EDITORIAL

Luta por liberdade deve marcar o Dia da Imprensa no Brasil (1°/6)

O posicionamento do Governo Federal expresso pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) ao…

Manifestações que pedem totalitarismo no Brasil são cada vez mais comuns e a imprensa já paga o preço (Foto: Marcos Corrêa/PR)
Manifestações que pedem totalitarismo no Brasil são cada vez mais comuns e a imprensa já paga o preço (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O posicionamento do Governo Federal expresso pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) ao participar de mais uma manifestação permeada de reivindicações antidemocráticas, neste domingo (31/5), não deixa dúvidas: o Poder Executivo, em nível nacional, não só é conivente com bandeiras e movimentos fascistas, mas também os apoia. A crescente onda de violência contra jornalistas, sobretudo em Brasília, e suas últimas declarações quanto a investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) e Supremo Tribunal Federal (STF) constituem abalos aos frágeis e recentes pilares do Estado Democrático de Direito, à Constituição Federal e à Democracia.

Primeiro de helicóptero, depois à pé e, então, à cavalo, o presidente foi ao encontro de apoiadores que empunhavam faixas que clamavam por uma nova intervenção militar, fechamento do Congresso Nacional e STF, em Brasília. O flerte de Jair com as pautas da extrema direita concede, ao longo de todo o mandato, tranquilidade suficiente para que alguns grupos formados por seus apoiadores exibissem, em São Paulo, bandeiras de setores ultranacionalistas ucranianos, publicamente conhecidos por seus elos neonazistas.

Não bastasse a explicitude da defesa dessas parcelas sociais pela implantação de um regime totalitário no Brasil, o país ainda teve que assistir, estarrecido, no último sábado (30), a marcha dos autointitulados 300 do Brasil, que embora fossem cerca de 30 pessoas, chamaram atenção com tochas e máscaras pela alusão a movimentos supremacistas brancos de extrema direita, como o da Ku Klux Klan, nos Estados Unidos, e apoiadores do Nazismo, na Alemanha, em meados da década de 1930. Liderados pela blogueira investigada por disseminação massiva de fake news, Sarah Winter, fizeram ataques pessoais ao ministro do Supremo Alexandre de Moraes e ao próprio Tribunal.

Diante desse protótipo de autoritarismo à brasileira, o Jornalismo – que nesta data completa 212 anos no Brasil – se expõe, mesmo durante a pandemia de coronavírus, e cobra explicações, à despeito das tentativas de fazer com que a imprensa se cale. Quando a mídia se silencia ou é silenciada, aos moldes da Ditadura Militar posta em prática com o Golpe de 1964, quem perde é a sociedade, uma vez que agentes públicos ficam desobrigados a dar satisfações sobre os serviços por eles desempenhados.

Nesse contexto atribulado, é imperativo que jornalistas e comunicadores de modo geral defendam o regime democrático, reafirmem a importância de seu trabalho, assim como o direito de desempenhá-lo sem que se tornem vítimas de agressores e perseguições. Na história recente do Brasil nunca foi tão clara a necessidade de se invocar os poderes da Constituição Federal para fazer valer o seu artigo 220, o qual versa sobre a Liberdade de Imprensa.

A Liberdade tem um só lado e este é o da Democracia.

Hugo Oliveira
Editor do Portal Mais Goiás