ENTREVISTA

Indefinição das bases de Caiado e Roberto Naves favorece PT em Goiânia e Anápolis, diz Otoni

Uma das principais lideranças do PT em Goiás, o deputado federal Rubens Otoni enxerga nas…

Líder petista organiza ato para análise do cenário eleitoral em Anápolis
Rubens Otoni (PT-GO), deputado federal (Foto: Agência Câmara)

Uma das principais lideranças do PT em Goiás, o deputado federal Rubens Otoni enxerga nas dificuldades que o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e o prefeito Roberto Naves (Republicanos) em chegar a um consenso em suas bases para as eleições em 2024, tanto em Goiânia, como Anápolis, vantagens para os petistas consolidarem seus projetos, nos dois maiores colégios eleitorais de Goiás.

Enquanto o PT já trabalha os nomes da deputada federal Adriana Accorsi, em Goiânia, e do deputado estadual Antônio Gomide, em Anápolis, Caiado e Roberto Naves demonstram dificuldades. “Vejo que há dificuldades, tanto em Goiânia como Anápolis, onde os possíveis partidos que possam vir a disputar conosco ainda tem dificuldades na definição de seus nomes. Isso conta a favor das nossas candidaturas”, destaca.

Em Goiânia, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) fala em discutir a candidatura a partir de fevereiro. Filha de Iris Rezende, a advogada Ana Paula Rezende (MDB) era seu plano A para a disputa mas desistiu da corrida ainda no ano passado. Chegou a sondar Jânio Darrot (MDB) para o pleito e recentemente colocou um “freio” na pré-candidatura de Bruno Peixoto.

Já Roberto Naves (Republicanos), em Anápolis, faz mistério em que terá seu apoio nas eleições. Chegou a sondar o deputado federal Major Vitor Hugo (PL) e vê o seu vice Márcio Cândido (PSD) fazer movimentações para tentar se viabilizar. Entre sua base de apoio, há também a pré-candidatura do ex-presidente da Câmara dos Vereadores, Leandro Ribeiro (PP). Considerando ainda o voto conservador, há a pré-candidatura do suplente a deputado federal Márcio Corrêa (MDB) que pode dividir o eleitorado.

Rubens Otoni avalia que no campo das alianças, o PT conversa com inúmeros partidos que estão na base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – não só para Goiânia, “mas nos 246 municípios”. “Eu cito o PSD, como exemplo, mas isso serve para outras legendas que fazem parte do Governo Federal. O PP faz parte, o PSB, o MDB… São partidos que fazem parte da gestão do presidente Lula e podemos dialogar. Não quer dizer que faremos aliança, mas vamos dialogar”, destaca.

Leia a entrevista na íntegra com o deputado federal Rubens Otoni:

Domingos Ketelbey: A deputada federal Adriana Accorsi tem defendido que o PT fure a bolha da esquerda e faça alianças com partidos de outros espectro ideológicos.  Como estão essas conversas?

Rubens Otoni: O PT já tem uma orientação nacional que é sempre seguida em Goiás. Agora, a orientação para 2024 é que podemos dialogar com os partidos que defendem nosso projeto nacional. Os partidos que apoiam ou participam do governo do presidente Lula estão no rol dos partidos que podemos dialogar. Aqui em Goiás, a direção estadual vai coordenar esse processo. Em fevereiro e março teremos orientações especificas para os municípios. 

Nesse sentido de ampliar o palanque surgiu uma especulação de diálogo com o PSD, do senador Vanderlan Cardoso…

Rubens Otoni: Temos com o PSD diálogos de lideranças. Eu visitei o senador Vanderlan como já fiz com inúmeros outros parlamentares de outras legendas em Goiás e vamos continuar fazendo isso. Quando nós dialogamos não é especificamente para Goiânia. A aproximação, por exemplo, com o senador Vanderlan, é para construir pontes nas eleições municipais onde for possível. Algum município que não é possível? Tudo bem, respeitamos a realidade, mas em vários outros podem ser possíveis visto que o PSD está no grupo de partidos que apoiam o governo do presidente Lula.

E é uma conversa que busca uma aliança?

Rubens Otoni: É uma conversa para dialogar em todos os lugares em que estivermos disputando eleição. Em algum município podemos buscar o apoio do PSD, em outro podemos dar o apoio ao PSD. Estou citando o PSD mas isso serve para outras legendas que fazem parte do Governo Federal. O PP faz parte, o PSB, o MDB… São partidos que fazem parte da gestão do presidente Lula e podemos dialogar. Não quer dizer que faremos aliança, mas vamos dialogar.

Esses partidos citados – PP e MDB –  estão na base do governador Ronaldo Caiado.  Isso não pode atrapalhar as conversas?

Rubens Otoni: O PT dialoga e tem maturidade para conversar com quem pensa diferente e respeita o pensamento daqueles que não queria dialogar conosco. Vamos abrir o diálogo e buscar até o último momento. Para uma ação unificada precisa ter o entendimento dos dois lados mas a abertura do diálogo, temos.

O PT trabalha com algum tipo de monitoramento de nomes que podem ser competitivos nas eleições? 

Rubens Otoni: O PT vai fazer essa leitura pelo diretório regional. Em Goiânia e Anápolis temos candidaturas competitivas. Em Aparecida, o desafio no meu entendimento o desafio é retornarmos a Câmara Municipal se possível com dois ou três vereadores e fazer uma composição com o atual prefeito.

O PT avalia que Anápolis e Goiânia são as cidades emque o partido tem mais nomes competitivos?

Rubens Otoni: Nesse primeiro momento, Goiânia e Anápolis são as duas cidades importantes do cenário político estadual em Goiás  e onde o PT tem candidaturas competitivas. A medida que estamos competitivos, vamos buscar apoiamentos para esses nomes. Outros municípios também vamos dialogar com outros partidos desde que sejam competitivas e também dispostos a fazer a defesa do presidente Lula.

Em 2020, Antônio Gomide também liderava o pleito mas viu uma virada ao longo do segundo turno das eleições. Como o PT se prepara para que o cenário não se repita?

Rubens Otoni: Estamos trabalhando para chegarmos a uma composição sólida no primeiro turno. Estamos dialogando com respeito e responsabilidade aos vários partidos e lideranças políticas para compormos um Grupo de Trabalho que nos dê para retaguarda importante para o processo eleitoral no primeiro turno e também para uma possível administração caso venhamos a ganhar a eleição. Queremos de maneira madura construir um grupo político amplo e com várias lideranças para que o PT não fique isolado como ficou em 2020.   

Pesquisas indicam que o governador Ronaldo Caiado vêm com uma força eleitoral muito grande para o pleito. É um fator que o PT está avaliando?

Rubens Otoni: Eu acho que é preciso ter cuidado com as avaliações. Uma coisa é dizer que um governo está sendo bem avaliado, outra coisa é dizer que o eleitorado vai escolher o prefeito baseado na vontade do governador. Acredito que isso não existe. Tradicionalmente, não há essa tendência do eleitorado votar cegamente num candidato votado em alguém, seja quem for. A tendência é o eleitorado votar nas propostas e ideias, além da identificação dos candidatos com os problemas e desafios que o município tem. Não vejo nenhuma dificuldade no cenário de Goiânia e Anápolis para construir candidaturas competitivas.

Ao mesmo tempo, tanto ele como Roberto Naves parecem ter tido dificuldades em definir um nome nas suas respectivas bases…

Rubens Otoni: Vejo como um lado positivo para nós a dificuldade do adversário de poder guiar e definir sua estratégia e seus nomes. Vejo que há dificuldades, tanto em Goiânia como Anápolis, onde os possíveis partidos que possam vir a disputar conosco ainda tem dificuldades na definição de seus nomes. Isso conta a favor das nossas candidaturas.

Qual a prioridade do PT nas eleições municipais?

Rubens Otoni: O objetivo do PT na eleição é aumentar a representação nas prefeituras e nas Câmaras Municipais, onde tivermos candidatos competitivos vamos buscar apoio desses aliados do Governo Federal, quando não tivermos candidatos competitivos podemos dar apoio aos partidos. Vai depender sempre da realidade do município. Não há obrigatoriedade nem imposição da direção nacional.