CPI DA COVID

Mayra Pinheiro nega que foi informada sobre a falta de oxigênio em Manaus

A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro,…

Capitã Cloroquina esteve entre 3 a 5 de janeiro deste ano na capital amazonense para o lançamento do aplicativo TrateCov
Vídeo com a conversa foi obtido pela CPI na quebra de sigilo da servidora Mayra Pinheiro (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, disse, durante depoimento à CPI da Covid, que não foi informada sobre a possível falta de oxigênio em Manaus (AM). Ela esteve na capital amazonense entre os dias 3 a 5 de janeiro deste ano.

“Não [recebeu informação] Durante o período em que estive lá, participei de visitas aos hospitais. Nenhuma informação durante o período em que estive lá. Em Manaus, em uma situação extraordinária de caos, onde nós não temos noção de quantos pacientes vão chegar ao hospital, é impossível se fazer uma previsão de quando vai usar a mais. O que eles tiveram foi uma constatação, passaram de 30 mil metros cúbicos para 80 mil”, afirmou a secretária.

Além disso, a secretária culpou a gestão municipal sobre a rápida contaminação da doença e sobre o caos observado na cidade no início desse ano. Ela alegou, ainda, que os pacientes que estavam com Covid-19 eram colocados nas mesmas alas hospitalares  dos que não tinham a doença.

Mayra esteve em janeiro na capital amazonense para o lançamento do aplicativo TrateCov, Mayra disse que se tratava de um protótipo e que o mesmo foi retirado do ar para passar por investigação após ser hackeado. A secretária disse que o aplicativo foi validado e embasado em um estudo internacional e que a criação partiu da secretaria comandada por ela.

Porém, o presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD-AM), a questionou sobre o porquê do aplicativo não retornar, já que havia a certeza que a plataforma salvaria vidas. Entretanto, Mayra não respondeu as colocações.

Tratamento precoce

Mayra negou em depoimento que o Ministério da Saúde nunca recomendou o tratamento precoce contra a Covid-19, mas, sim, que a pasta deu orientação aos médicos para livre arbítrio, com o consentimento dos pacientes.

“O Ministério da Saúde nunca indicou tratamentos para a Covid. O Ministério da Saúde criou um documento juridicamente perfeito, que é a nota orientativa número 9, que depois virou a nota 17, onde nós estabelecemos doses seguras, onde os médicos pudessem utilizar medicamentos, com o consentimento de pacientes, de acordo com o seu livre arbítrio”, afirmou a secretária.
O tratamento precoce é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e consiste em medicamentos sem eficácia comprovada contra Covid-19, como cloroquina e hidroxicloroquina. Mayra, inclusive, é conhecida como “Capitã Cloroquina” pela sua defesa com esses medicamentos.
Entretanto, ao ser questionada pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre possível pressão por parte do presidente para defesa do medicamento, Mayra negou que isso tenha acontecido. “Nunca recebi ordem, e o uso desses medicamentos não é uma iniciativa minha pessoal”, disse a secretária.

OMS

Mayra teceu algumas críticas à Organização Mundial da Saúde (OMS), dizendo que a organização errou algumas vezes. “O Brasil não é obrigado a seguir as orientações da OMS. Se assim fizesse, teria falhado como a OMS falhou diversas vezes.”