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MP pede a cassação do prefeito e vice-prefeito de Santa Cruz por captação ilícita de votos

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) pediu a cassação do prefeito de Santa Cruz de…

prefeito Ângelo da Paz (à esquerda) e o vice-prefeito, Cláudio Tavares (à direita)
MP pede a cassação do prefeito e vice-prefeito de Santa Cruz por captação ilícita de votos (Foto: divulgação - prefeitura de Santa Cruz de Goiás

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) pediu a cassação do prefeito de Santa Cruz de Goiás, Ângelo Natal da Paz (DEM), e do vice-prefeito, Cláudio Ferreira Tavares (PSD), por suposta captação ilícita de votos durante o período eleitoral de 2020. Além deles, a investigação também afeta Esley Augusto Dâmaso e Patrícia Teodoro Arantes Dâmaso – que era candidata a prefeita da cidade na mesma época.

Além da cassação do prefeito de vice-prefeito, o MP pede que haja aplicação de multa eleitoral e que todos os envolvidos sejam considerados inelegíveis por oito anos.

De acordo com o MP, entre setembro e novembro do ano passado, Esley e Patrícia se uniram com Ângelo e contrataram um homem para realizar serviço de cascalhamento de curral e de estradas rurais, além de construção e limpeza de tanques de peixes de diversos proprietários rurais a cidade. Os serviços, segundo o órgão, foram feitos em troca de votos.

O documento do MP traz seis nomes de proprietários que teriam sido beneficiados. Consta nele que o contratado para a realização dos serviços chegava nas propriedades com uma retroescavadeira e outros bens necessários para a execução do serviço. Todo o trabalho feito era anotado em requisições, como forma de controle.

O que o prefeito e vice-prefeito de Santa Cruz de Goiás disseram

Consta nos autos que o prefeito Ângelo Natal alegou que é “impossível ter contratado os serviços em benefícios dos proprietários rurais em troca de votos para sua candidatura, bem como sequer anuiu com qualquer conduta nesse sentido, pelo simples motivo que, nas datas de execução dos serviços citadas nas requisições, a candidatura de Ângelo não existia”.

Segundo ele, a candidatura dele foi protocolada em 27 de outubro do ano passado, em substituição à então candidata Patrícia Teodoro.

O vice-prefeito, Cláudio Ferreira, alegou que a única referência que há em seu nome está na identificação dos sujeitos indicados para integrar o polo passivo da demanda, pois, em nenhum outro trecho da denúncia seu nome é mencionado. Para ele, está “absolutamente claro que nenhuma conduta lhe é amputada.”

Além disso, Cláudio alegou que a pessoa que está descrita como contratada para a realização dos serviços é apoiadora de um adversário político dele e de Ângelo. Destacou ainda que a empresa da esposa do suposto contratado sempre prestava serviços na época que esse adversário estava no poder e que a mesma teria recebido diversos serviços com dispensa de licitação.

Esley e Patrícia refutaram qualquer denúncia contra eles, tendo em vista que Esley não se candidatou a nenhum cargo público e Patrícia, embora tenha se lançado ao cargo de prefeita, desistiu do pleito em 23 de outubro de 2020.

Captação ilícita de votos

Apesar das alegações, o MP aponta que depoimentos e documentos comprovam a captação ilícita de votos ou, ao menos, a sua tentativa por parte dos investigados.

Uma das provas indica que Patrícia teria feito a contratação dos serviços nas propriedades rurais e que, mesmo após sendo substituída por Ângelo, os trabalhos continuaram com ” a nítida intenção de angariar votos”.

Requisições assinadas pelos beneficiados pelos serviços foram anexadas aos processos. Segundo o MP, os documentos expõem datas, horas e locais onde os trabalhos foram realizados.

O Mais Goiás não conseguiu contato com a defesa dos citados. O espaço permanece aberto para a manifestação.