ENTREVISTA

Policarpo diz que assessorar Rogério Cruz não impede que seja candidato a prefeito

Romário Policarpo no entanto, diz que o momento é de pensar na cidade e discussão política fica para ano que vem

Romário Policarpo enquanto despacha de seu gabinete sob "olhares" do ex-prefeito Iris Rezende Machado (Foto: Domingos Ketelbey/Mais Goiás)

O presidente da Câmara dos Vereadores de Goiânia, Romário Policarpo (Patriota) não acredita que uma eventual candidatura ao Paço Municipal, em 2024 seja um fator impeditivo para fazer parte do Grupo de Assessoramento ao Prefeito, montado pelo publicitário Jorcelino Braga e em funcionamento há dois meses. “Uma coisa não tem nada a ver com a outra”, relata em entrevista exclusiva ao Mais Goiás.

Policarpo, no entanto, destaca que o desejo de ser candidato a prefeito de Goiânia se viabilize já no ano que vem. “O momento agora não é político. A política é para o ano que vem. O momento agora é de tornar a cidade efetiva e boa para a população que aqui mora”, pontuou durante a entrevista concedida em seu gabinete.

Romário nega que tenha deixado de assessorar Rogério Cruz. Classifica como “telefone sem fio” a notícia de que teria suspendido sua participação no Grupo de Assessoramento ao Prefeito. “Eu entendia que não havia a necessidade de tantas reuniões porque era um momento de tomada de decisões. Nós participamos de um grupo que aconselha mas a decisão final é do prefeito. O prefeito estava com um tempo para tomar suas decisões”, destacou.

Também destaca que a relação política com Rogério Cruz está pacificada e justifica as reiteradas críticas ao republicano justamente por conta do grau de intimidade que tem com o prefeito. “Na minha visão, são construtivas. Quando temos crises diversas e pouca gente tinha coragem de falar aquilo foi importante até para ele”, pondera.

Apesar do grupo assessorá-lo, Policarpo pontua que não tiveram nenhuma interferência na escolha do novo secretariado do prefeito Rogério Cruz. “Os nomes que compõe o alto escalão do prefeito Rogério Cruz são nomes indicados por ele. Pessoas ligadas a aliados que ele tem conhecimento. O que pregamos no GAP é mudança de postura”, crava.

Romário Policarpo em entrevista exclusiva ao Mais Goiás (Foto: Divulgação)

Leia a entrevista na íntegra do presidente da Câmara dos Vereadores, Romário Policarpo ao Mais Goiás:

Domingos Ketelbey: Como está sua relação com o Grupo de Assessoramento ao Prefeito?

Romário Policarpo: Continuo participando normalmente do grupo. O que às vezes acontece é o chamado telefone sem fio onde uma informação vai sendo repassada e acaba chegando num tom que é aquilo que gostaríamos. O que relatei, inclusive publicamente, é que algumas decisões precisavam ser tomadas de forma mais célere. O presidente Jorcelino Braga também fez essa avaliação. Inclusive, se você pegar ambas as avaliações verá que são semelhantes. Eu entendia que não havia a necessidade de tantas reuniões porque era um momento de tomada de decisões. Nós participamos de um grupo que aconselha mas a decisão final é do prefeito. O prefeito estava com um tempo para tomar suas decisões. Eu continuo neste grupo. O Rogério tem ouvido as sugestões que temos dado. Ele tem dado uma liberdade até maior que o grupo precisa para trabalhar. Obviamente, damos conselhos e obviamente aquilo que entendemos para Goiânia, mas a decisão final é do prefeito. 

Dois meses de aconselhamento. Qual é o diagnóstico até agora?

Romário Policarpo: A gente entendeu que a Prefeitura não conversava entre seus membros. Tínhamos várias secretarias traçando seus trabalhos sem uma conexão com o chefe do Poder Executivo. O sentimento que temos agora é que isso começa a ser resolvido. Temos uma Prefeitura para trabalhar com mais diálogo. Pregamos o tempo inteiro que as secretárias devem conversar entre elas porque o projeto não é de secretaria, é de governo. A tendência é que nos próximos meses isso fique cada vez mais evidente. A ideia do Mutirão é para evidenciar que as secretarias trabalham em conjunto, por exemplo. Com isso, você mostra que a Prefeitura tem um caminho só e não vários caminhos como tínhamos detectado.

Qual foi a participação do GAP na reforma administrativa anunciada pelo prefeito Rogério Cruz?

Romário Policarpo: Nenhuma. O GAP aconselha. Não toma decisões nem indica nomes. Os nomes que compõem o alto escalão do prefeito Rogério Cruz são nomes indicados por ele. Pessoas ligadas a aliados que ele tem conhecimento. O que pregamos no GAP é mudança de postura. Se em determinado momento o prefeito entende que o secretário não está caminhando com a administração, ele decide pela troca. O GAP não foi criado com intuito de fazer trocas na Prefeitura mas de fazer uma sintonia no trabalho. Trocas partem exclusivamente do prefeito Rogério Cruz.

Qual sua avaliação sobre as trocas?

Romário Policarpo: É dificil avaliar porque ainda não foi executado nada. Elas sequer foram nomeadas apesar do anúncio. Torço para que dêem certo. Tenho dificuldade de avaliar aquilo que ainda não aconteceu. O que posso te dizer é que claramente tínhamos problemas na cidade em diversas áreas. Não apenas nessas áreas mas em outras também e as trocas no entendimento do prefeito eram necessárias. 

Como está sua relação com o prefeito Rogério Cruz?

Romário Policarpo: Minha relação com ele sempre foi muito boa. Ainda que em alguns momentos distanciamentos políticos, minha relação pessoal com o prefeito Rogério sempre foi muito boa. 

Politicamente está pacificado?

Romário Policarpo: Politicamente, sim. Obviamente ele entende minha postura e eu continuarei da mesma forma. Se houver algo para criticá-lo, eu não farei apenas dentro de uma sala fechada. Farei publicamente. Ele também tem feito críticas quando vê necessidade. Eu o respeito como prefeito. Temos uma amizade pessoal. Talvez isso até fortaleça os vínculos. Quando se tem uma amizade, você tem a liberdade para tocar em pontos sensíveis que outros não teriam a liberdade. A minha relação com ele é muito boa…

As críticas então só são possíveis por conta da liberdade que o senhor tem com ele?

Romário Policarpo: Só é possível por conta dessa liberdade. Talvez eu tenha a liberdade de dizer coisas pra ele que outros não falariam. Na minha visão, são construtivas. Quando temos crises diversas e pouca gente tinha coragem de falar aquilo foi importante até para ele. O prefeito Rogério Cruz tem ouvido e dado respostas positivas aquilo que a gente cobra. Acho que a minha relação com ele é boa e continuará sendo boa independente dos caminhos tomadas por ele e por mim.

Sua participação no GAP chegou a ser questionada por alguns diante da possibilidade de uma eventual pré-candidatura sua a Prefeitura de Goiânia. Isso não cria um certo ruído no aconselhamento?

Romário Policarpo: Vou te dar um exemplo diante de um fato que ocorreu em 2019. Meu clube, o Vila Nova estava para cair de divisão. O Hugo Bravo era o nosso candidato a presidente. O presidente da época chamou o Hugo já no fechar das portas para tentar ajudar o clube a permanecer na Série B em 2019. Mesmo sendo candidato, o Hugo como ama o Vila Nova, aceitou o convite e fez parte de outra gestão. Posteriormente em 2020 veio a ser presidente do Vila Nova. Uma coisa não tem nada a ver com outra. Eu amo a cidade de Goiânia, trabalho por Goiânia diariamente e qualquer pessoa que me convidar para fazer parte de algo que é para o bem da cidade, farei parte. Isso não quer dizer que serei candidato no ano que vem, mas quer dizer que uma coisa não pode estar vinculado a outra. O momento agora não é político. A política é para o ano que vem. O momento agora é de tornar a cidade efetiva e boa para a população que aqui mora.

Mas o senhor tem esse projeto de ser prefeito?

Romário Policarpo: Nunca escondi que desejo ser prefeito de Goiânia. O momento, primeiro cabe a Deus, e cabe também a população da cidade. Muita gente tem o desejo de ser prefeito de Goiânia mas quem escolhe é a população. 

Atrás do senhor tem uma foto do Iris Rezende. Qual a importância do ex-prefeito na sua trajetória política?

Romário Policarpo: Só sou político por causa de Iris Rezende. Boa parte da minha personalidade política se deve ao aprendizado que tive com ele. Quando entrei na Prefeitura, sou servidor efetivo da Prefeitura, com menos de dois meses ele me chama para trabalhar com ele. Aprendi muito. Virei vereador por conta dele. Me tornei presidente da Câmara porque ouvi o conselho dele. Além dessa foto aqui, tenho boas recordações na minha casa de momentos que vivi com ele. Enquanto eu estiver vivo, vou defender o legado de Iris Rezende porque foi o maior político da história deste país.

Qual o seu projeto para o processo eleitoral do ano que vem?

Romário Policarpo: Eu tenho minha importância no cenário de Goiânia. Isso é um legado que vai aumentando dia após dia. O cenário está muito aberto com relação a possíveis candidaturas em 2024. Ainda não sabemos quais serão os atores. Há uma indefinição total. Acredito que eu tenha uma participação efetiva até porque temos aqui na Câmara dos Vereadores um grupo que pretendem andar juntos. Vamos escolher o melhor projeto junto a comunidade para que estejamos num bom projeto para a comunidade. Talvez a gente viva uma das eleições mais atípicas em 2024. Estamos próximos da eleição e você não consegue dizer nem quem é o candidato de fato. Vamos estudar para ver qual o caminho tomado. Obviamente, faremos parte do processo e do debate.