ENTREVISTA

“O PSD não pode ficar refém de um nome só”, avalia Vanderlan sobre candidatura em Goiânia em 2024

Presidente do PSD em Goiás, senador Vanderlan Cardoso concedeu entrevista exclusiva ao portal

Senador Vanderlan Cardoso (Foto: Divulgação)
Senador Vanderlan Cardoso (Foto: Divulgação)

Cotado para disputar, pela terceira vez, a Prefeitura de Goiânia, em 2024, o senador Vanderlan Cardoso (PSD) diz em entrevista exclusiva ao Mais Goiás que sua candidatura está em processo de maturação. “É uma decisão que quero tomar de forma bem madura, pensada”, destaca. No entanto, reforça que há outros quadros dentro do seu partido e que o debate não pode ficar “refém de um só nome”.

Nesse sentido, o presidente do PSD coloca outros nomes à mesa: o deputado estadual Cairo Salim, o presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego), Francisco Júnior e também do deputado federal Ismael Alexandrino. “Ele está nos surpreendendo positivamente”, destaca sobre o último. 

Neste momento, Vanderlan Cardoso indica que pode mudar os planos e desistir da pré-candidatura. “Vai muito do momento e como vai estar. O que o eleitor está querendo? O que não pode é o PSD ficar só com um nome, ficar refém de um nome. Não pode ficar só com meu nome. Tem outros nomes importantes e isso prova a força do PSD”, reforça.

Vanderlan postula que há, hoje, uma reforma tributária que será pautada no Senado Federal e como presidente da Comissão de Assuntos Econômicos sente-se imbuído em promover maior debate sobre o texto. No entanto, não vai deixar de “intensificar o trabalho em todo Goiás, principalmente na região metropolitana de Goiânia, visando, se tudo der certo, a candidatura. “O objetivo é estarmos bem presentes na capital”, destaca.

O tempo para alianças ainda vai chegar. Como presidente de um partido de centro, revela que conversará com todas as forças partidárias que postulam interesse em participar de uma administração em Goiânia: do PL, do senador Wilder Morais, ao PT, da deputada federal Adriana Accorsi. Cita também, o PSDB, do ex-governador Marconi Perillo, e o União Brasil, do governador Ronaldo Caiado. 

“Presidente de partido não pode fechar as portas para ninguém. Presidente de partido não pode radicalizar. Esse também não é meu perfil de radicalismos e extremos”, salienta. “Nunca fui pelo lado do extremismo. Me dou bem com todos”, reforça. 

Leia a entrevista na íntegra com o presidente do PSD em Goiás, senador Vanderlan Cardoso:

Domingos Ketelbey: Estamos há um ano das eleições em 2024 e o seu nome sempre é lembrado. Como está o processo de formatação da sua candidatura a Prefeitura de Goiânia?

Vanderlan Cardoso: É uma decisão que quero tomá-la de forma bem madura, pensada. Não quero ser candidato de qualquer maneira, caso a gente tome essa decisão mais a frente. De forma madura e dialogando, conversando com partidos, dentro do meu partido, o PSD, isso será feito no ano que vem.

Tem conseguido se dividir entre a pauta no Senado, com a reforma tributária e as discussões sobre essa pré-candidatura?

Vanderlan Cardoso: Tenho uma responsabilidade muito grande frente a Comissão [de Assuntos de Econômicos], principalmente com a reforma tributária. Vamos dedicar nossos esforços e dedicar um pouco a esses projetos. A busca por chapas e candidaturas a prefeito e vice, vamos construir isso paralelamente numa agenda muito apertada. Não vou deixar de intensificar o trabalho em todo Goiás, principalmente na região metropolitana de Goiânia, visando, se tudo der certo, a candidatura estarmos bem presentes na capital.

Então é um fato que o PSD vai lançar candidatura em Goiânia e o senhor encabeçará essa disputa?

Vanderlan Cardoso: Quero ressaltar que o PSD não tem só o meu nome. O PSD tem o Francisco Júnior, presidente da Codego, inclusive já disputou a Prefeitura de Goiânia. Temos o Cairo Salim, muito bem votado. Mais de 40 mil votos nessas últimas eleições. Ele tem nome, peso, segmento. Não é amarrado só no nome do senador Vanderlan Cardoso. Tem outro nome que é importante, está nos surpreendendo positivamente que é o Ismael Alexandrino.

Há alguma dúvida que o senhor não irá disputar o cargo?

Vanderlan Cardoso: Vai muito do momento e como vai estar. O que o eleitor está querendo? O que não pode é o PSD ficar só com um nome, ficar refém de um nome. Não pode ficar só com meu nome. Tem outros nomes importantes e isso prova a força do PSD.

Com uma futura candidatura lançada, o senhor defende uma maior aproximação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o senhor apoiou nas últimas eleições ou com o presidente Lula, onde o PSD tem participação na base de sustentação petista?

Vanderlan Cardoso: O PSD é um partido de centro. Ele não fica entrando em brigas e discussões. Ele participa e ajuda nos projetos. O presidente Gilberto Kassab sempre nos deixou bem à vontade para defender projetos que achamos importantes. O PSD em Goiás sempre vai ser centro. No Brasil, também. O PSD compõe com partidos de esquerda e de direita, sem nenhum problema. Somos um partido de centro. O PSD tem três ministérios no governo Lula e ao mesmo tempo praticamente foi responsável pela candidatura do governador de São Paulo, que é muito ligado ao presidente Bolsonaro. O Kassab articulou e ajudou a montar a chapa do Tarcísio no Republicanos. Ele participa da administração e ajuda no governo Kassab. Não tem essa questão de caminhar com esse ou aquele [se referindo a Lula ou Bolsonaro]. ‘Qual o projeto interessante para o município, estado e país?’ É assim que o partido caminha.

Há alguma conversa para aliança com o PT encaminhada?

Vanderlan Cardoso: Não há nenhuma conversa e discussão sobre essa hipótese. Eu sou amigo de todos os correligionários do PT. O PT esteve na minha administração em Senador Canedo. Nessa eleição, não sentamos para conversar e nem falar sobre isso. O que saem por aí, são especulações que eu fico sem entender de onde partem porque eu realmente não conversei com ninguém sobre isso.

Quais as alianças mais ‘naturais’ para o PSD? Quais os partidos o senhor pretende conversar?

Vanderlan Cardoso: Eu como presidente do PSD, converso com todos os partidos. Todos que nos procurarem para conversar… Vai ter o momento em que vamos sentar para discutir a eleição de Goiânia com o PL, com o PT, com o PSDB, com o União Brasil e todos aqueles que estiverem interessados em discutir o projeto de Goiânia. Presidente de partido não pode fechar as portas para ninguém. Presidente de partido não pode radicalizar. Esse também não é meu perfil de radicalismos e extremos. Nunca fui, Domingos, por esse lado. Me dou bem com todos. Tenho conseguido êxito em Brasília com esse perfil. Tanto que presido uma das principais Comissões de Brasília. A gente consegue harmonia nas comissões aglutinando e dialogando com todas as alas do Senado, tanto de esquerda como direita. Vamos sentar para conversar com todos os partidos. 

Vai conversar com o PL então?

Vanderlan Cardoso: Estivemos juntos em 2022. Minha esposa é primeira-suplente do Wilder. A Izaura Cardoso é filiada ao PL. O Wilder é um grande amigo. Temos amizade com os deputados, com o Vitor Hugo. No momento certo, vamos conversar. Agora, não pode querer achar que eu quero ser candidato e o PL tem de deixar o seu projeto e me apoiar. Não é assim, isso tem de ser construído. O PL também tem bons nomes para a Prefeitura de Goiânia.

A declaração que o Gustavo Gayer deu dizendo que o PL não caminha com o senhor não pode atrapalhar esse diálogo?

Vanderlan Cardoso: O presidente do PL é o senador Wilder Morais. Não sei até que ponto uma declaração do Gayer tem validade. Na campanha de 2022 a chapa do PL foi viabilizada com a nossa participação. Wilder Morais, senador. Izaura Cardoso, 1ª suplente. O vereador de Anápolis, Hélio Araújo, 2º suplente. Vitor Hugo, governador e nós fomos decisivos para ajudar na composição dessa chapa para que o ex-presidente Bolsonaro tivesse palanque em Goiás.

Então vê chance de uma composição com o PL?

Vanderlan Cardoso: Eu não tenho que provar nada a ninguém do meu companheirismo e da participação além da forma como ajudei nessa chapa passada. Não fico remoendo porque perdemos em parte, porque fomos vencedores com o Wilder Morais. O Major Vitor Hugo também foi um grande vencedor, fez mais de meio milhão de votos. Quando se faz pesquisas, quem está em primeiro lugar é o major Vitor Hugo em Goiânia. Ele tem mais votos que o Gayer. 

Dizem que o ex-presidente Bolsonaro elegeu e faz questão que o candidato do PL seja o Gayer… O que o senhor acha disso?

Vanderlan Cardoso: Eu vejo até com naturalidade. O ex-presidente ele querer emplacar um candidato de Goiânia do PL. Mas esse candidato tem que se viabilizar. Não gosto de dar palpite em partido dos outros. O Wilder tem propriedade para falar sobre o partido. No momento certo, acho que o PL vai tomar sua decisão de candidatura. 

O Wilder me disse em uma entrevista que faz questão que o PL lance candidato mas que daqui para a eleição sugeriu que o senhor se filiasse ao partido. Já conversaram sobre isso?
Vanderlan Cardoso: Não. Acho que o Wilder tentou ser gentil na resposta que te deu (risos). Não teve essa conversa e eu acho que a ajuda para dar para o PL fizemos na eleição de 2022 com a construção daquela chapa. Apesar de não termos sido vitoriosos para o Governo, vencemos o Senado. Foi uma grande contribuição.