POLÊMICA

Investigação revela aumento de mais de 1000% em contratos da prefeitura de Goiânia

Mais cedo, os contratos foram suspensos pelo prefeito Rogério Cruz

O delegado titular da Deccor, Francisco Lipari, explicou o suposto esquema criminoso (Foto: Divulgação - Polícia Cívil de Goiás)

A Operação Endrôminas que cumpriu 32 mandatos de busca e apreensão em órgãos da Prefeitura de Goiânia atingindo nomes do primeiro escalão da gestão do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) teve início em maio do ano passado e identificou contratos com salto de mais de 1000% do valor inicial a partir de aditivos contratuais. Os esclarecimentos foram dados pelo delegado titular da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), Francisco Lipari na manhã desta quinta-feira (21).

De acordo com Lipari, as investigações começaram em maio do ano passado, após denúncias de empresas que estariam sendo favorecidas em contratos de licitação com a Prefeitura de Goiânia. Isso porque por meio de aditivação nos documentos firmados, as empresas apresentaram ganhos exponenciais pelo mesmo serviço. “Os processo de licitação tinham como objetivo o fornecimento de materiais para construção e também para emulsão asfáltica”, explicou.

“As investigações apontam que após a vitória nos certames e uma vez delas declaradas vencedoras, aconteciam as aditivação dos contratos. O que consistia isso? O aumento da prorrogação do prazo e do objeto a ser entregue. O objeto entregue era aumentado exponencialmente assim como o valor e o prazo”, detalhou. 

Três empresas estavam na mira da Polícia Civil: Sobrado Materiais para Construção Eireli; Gyn Comercial e Atacadista LTDA e Comercial J. Teodoro LTDA. Os contratos firmados com essas empresas apresentaram saltos de mais de 1000% após a assinatura dos aditivos. Os documentos foram suspensos por determinação do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) nesta quinta-feira (20).

Denes Pereira no centro das investigações

Entre os nomes do primeiro escalão citados, além de Alisson Borges, presidente da Comurg que já foi afastado e apresentou sua carta de renúncia na tarde desta quarta (20), estavam o presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), Luan Alves e o secretário de Infraestrutura, Denes Pereira que já havia passado pela Secretaria de Administração na gestão Rogério Cruz (Republicanos) e foi presidente da Comurg, entre 2017 e 2019.

De acordo com as investigações, as três empresas apresentaram saltos nos contratos de mais de 1000% a partir do momento em que Denes Pereira assumiu a Secretaria de Administração da Prefeitura de Goiânia. “O que sabemos é que após a função dos secretário aos cargos de administração e Infraestrutura o valor dos contratos aumentou exponencialmente. Saltou praticamente 1000% dos valores praticados antes. Isso chamou atenção da Polícia que passou a investigar todos os processos de licitação e de execução dos contratos”, salientou Lipari.

Por meio de nota, a Secretaria de Infraestrutura destacou que o aumento dos contratos estavam associados a dois fatores: a retomada de obras após o período da Covid-19 e o programa Goiânia Adiante. Também destaca que a maior parte das investigações miram a Comurg e não focam em Denes Pereira.

Veja a nota na íntegra:

-Documento da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção, da Polícia Civil, informa que 87,5% dos contratos investigados pela operação foram firmados com a Comurg, portanto, sem relação com o secretário Denes Pereira, da Seinfra.

-As licitações realizadas pela Prefeitura de Goiânia são, em sua maioria, geridas pela Secretaria Municipal de Administração (SEMAD), exceto as da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e Comurg.

-O aumento no número de contratos coincide com a gestão do secretário Denes Pereira  à frente da Seinfra, uma vez que o Programa Goiânia Adiante, que lançou obras de infraestrutura em todas as regiões da capital, foi lançado em outubro de 2022. 

-O período coincide também com a retomada de investimento em obras e serviços após a pandemia de Covid-19.