7 DE SETEMBRO

Guedes diz que Bolsonaro pode ter passado dos limites em fala, mas não em ações

Na avaliação do ministro Paulo Guedes (Economia), Bolsonaro (sem partido) pode até ter passado dos…

Veja as mudanças na reforma administrativa realizadas até agora
Veja as mudanças na reforma administrativa realizadas até agora (Foto: Fábio Pozzebom/ABr)

Na avaliação do ministro Paulo Guedes (Economia), Bolsonaro (sem partido) pode até ter passado dos limites em palavras no feriado de 7 de Setembro (Dia da Independência), mas não em ações. A fala foi dada após questionamento de investidores internacionais nesta sexta (10), em evento virtual promovido pelo banco Credit Suisse.

Ainda segundo Guedes, Bolsonaro faz o “máximo que pode” para jogar as regras do jogo. A informação é do portal Metrópoles.

“O que aconteceu no Brasil nos últimos dias? Milhões, centenas de milhares de pessoas foram às ruas celebrar pacificamente, sem violência, todas vestidas de verde e amarelo. Isso é novo na política brasileira. Todas acenando bandeiras. Uma pacífica celebração da democracia, de um lado”, iniciou uma resposta.

“Do outro lado, atores – e especificamente o presidente – podem ter ultrapassado [os limites] em palavras. Mas e sobre as ações? O presidente nunca ordenou nada para ser preso [sic], nunca transgrediu nada no front fiscal. O presidente está tentando [fazer] o máximo que pode para permanecer nas quatro linhas, para não sair das regras do jogo”, completou Guedes.

Para o ministro, uma coisa coisa é manifestar sua opinião sobre como instituições estão funcionando, enquanto outra é conclamar pessoas para a violência. “Se há algum erro ou mal-entendido sobre isso, o presidente mesmo ontem fez uma nota dizendo que ‘não estou fazendo nenhum movimento contra a Suprema Corte, o Congresso ou outro Poder constitucional; eu posso ter derrapado aqui e ali em palavras, mas nunca em ações’.”

Declaração à nação

A declaração de Bolsonaro, que teria sido feita após o ex-presidente Michel Temer (MDB) mediar uma conversa do gestor federal com o ministro Alexandre de Moraes, foi vista como reação pós-isolamento do político, após reflexos negativos do 7 de Setembro, Dia da Independência.

Bolsonaro tem travado uma guerra com o STF, sobretudo com Moraes, após o ministro incluí-lo no inquérito das Fake News. Na declaração, contudo, ele fez um mea-culpa ao dizer que costuma ser contundente no “calor do momento e dos embates que sempre visaram o be3m comum”.

Confira na íntegra:

“Declaração à Nação

No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:

1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.

2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.

3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de ‘esticar a corda’, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.

4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.

5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.

6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.

7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.

8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.

9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.

10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.

DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA”

Jair Bolsonaro
Presidente da República federativa do Brasil

Apesar do recuo de Bolsonaro, o Brasil realiza no dia 12 de setembro um manifestação nacional pró-impeachment de Bolsonaro (sem partido). Em Goiânia, o ato acontece em frente a sede da Polícia Federal, às 15h. Os eventos pelo País foram convocado originalmente pelo Movimento Brasil Livre (MBL), mas contará com diversas outras siglas.

Marco Berquó, um dos porta-vozes do MBL em Goiânia, aguarda cerca de 4 mil pessoas nas manifestações da capital. Segundo ele, não serão aceitos atos violentos que contrariam o bom-senso e harmonia.

‘’Nós sairemos às ruas para derrubar um governo, como já fizemos antes. Todos àqueles, independentemente de partido ou convicção política, que estão cansados das declarações antidemocráticas de Bolsonaro, e descontentes com os preços dos bens e serviços, deverão comparecer no dia 12 de setembro, às 15h, na sede da Polícia Federal, em Goiânia’’, afirmou.

Ainda segundo ele, os manifestantes não querem nem o atual líder do Executivo Federal e nem o ex-presidente Lula – polarização que pode ocorrer em 2022.

PT fora das manifestações de 12 de setembro

Presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffman (PR) disse ao Poder360, na quarta, que o partido não estará nas manifestações do dia 12. Segundo ela, a legenda não foi convidada para os atos convocados pelo MBL.

Essas manifestações já estavam sendo convocadas pelo MBL. Nós não estamos convocando. Também não temos problema nenhum com quem vai participar e não proibimos a participação. […] Nós precisamos reunir o campo democrático e fazer uma construção conjunta. O principal é isso. Não é uma adesão, mas um caminhar conjuntamente. Caminhar ao lado das forças que querem defender a democracia”, disse.

O evento, destaca-se, é visto uma chance de movimentação para a 3ª via na disputa presidencial do ano que vem. Além de Ciro Gomes, nomes como dos governadores João Dória (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS), além do ex-presidente Michel Temer (MDB) e outros, fazem parte deste grupo.