TENSÃO

Policiais Civis consideram paralisação caso não haja acordo em reajuste da data-base em Goiás

Com colaboração de Jéssica Reis Caso o governo de Goiás não consiga atender o Fórum…

Policiais Civis consideram paralisação caso não haja acordo em reajuste da data-base em Goiás
Policiais Civis consideram paralisação caso não haja acordo em reajuste da data-base em Goiás (Foto: Polícia Civil)

Com colaboração de Jéssica Reis

Caso o governo de Goiás não consiga atender o Fórum em Defesa dos Servidores e Serviços Públicos do Estado de Goiás no pedido de reajuste da data-base em 25,53% – ou chegar a um meio termo –, alguns segmentos do funcionalismo público do Estado podem parar, como o dos policiais civis. Vale lembrar, na quarta-feira (23) o secretário-geral da Governadoria, Adriano da Rocha Lima, apresentou aos representantes dos servidores a proposta de 5,5%, que não foi aceita.

Na ocasião, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Goiás (Sindipúblico), Nylo Sérgio, disse que uma nova reunião ocorreria no dia 3 de março. De acordo com ele, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) realiza uma consulta para verificar a possibilidade de chegar a outro número.

O reajuste de 25,53%, inclusive, “é o valor devido referente à perda salarial nos anos de 2018, 2019, 2020 e 2021”, informa Nylo.

Sinpol Goiás

O secretário adjunto do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol Goiás), Charles Pessoa, disse ao Mais Goiás que existe a possibilidade de paralisação da categoria, caso a proposta de 5,5% não seja revista.

“Pra que todos entendam, a data-base é uma reposição da inflação. Tem bastante reposição atrasada, mas cedemos e pedimos a reposição apenas do Governo Caiado. Isso é garantido por lei e todos os servidores públicos devem receber. Não é nenhum favor. Não é reajuste salarial, é reposição da inflação, já que tudo aumentou (gasolina, carne, etc) e isso ‘come’ nosso salário”, destacou.

Segundo ele, o governador Ronaldo Caiado (DEM) já tinha dito que não conseguiria pagar os cerca de 25%. Contudo, a categoria esperava um reajuste. “A arrecadação no atual governo teve aumento de 43%. A gente sabe que ele tem margem maior pra oferecer. Isso que nos revoltou.”

A possibilidade de paralisação, ele explica, é real. Porém, ela ainda precisa ser avaliada e decidida em assembleia, que não foi convocada. Charles lembra da reunião da próxima quinta (3) e diz esperar que o governador tenha “bom senso” e faça uma proposta “dentro da realidade”.

“Se insistir, a segurança pública também vai insistir na paralisação, vai gerar conflito no governo e nas corporações, o que não é nossa intenção.”

Proposta “desrespeitosa”

Para o presidente do Sinpol Goiás, Paulo Sérgio Alves de Araújo, a proposta de 5,5% é “indecorosa e desrespeitosa”. “Apresentar uma proposta de 5,5% é como um escárnio. Nenhum argumento do governo para pagar 5,5% por 4 anos sem data-base é válido. E ainda apresentam um valor bem aquém do que é reivindicado pelos servidores.”

Já segundo o presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos do Estado de Goiás (Assego), primeiro sargento da Polícia Militar (PM) Paulo Sérgio de Souza, os militares em Goiás acumulam prejuízos ao longo dos últimos 4 anos e, apesar do índice oficial ser de 25,53%, o real deve ser superior a 50% de defasagem. “Então, receber essa proposta de 5,5% é totalmente inaceitável. Inclusive, muitos receberam essa proposta como falta de consideração e valorização, falta de reconhecimento.”

Ele cita, ainda, que o governo frequentemente anuncia redução da criminalidade e que isso representa uma entrega “maior que a natural” dos PMs, que sofrem com a perda de efetivo, além dos prejuízos acumulados na data-base. “E ainda tivemos um número abismal de mortes entre policias por causa da pandemia da Covid-19, mais de 150.”

Apesar da Polícia Militar não poder fazer greve, ele afirma que nem sempre é possível impedir, quando a categoria está “a beira do desespero”. “Os policiais se sentem abandonados. Sem luta, o povo passará necessidade.”

Sem precisar o futuro, o presidente da Assego afirma que ocorrerão uma série de reuniões com agentes de segurança na próxima semana, nas quais todas as medidas cabíveis serão analisadas. O Mais Goiás também tentou contato com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), mas não teve retorno.

Presidente da Assego diz que índice real de defagem salarial supera o oficial, que é de 25,53%

Presidente da Assego diz que índice real de defagem salarial supera o oficial, que é de 25,53% (Foto: Divulgação)

Governo de Goiás

Por nota, o governo de Goiás, por meio de sua secretaria-geral de Governo, informou que continua a discutir de “forma aberta e transparente com o funcionalismo público o índice de reajuste salarial”. O texto lembra a primeira proposta de quarta e declara que toda a negociação ocorre “considerando a situação fiscal do Estado e as limitações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Eleitoral e pelo Regime de Recuperação Fiscal”.

Ainda segundo a nota, as conversações vão continuar nos próximos dias, “em busca de um consenso”.