Política

Por que Lira ameaçou Bolsonaro de impeachment?

Arthur Lira bateu duro em Jair Bolsonaro na última quarta-feira (24/03). Não sem motivos. Contudo,…

Aliados avaliam que presidente da Câmara pode ter dado tiro no pé ao dar sobrevida à questão Foto: divulgação - redes sociais)
Aliados avaliam que presidente da Câmara pode ter dado tiro no pé ao dar sobrevida à questão Foto: divulgação - redes sociais)

Arthur Lira bateu duro em Jair Bolsonaro na última quarta-feira (24/03). Não sem motivos. Contudo, causou estranheza. Afinal, Lira explicitamente apoiado pelo Palácio do Planalto para a presidência da Câmara dos Deputados. Logo, para entender o cenário, é preciso um olhar mais profundo para a compreensão do movimento. Leia o trecho mais forte do impactante discurso do parlamentar alagoano:

“Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável. Não é esta a intenção desta presidência. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política.”

Traduzindo, os tais remédios amargos por Lira citados são CPI e impeachment (sendo este o medicamento fatal).

O que está em jogo nessa pressão em cima de Bolsonaro é a lerdeza da vacinação no Brasil. E mais que isso: o discurso encampado pelo presidente em diversos momentos da pandemia contra a vacina. Foi um erro gigante embarcar nessa conversa fiada. Parece que ele se tocou da burrada que fez.

O apoio da população brasileira à vacina é expressivo. Os últimos levantamentos mostram que 85% do nosso povo defende a imunização. Essa pressão chegou nos deputados do Centrão. As bases dos parlamentares inundam as redes sociais dos eleitos com perguntas sobre vacina. E o deputado não tem o que dizer. Afinal de contas, o Ministério da Saúde é uma pasmaceira só. E o presidente, até bem pouco tempo, difamava a injeção mais desejada do Brasil.

O recado de Lira é, na verdade, o recado dos deputados que sofrem pressão dos eleitores dos rincões do Brasil. Bolsonaro acusou o golpe. Recebeu o presidente da Câmara ontem, levou o cara até o carro, disse que tem “zero problema” com Lira. Acredite quem quiser. O fato é que Bolsonaro engoliu a seco a ameaça de Lira. Justamente por saber que não tem como vencer essa queda de braço agora.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Reprodução