FGM diz que Bolsonaro desacredita combate à Covid e culpa gestores
Federação afirma que pedido de inclusão de municípios em CPI desconsidera trabalho de prefeitos
“Bolsonaro descredita as medidas de restrições e em algumas oportunidades responsabiliza os gestores”, declarou, por nota, a Federação Goiana de Municípios (FGM), ao comentar o pedido do presidente de incluir Estados e municípios na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. Ainda segundo a FGM, os prefeitos estão sofrendo, sistematicamente, com ataques que não consideram o trabalho e as dificuldades enfrentadas por eles.
“O municipalismo está preocupado com as indefinições por parte do Governo Federal. Em muitos Municípios de Goiás, as administrações não estão conseguindo fazer frente às medidas necessárias para sairmos deste pico da pandemia”, considera. “Nenhum prefeito toma medidas preventivas com alegria, estamos sendo bombardeados e pressionados, vide que são orientações de departamentos de vigilância sanitária. Quando alertados de um fato tecnicamente, e o gestor não toma providência, é ele que incorre em crime de responsabilidade, pois não poderá alegar desconhecimento do problema.”
Ainda segundo a FGM, prefeitos são obrigados a tomar decisões, que desagradam a população e “com a contrariedade de uma figura de dimensão nacional, como o presidente, agravam a problemática”. “Nenhum brasileiro, Estado ou Município é melhor do que o outro, por isso precisamos de um plano nacional de imunização efetivo e rápido. A transferência de responsabilidade compromete mandatos e afasta a verdade”, conclui.
CPI da Covid
Vale lembrar, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que a CPI da Covid protocolada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que investiga gastos da União com a pandemia, deve ser instalada nesta semana. A decisão foi acolhida após pedido dos senadores s Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Cidadania).
Nesta segunda (12), contudo, uma conversa divulgada entre Kajuru e Bolsonaro (no fim de semana) mostrou o presidente xingando Randolfe e pedindo ao goiano para ampliar o escopo da CPI, para atingir prefeitos e governadores. “Se você [Kajuru] não participa [da CPI], vem a canalhada lá do Randolfe Rodrigues para participar e vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desses”, disse o presidente em áudio divulgado nesta manhã, na Rádio Bandeirantes – a conversa, inclusive, rendeu um pedido do Cidadania para Kajuru procurasse outra sigla.
Desta forma, uma segunda CPI da Covid – pelo senador Eduardo Girão (PSL-CE) -, que inclui Estados e municípios, colhe assinaturas no Senado. Os goianos Vanderlan Cardoso (PSD) e Luiz do Carmo (MDB) já assinaram.
Confira a nota na íntegra:
A Federação Goiana de Municípios toma conhecimento das declarações proferidas pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre o pedido de inclusão de Estados e Municípios na CPI das Vacinas, com muito pesar. Os Gestores municipais estão sofrendo, sistematicamente, com ataques que não consideram o trabalho e as dificuldades enfrentadas pelos Prefeitos e Prefeitas. O municipalismo está preocupado com as indefinições por parte do Governo Federal. Em muitos Municípios de Goiás, as administrações não estão conseguindo fazer frente às medidas necessárias para sairmos deste pico da pandemia.
Por isso, o movimento municipalista clamou apoio ao Congresso Nacional, para implementação, sob a coordenação do Governo Central, de ações a serem adotadas daqui para frente. Nenhum Prefeito ou Prefeita toma medidas preventivas com alegria, estamos sendo bombardeados e pressionados, vide que são orientações de departamentos de vigilância sanitária. Quando alertados de um fato tecnicamente, e o Gestor não toma providência, é ele que incorre em crime de responsabilidade, pois não poderá alegar desconhecimento do problema.
Os Prefeitos são obrigados a tomar decisões, as quais desagradam a população e com a contrariedade de uma figura de dimensão nacional, como o Presidente, agravam a problemática. Jair Bolsonaro descredita as medidas de restrições e em algumas oportunidades responsabiliza os Gestores, não colaborando com o trabalho árduo frente as administrações públicas. Precisamos de seriedade, menos ataques, somar esforços. Nenhum brasileiro, Estado ou Município é melhor do que o outro, por isso precisamos de um plano nacional de imunização efetivo e rápido. A transferência de responsabilidade compromete mandatos e afasta a verdade.