Eleições 2020

Movimento socialista originado em atos de 2013 tem pré-candidato ao Paço

O recém criado partido Unidade Popular (UP), tem pré-candidato a prefeito de Goiânia. O estudante…

O recém criado partido Unidade Popular (UP), tem pré-candidato a prefeito de Goiânia. O estudante de Economia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e motorista de aplicativo, Fábio Júnior, de 24 anos, é o nome da sigla na disputa ao Paço Municipal. Até o momento, outros 14 pré-candidatos já se apresentaram para o pleito municipal. A UP surgiu a partir de demandas populares nas manifestações e atos políticos de 2013 e é ligado a movimentos que atuam em defesa da moradia.

Fábio Júnior faz uma crítica à esquerda que atua em Goiânia. Para ele, outros partidos do segmento têm pouco lastro social e não possuem engajamento relevante junto aos grupos de maior vulnerabilidade social. Ele ressalta que a ideia da UP é de oferecer uma candidatura mais popular para a cidade.

“A esquerda de Goiânia tem pouco lastro social. Embora eu seja estudante, o meu contato maior são pessoas que estão em situação de vulnerabilidade, que estão lutando por casas, por alimentação mesmo. A nossa ideia é ter uma candidatura de caráter mais popular. A gente vê que a esquerda de Goiânia tem pouco contato com esse público, ficando mais restrita às academias e classe média, enquanto o contato é pequeno com a população mais pobre.

Pandemia

O pré-candidato defende um modelo de reorganização da cidade com ocupação de áreas ociosas ao Centro que venham beneficiar a população. Ele discorda dos modelos habitacionais que levam as pessoas para lugares distantes, sem nenhum tipo de infraestrutura básica e sem oportunidade de geração de renda. Fábio ainda criticou as desocupações feitas em um momento de pandemia, como foi o caso na Ocupação Residencial São Marcos.

“[Nossa ideia é promover] ocupação das áreas ociosas mais próximas ao centro para incluir as pessoas e não o contrário. Sobretudo neste período de pandemia, vejo muitos erros como a prefeitura fazendo desocupações como lá no São Marcos, colocando o pessoal na rua, no meio de uma pandemia, as pessoas já em dificuldade e sendo expulsas. É algo que não vejo como respeito à população”, argumentou.

Assim como outros 14 pré-candidatos ouvidos pelo Mais Goiás sobre o enfrentamento do novo coronavírus, Fábio Júnior entende que faltou à prefeitura mais ousadia em tomar medidas, já que permaneceu, segundo ele, “à reboque” de decretos estaduais. Ele ressalta ainda que a Prefeitura de Goiânia deveria ter desenvolvido políticas sociais mais efetivas no período.

“Eu acho que a Prefeitura de Goiânia tem tido posições apagadas. Em grande parte, apenas respaldou a decisão do governo (estadual), mas de maneira autêntica vi que faltou um papel mais decisivo, ficando à reboque. Faltou uma postura mais efetiva diante do isolamento social, que desenvolvesse políticas públicas, para existir um lockdown, com auxílio mínimo da população. Também faltou um processo de testagem mais efetiva. Eu vejo que em Goiânia as medidas foram tímidas”, disse.

Origem

O nome da legenda é inspirado na Unidade Popular Chilena, que veio de uma coalizão de partidos de esquerda que se uniram para apoiar Salvador Allende nas eleições de 1970. Fábio Júnior argumenta que os partidos que atuam em Goiânia estão afastados das demandas de rua.  Como a Direita cresceu, a tentativa é de buscar espaço e apresentar alternativas.

O pré-candidato avalia que as manifestações de 2013 tinham várias demandas como investimentos em Saúde, Educação e Transporte Público, mas que em diversos lugares, pouco se materializou. Ele cita que em Goiânia, uma das vitórias foi a criação do Passe Livre Estudantil.

“Eu acho que muito se deu por conta do que aconteceu em 2013, com grande parte da Esquerda. Alguns partidos aquela época viam as manifestações como um levante de Direita e não participavam das mobilizações das pautas. Nós, por outro lado, vimos que era uma mobilização popular, bastante heterogênea, o que poderia unir era uma agenda de serviço público”, destacou.

A UP foi fundada em 2016 e aos poucos foi se organizando para o processo de registro. Foram obtidas 497 mil assinaturas em 15 estados, o que liberou o trâmite do registro. A lei exige pelo menos 492 mil assinaturas, o equivalente a 0,5% do total de votos válidos para a Câmara dos Deputados.