ENTREVISTA

Pré-candidata ao Senado, Denise Carvalho defende “resgate de direitos perdidos”

Pré-candidata ao Senado pelo PCdoB, a ex-deputada estadual por três mandatos Denise Aparecida Carvalho conversou…

Produtora diz que Denise Carvalho recebeu material de campanha, mas não pagou os trabalhos; candidata nega
Produtora diz que Denise Carvalho recebeu material de campanha, mas não pagou os trabalhos; candidata nega (Foto: Divulgação)

Pré-candidata ao Senado pelo PCdoB, a ex-deputada estadual por três mandatos Denise Aparecida Carvalho conversou com o Mais Goiás sobre sua pré-candidatura ao Senado, mas também acerca da federação e as articulações com partido aliados. Segundo ela, o partido irá referendar o nome do ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), professor Wolmir Amado, como postulante ao governo, pois sempre defendeu que o PT – como maior sigla da federação – indicasse o pré-candidato. Disse, ainda, que o PSB está afastado das conversas sobre aliança desde que o ex-governador José Eliton retirou a pré-candidatura. Confira a entrevista completa a seguir.

Entrevista com Denise Carvalho

Mais Goiás – Primeiro, por que você resolveu colocar no nome à disposição para o Senado?

Denise Carvalho – Foi o PCdoB que apresentou meu nome. Eu aceitei o desafio. O PCdoB, em abril, começou o debate interno para composição da chapa proporcional e majoritária, se reuniu comigo, colocou as propostas de pré-candidatura e me perguntou se eu aceitaria ser a pré-candidata na nossa federação.

O PCdoB apresentou meu nome na reunião da federação no dia 25 de abril, uma segunda-feira. Conversamos sobre a chapa e nessa reunião, o PT disse que discutia há meses o nome de Wolmir… Na reunião, também estava o PSB, que não é da federação, mas aliado. Na época, eles apresentaram o nome do ex-governador José Eliton para o governo.

No mesmo dia aceitei o desafio dessa missão para a gente ajudar o projeto nacional de Lula (PT). Aceitei mobilizar nossa experiência e história nesse desafio de resgatar o Brasil para o desenvolvimento, para o povo trabalhador. É um grande desafio para o campo democrático e popular.

Mais Goiás – A se confirmar sua candidatura, qual será a base do seu discurso?

Denise Carvalho – A nossa campanha programática ao programa que Lula-Alckmin lançaram, e que é maravilhoso. Ele tem 121 pontos, divididos em três eixos.

Primeiro, o resgate dos direitos, que demostra quantos temos perdido (o trabalhador, mulheres, comunidades). O segundo é o do desenvolvimento, que trata de não só retomar o que foi desmontado, como da construção civil (prejudicada pós Lava Jato), a Petrobras… Este não só propõe a retomada, mas avanço, um desenvolvimento de base tecnológica para colocar o Brasil na frente de forma socioeconômico ambiental. Já o terceiro eixo é da soberania e democracia, por causa do desmonte das instituições, ameaças ao STF. Então, o programa de governo é uma peça muito poderosa nessa campanha.

Mais Goiás – Cogitou também a Câmara ou a Assembleia, onde foi parlamentar?

Denise Carvalho – Foi me perguntado se toparia ser pré-candidata a federal ou estadual. Estadual eu já tinha dito que não via sentido, pois exerci três mandatos. Na época, nem quis disputar o quarto, pois encerrei em 2002 minha participação na Assembleia, que foi muito rica. Considerei que era importante a renovação.

Para federal, eu disse que se o partido tivesse a necessidade do meu nome em alguma área que as candidaturas pré colocadas não conseguissem trafegar… Mas a nossa chapa está tão completinha, tão boa, que não senti necessidade. Para Senado, a posição foi a mais acertada.

Mais Goiás – E quais seriam os nomes para federal e estadual?

Denise Carvalho – Para federal, eu se a federação tivesse a necessidade do meu nome em alguma área que as candidaturas pré colocadas não conseguissem trafegar eu poderia considerar… Mas a nossa chapa está tão completinha, tão boa, que não senti necessidade. Temos nomes de grande inserção social como o Rubens Otoni, a Adriana Accorsi, o Edward Madureira, o Valdir do MST, o professor Railton, o Arquidones Bites, entre outros.
Para Senado, posso ajudar mais o projeto como um todo e todas as candidaturas proporcionais. É a posição mais acertada.

(Foto: Divulgação)

Mais Goiás – O PT definiu Wolmir Amado como pré-candidato. O PCdB, que faz parte da federação, concorda com essa indicação?

Denise Carvalho – Nós desde o começo defendemos que a pré-candidatura ao governo dentro da federação deveria ser uma indicação do PT (não sendo esta feita por um aliado). O partido é o maior da federação e como vinha afunilando até chegar no nome de Wolmir Amado, o PCdoB vai referendar junto com o PT.

Desde 1989, o PCdoB caminha junto com o PT. Não só para a presidência, mas também para governo. Em todas essas ocasiões, o PT indicou o cabeça da chapa ao governo. O PCdoB já indicou nomes para Senado, para vice e participa da chapa majoritária. Apoiaremos o nome de Wolmir.

Mais Goiás – Você é pré-candidata ao Senado, assim como Cristiano Cunha (presidente do PV). A fim de comportar aliados de outras siglas você reveria sua pré-candidatura?

Denise Carvalho – É legítimo que outros partidos reivindiquem, mas queremos que a federação avalie a questão da representatividade, a experiência, quem poderia somar mais. Da parte do PCdoB achamos que meu nome pode ajudar sim as chapas majoritária e proporcional, e a campanha de Lula. Pelo meu trabalho, experiência, inclusive no Executivo – fui secretária de Ciência e Tecnologia e secretária da Mulher e Igualdade Racial.

A minha experiência pode ser muito favorável. Então, o PCdoB reafirma meu nome, mas aberto a se dialogar para construir um processo de plena unidade. Tanto nós quanto o PV não queremos a candidatura isolada. Estaremos todos juntos em uma única candidatura ao Senado (que tem duas suplências). Trabalharemos um consenso, o mesmo sobre a vice. E desse processo de debate sairá uma chapa só.

Mais Goiás – Ainda sobre Wolmir, não acha que essa decisão pelo nome dele foi tardia, visto que os nomes da direita já estão em pré-campanha há meses?

Denise Carvalho – De fato o tempo é muito curto. O tempo também foi o necessário para fazer os diálogos. Temos buscado desde o ano passado – Lula protagonista nesses esforço – ampliar os palanques. Só nesse ano se consolidou a aliança com o PSB, com Geraldo Alckmin na vice. Depois disso que se buscou o diálogo nos Estados.

O tempo é curto, mas estamos dentro do prazo das forças políticas do Brasil. Para nossa campanha que tem caráter popular, que precisa debater conteúdo em todas as comunidades, o tempo é muito curto. Para nós a eleição estadual é importante, mas sem resgatar o Brasil nada disso poderá fluir. A prioridade do projeto nacional está colocada. E aqui no Estado buscamos dentro do prazo a amplitude, envolver mais partidos.

Mais Goiás – E por falar em partidos aliados, como estão as conversas com o PSB, PSol, Rede e outros?

Denise Carvalho – Com o PSB, desde a retirada do nome de José Eliton, as conversas ficaram paradas. O nome dele estava colocado, o PT já tinha o nome, então nossa federação caminhou no sentido de aprovar o nome do Wolmir. Até agora estão paradas desde aquele momento. Com os demais, os próprios presidentes dos partidos saberão dizer melhor como está. Mas as conversas com o PSOL e a Rede sempre foram muito boas. Somos do mesmo campo, eles apoiam Lula. Até as convenções devemos alinhar.