CÚPULA DO CLIMA

Para tentar ter credibilidade, governo precisa demitir Salles, diz deputado

"Problema é que a comunidade internacional não acredita no Bolsonaro", afirma Rubens Otoni

Para tentar ter credibilidade, governo tem que demitir Salles, diz deputado
Para tentar ter credibilidade, governo tem que demitir Salles, diz deputado (Foto: José Cruz)

“Para o governo tentar recuperar a credibilidade no debate ambiental na comunidade internacional, o primeiro passo é demitir o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que age na contramão de tudo que foi falado na conferência [da Cúpula de Líderes sobre o Clima]”, diz o deputado federal Rubens Otoni (PT).

Durante o evento desta quinta-feira (22), Bolsonaro (sem partido) destacou o Brasil na “vanguarda do enfrentamento do aquecimento global” e apelou por contribuições internacionais. A Folha fez uma checagem do discurso do presidente e apontou diversas informações que não procedem.

“O problema é que a comunidade internacional não acredita no Bolsonaro. O que ele fala não importa mais. Eles sabem que no outro dia ele pode fazer diferente”, declarou o petista ao Mais Goiás.

Segundo Otoni, o presidente “passou recibo da pressão e isolamento internacional. Fez uma fala defensiva como raro. E mentirosa como sempre”.

Ricardo Salles

Na quarta, um dia antes da Cúpula do Clima, nos Estados Unidos, a hastag #ForaSalles ficou entre as mais comentadas da rede social, após ser divulgada por diversas organizações ambientais. Já os apoiadores do chefe da pasta reagiram e levantaram a hastag “#FicaSalles”.

Em entrevista recente ao O Globo, delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, substituído após enviar uma notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente e senador Telmário Mota (PROS-RR) por favorecimento a madeireiros, reforçou a atuação de Salles. Segundo ele, nunca havia presenciado algo assim durante seus quase 18 anos na Polícia Federal.

Em maio do ano passado, Salles já tinha ganhado notoriedade por sugerir, em reunião ministerial, que o governo deveria aproveitar a atenção da imprensa na pandemia do novo coronavírus para aprovar “reformas infralegais de desregulamentação e simplificação” na área do meio ambiente e “ir passando a boiada“.

“Então pra isso precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de Covid e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, disse o ministro, segundo o documento divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), à época.