Cena política

Proposta para retomar gestão da distribuição de energia para Estado apresenta problemas

Os deputados estaduais Bruno Peixoto (MDB) e Lissauer Vieira (PSB) devem apresentar, na tarde desta…

Proposta para retomar gestão da distribuição de energia para Estado apresenta problemas
Proposta para retomar gestão da distribuição de energia para Estado apresenta problemas

Os deputados estaduais Bruno Peixoto (MDB) e Lissauer Vieira (PSB) devem apresentar, na tarde desta terça-feira (19), na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), um projeto para retornar a gestão da distribuição de energia elétrica para o Governo de Goiás. A Enel é responsável por isso desde 2017. Juscimar Ribeiro, conselheiro seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) e especialista em Direito Administrativo vê problemas nessa medida.

“A primeira preocupação dessa lei é se está em consonância com a Lei Federal 8.987/95, a Lei das Concessões. Esta estabelece quais os procedimentos para fazer um concessão pública.” Já a segunda preocupação é porque a privatização foi concedida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ou seja, o Governo Federal. “O Estado já era um dos sócios minoritários à época.”

O artigo 1º do projeto de Lei prevê a rescisão do contrato de concessão nº 063/2000, que celebrado entre a Aneel e Celg. “Estão desconsiderando que se passaram 19 anos de vigência do contrato”, afirma o conselheiro da OAB-GO. “A vigência inicial era até 2015 e, em 2016, renovou por mais 30 anos.”

Já o artigo 2º, que diz: “Fica encampado o serviço público de distribuição de energia elétrica no Estado, por intermédio da empresa estatal Celg Geração e Transmissão S/A – Celg GT, até que haja uma nova licitação”, segundo o jurista, “desconsidera relações jurídicas estabelecidas” e, ainda, “desconsidera disposição da lei 8987/1995”.

Desta forma, Juscimar declara que o projeto apresenta sérios óbices jurídicos.

Questão prática

Segundo ele, a Enel não tem conseguido suprir as exigências dos goianos em face da ausência de investimento e mobilização de força de trabalho, em especial no período chuvoso. Apesar disso, o especialista em Direito Administrativo cita que a rede está e já estava sucateada.

Por outro lado, ele vê que o Estado tem reforçado, frequentemente ,as dificuldades econômicas. “Como vai assumir e fazer o investimento necessário, então? Me parece mais jogo de cena.”

Para ele, fica claro que a Enel tem problemas, mas a solução desta proposta visa mais agradar politicamente do que dar uma solução. “Mesmo que faça a encampação, o Poder Público tem que indenizar a Enel”, lembra.  “A ação da Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR), de multar, parece mais eficaz.”

Justificativa

Em entrevista ao Mais Goiás, o presidente da Casa, deputado Lissauer Vieira (PSD), disse que o projeto foi elaborado em razão da inércia da Enel na resolução de problemas referentes à distribuição de energia. “Nós ouvimos a demanda da população e tentamos dialogar com a Enel, por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e conversas entre o Executivo e a empresa. No entanto, não houve retorno. A empresa continua na inércia e na falta de compromisso com a população”, afirmou.

Segundo os autores, a intenção é realizar a encampação da Enel. Isto significa rescindir o contrato de concessão de distribuição energética firmado entre a empresa italiana e a Celg-D, em fevereiro de 2017. Com o fim do contrato, a distribuição de energia voltaria a ser de responsabilidade do Estado e seria feita pela da estatal Celg Geração e Transmissão (Celg-GT) até nova licitação.