamentalmente a nossa compreensão de como o mRNA interage com o nosso sistema imunitário, os laureados contribuíram para a taxa sem precedentes de desenvolvimento de vacinas durante uma das maiores ameaças à saúde humana nos tempos modernos”, disse a Fundação Nobel.

Katalin foi vice-presidente sênior e chefe de substituição de proteínas de RNA na BioNTech até 2022 e desde então atua como consultora da empresa. A bioquímica também é professora da Universidade de Szeged, na Hungria, e professora adjunta da Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia. Ela descobriu uma maneira de evitar que o sistema imunológico desencadeie uma reação inflamatória contra o mRNA produzido em laboratório, anteriormente visto como um grande obstáculo contra qualquer uso terapêutico do mRNA. Weissman é professor de pesquisa de vacinas na Escola Perelman.

O prêmio foi entregue pela Assembleia Nobel da Universidade Médica do Instituto Karolinska, na Suécia, e também vem com 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 5 milhões). A entrega do prêmio de medicina dá início à premiação deste ano e os cinco restantes serão revelados nos próximos dias.

O prêmio de medicina do ano passado foi para o sueco Svante Paabo pela sequenciação do genoma do Neandertal, um parente extinto dos humanos atuais, e pela descoberta de um parente humano até então desconhecido, os denisovanos.